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CRÍTICA: Fatal Frame (Gekijô-ban: Zero, 2014)

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2hxn8uxPor Júlio César Carvalho

Fatal Frame” é uma série de jogos de survivor horror sobrenatural que surgiu no PlayStation 2 em 2001. Com uma tal ‘Câmera Obscura’ como arma, o jogador(a) enfrenta fantasmas que cruzam seu caminho. O game até hoje é uma franquia de sucesso, tendo a sequência mais recente lançada para o Nitendo Wii U. Ano passado, ganhou livro e sua versão cinematográfica intitulada “Gekijô-ban: Zero” (ou “Project Zero: the movie” para o ocidente que infelizmente não tem previsão para estrear nos cinemas brasileiros.

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Antes de tudo, é preciso deixar claro que “Gekijô-ban: Zero” é na verdade baseado no livro chamado “Fatal Frame: A curse Affecting Only Girls“, escrito por Eiji Ōtsuka, que esse sim, é baseado na franquia de jogos. No filme, acompanhamos os eventos sobrenaturais que ocorrem em um colégio interno feminino no Japão. Quando uma aluna muito querida e popular chamada Aya resolve não sair mais do seu quarto, é gerada uma inquietação por parte das demais internas do recinto. Para piorar, algumas alunas começam a desaparecer e uma suposta maldição envolvendo a reclusa Aya começa a ser especulada já que todas afirmam terem visto o fantasma da mesma. Então Michi, sua melhor amiga, decide descobrir o que está acontecendo.

Mais uma vez a diretora Mari Asato (Bairokêshon, Ju-on: Kuroi Shoujo) apresenta sequências muito elegantes que, apesar de lentas, nunca chegam a cansar, sempre construindo momentos tristes e sombrios que servem a narrativa. As aparições aqui são assustadoramente belas e sutis. Não tem apelo sonoro covarde usado no cinema ocidental para nos fazer pular da poltrona de susto e tão pouco espaço para alívios cômicos. Como de costume no cinema asiático, o sobrenatural é levado bem a sério.

fatal-frame_05A fotografia é linda e com um tom de horror clássico, mesmo a trama se passando nos dias de hoje. Uma leve dessaturação na pele e movimentos suaves como se estivessem mergulhando dão um efeito muito bonito aos espíritos que chegam a ser hipnotizantes. A escola, a igreja e o bosque também contribuem muito para a imersão naquele mundo reprimido e melancólico apresentado. Sem contar a trilha e efeitos que realmente somam as cenas. Ou seja, tecnicamente é tudo muito bem construído.

É interessante a forma como que o roteiro trata sua maldição sempre de uma forma melancólica. Toda vez que uma fantasma suspira “Liberte-me dessa maldição” no ouvido de alguém, fica claro quem é a vítima de fato ali. As protagonistas Aya e Michi, vividas por Ayami Nakajô e Aoi Morikawa respectivamente, são bem carismáticas e sempre rendem ótimos momentos. Em seu segundo ato, o filme dá uma guinada e evolui significativamente quando a até então reclusa Aya resolve sair do quarto e ajudar a Michi a desvendar o mistério. Agora personagens secundários como, ex-alunas, freiras, jardineiro demente aleijado e outros começam a ganhar importância na trama.

Gekijo-ban.Zero.aka.Fatal.Frame.2014.BD.MiniSD-TLF11-06-37Massa, Júlio, mas e a ‘Câmera Obscura’? – Bom, o dispositivo está presente, mas não é usada em momento algum como arma de ataque ou defesa como nos jogos. Sendo assim, não espere alguém lutando contra os fantasmas usando o tal objeto, que é usada apenas para registrar a presença das tais entidades. Com um roteiro muito bem escrito pela própria Asato, “Gekijô-ban: Zero” consegue prender a atenção do começo ao fim e nos confere boas reviravoltas. Vale citar também como a homossexualidade das alunas é abordada de uma maneira singela e ao mesmo tempo perigosa como se fosse algo que que assola a instituição por gerações.

No geral, “O filme do Fatal Frame”, funciona dentro da sua proposta cinematográfica. Com certeza a expectativa em ver uma adaptação “literal” do jogo em si pode atrapalhar a sua receptividade ao filme. Então, para uma melhor experiência, tente assisti-lo sem se apegar ao jogo, pois o longa se sustenta muito bem sozinho e agrada mais por seu peso dramático do que assustador. Se bem que assusta supor que o amor entre garotas ainda possa ser visto como uma maldição em um país tão rico culturalmente e evoluído tecnologicamente como o Japão.

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Escala de tocância de terror:

Direção: Mari Asato
Roteiro: Mari Asato
Elenco: Aoi Morikawa, Ayami Nakajô e Kôdai Asaka 
Origem: Japão

TRAILER:

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Anarquista, quase cinéfilo, diretor de arte, fotógrafo, cervejeiro, rockeiro doido e crítico/podcaster do Toca o Terror

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0 Comments

  1. Mathias Felipe

    24 de maio de 2015 at 14:17

    Me interessei pelo filme, o reviewer viu por onde?

  2. Jarbas Ferreira dos Santos

    26 de maio de 2015 at 10:35

    Adorei o filme. Aos poucos ele foi me conquistando, até chegar a um maravilhoso final

  3. Márcia

    4 de outubro de 2015 at 20:26

    Alguém sabe onde consigo o livro?

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CRÍTICA: Medo Real (2025)

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Medo Real

Nesta temporada de Halloween de 2025, a Netflix trouxe para seus assinantes a série documental “Medo Real” (True Haunting), que aborda dois casos sobrenaturais ocorridos na história recente dos EUA. A produção ainda tem a grife de James Wan para agregar mais valor, mas será que vale seu tempo ou está mais para um derivado sem graça de tantas outras obras sobrenaturais?

As histórias mostradas são:
O Caso de Erie Hall: Nos anos 80, um jovem promissor consegue entrar numa renomada faculdade de NY. Entre estudos e farras, o jovem começa a ser assediado por uma força sobrenatural que cerca o local e que, com o tempo, se mostra uma ameaça a todos que o cercam.
Essa Casa Me Matou: Mostra uma família que se muda para a casa dos sonhos e acaba descobrindo que é um lar de pesadelos.

Esses eventos são mostrados ao longo de cinco episódios – três para o primeiro caso e dois para o segundo, respectivamente. A série conta com a presença de vários envolvidos, e seus relatos são dramatizados.

Embora seja em caráter documental, é inegável a influência da série de filmes “Invocação do Mal” nos momentos de dramatização. Inclusive, o casal Warren faz uma rápida participação em um dos casos (claro, interpretado por outros atores). O tom e a trilha sonora remetem muito aos filmes famosos, mas com uma vibe mais contida. Não espere sustos a cada cinco minutos.

Medo Real” tem alguns bons momentos exatamente por não optar por exageros, embora eles também existam, o que demonstra a indecisão dos realizadores sobre o tom que queriam dar ao material. A forma de conduzir as histórias lembra programas como “Linha Direta” e as matérias sobrenaturais vistas no “Domingo Legal” nos anos 90. Sim, existem programas assim no exterior, e inclusive alguns produtores daqui são desse tipo de programa, mas quis usar exemplos nacionais.

No geral, a série é bacana, servindo mais como uma diversão escapista do que algo sério e relevante. Não existem contrapontos para a história, e, para mim, essa é a pior falha – não dá para acreditar em tudo o que é mostrado como verdade absoluta.

Finalizando, “Medo Real” é uma série relativamente curta, com episódios de cerca de 30 minutos, que se mostra superior (mas nem tanto) ao que normalmente chega ao catálogo de originais da Netflix quando o assunto é terror.

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CRÍTICA: Não Fale o Mal (2024)

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Não Fale o Mal

Dois anos depois que um filme independente dinamarquês chamou a atenção do público de horror e da crítica especializada, chegou a vez da Blumhouse lançar sua versão para “Não Fale o Mal” (Speak No Evil). Pegando carona no mesmo título e traduzindo para os norteamericanos e anglófilos a história dos roteiristas Christian Tafdrup e Mads Tafdrup, este renake não faz feio (pelo menos para quem não viu o original).

Estrelado por James McAvoy, que parece seguir atuando como um dos personagens psicóticos de “Fragmentado“, “Não Fale o Mal” traz o ator como um pai de família de bem que vive com sua esposa e filho em uma fazenda no interior da Inglaterra. Numa viagem casual para um balneário italiano, conhecem o casal Ben e Louise (Scoot McNairy e Mackenzie Davis) que está acompanhado de sua filha. Os pequenos se dão bem e logo menos os adultos começam a ter mais afinidade a ponto de marcarem pra se ver depois da volta da viagem.

A oferta de passar um tempinho como convidados na fazenda de Paddy (McAvoy) é tentadora, já que ambos estão sem emprego em Londres e estão ainda se acertando por lá. E se a esmola quando é demais o santo desconfia, o casal também deveria ter ficado com um pé atrás com o convite de um cara que mal conheciam.

Mesmo assim seguiram, e aí a parte tensa da história começa. Louise começa a se sentir desconfortável tanto com a hospitalidade exagerada do anfitrião, quanto com a forma como Paddy trata o tímido garoto Ant que possui dificuldades de fala e de convivência. Chega a um ponto que nos vemos na situação do casal querendo ir embora antes da hora mas sem constranger os novos amigos. A atuação do elenco chega a ser bem convincente neste sentido.

Sendo que as situações vão escalando em um grau até chegar em cenas violentas em confrontos com sangue e mortes, onde só sabemos as reais intenções dos personagens na reta final da história. Agora, claro, como é um filme estadunidense e da Blumhouse, dê um desconto para a suavizada de cenas fortes que a produção europeia trouxe. Mal comparando (e mal comparando mesmo), é tipo ver “Funny Games US” depois de ver o primeiro “Funny Games“, de Michael Haneke.

Com relação ao original, o diretor James Watkins (Eden Lake) toma algumas liberdades invertendo o protagonismo de algumas ações junto aos personagens, além de suavizar o estilo mais “seco” dos dinamarqueses neste novo “Não Fale o Mal” evitando mostrar explicitamente maus tratos e gatilhos contra mulheres e crianças. Ainda assim, temos um filme que pode até ser considerado “lento” em comparação ao que já vimos da produtora americana acostumada a jogar sustos e barulhos gratuitos de tempos em tempos. Por sorte e para nossa sorte, este thriller funciona bem até mesmo para a gente desconfiar da bondade de estranhos.

Escala de tocância de terror:

Título original: Speak no Evil
Direção: James Watkins
Roteiro: Christian Tafdrup, Mads Tafdrup e James Watkins
Elenco: James McAvoy, Mackenzie Davis, Scoot McNairy e outros
Ano de lançamento: 2024

* Filme visto em Cabine de Imprensa promovida pela Espaço Z no UCI Recife

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CRÍTICA: Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (2025)

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Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado

A volta da franquia Pânico deu tão certo que os engravatados de Hollywood ficaram ouriçados em trazer mais um sucesso de anos atrás de volta aos holofotes. “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado” é uma obra que virou referência junto com seu irmão famoso quando se referem aos slashers do meio dos anos 90. E essa nova versão promete ser um pontapé inicial para uma nova trilogia do pescador assassino.

É um reboot, mas a trama é quase um remake do longa original… Jovens ricos (nem todos), bonitos e inconsequentes se envolvem num acidente fatal na noite de 4 de julho. Assustados, decidem então ocultar sua participação no evento. O problema é que alguém viu o sinistro de trânsito e no ano seguinte essa pessoa trajando a capa do assassino original começa a matar um por um dos envolvidos. Obviamente, isso causa um caos na cidade e reacende traumas da população ao lembrar do massacre de anos atrás.

Eu estava com sérias dúvidas sobre a qualidade do filme. O trailer não tinha me convencido mss finalmente quando assisti, até que achei a obra divertida. “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado” é o típico slasher de vingança que já vimos tantas vezes, principalmente nos anos 80. Os personagens na sua grande maioria são unidimensionais e estão ali para serem enganchados (literalmente). E fazendo uma comparação com a obra original, lembro que os protagonistas tinham um pouco mais de desenvolvimento e o tom do longa era mais sombrio.

O novo filme tem uma vibe cômica que não me apeteceu. Não consegui rir de nenhuma piada. Talvez a dita Geração z ache graça, mas não funciona. As cenas de morte, no entanto, são bem bacanas, mas nada demais. Sinceramente esperava algo mais gráfico.

Senti falta de uma boa cena de perseguição. Ainda tentam… mas não achei efetivo. O original, inclusive, tem uma cena de perseguição icônica protagonizada pela personagem da Sarah Michele Gellar que é lembrada até hoje pelos fãs. Neste reboot/remake aqui não há nada parecido de longe.

A utilização de alguns personagens que se referenciam ao “legado” são subaproveitados, principalmente no que envolve a Julie, a final girl original. Agora o final… esse aí vai dividir crítica x público e fãs x haters.

Muitos pela internet já estão revoltados. Eu particularmente não gostei muito, mas não odiei e sinceramente não fez muito sentido. Isso vai de acordo com cada um… uma amiga que estava comigo na sessão, por exemplo, adorou. Pior é que nem dá pra entrar muito em detalhes e ampliar a discussão por conta de spoilers.

Enfim, “Eu sei … verão passado” é uma obra divertida e descerebrada que me entreteve em boa parte do seu tempo. Afinal, nem todo filme precisa ser sério e profundo. Algumas vezes só queremos nos divertir mesmo.

Escala de tocância de terror:

Título original: I Know What You Did Last Summer
Direção: Jennifer Kaytin Robinson
Roteiro: Jennifer Kaytin Robinson, Sam Lansky, Leah Mckendrick
Elenco: Madelyn Cline, Chase Sui Wonders, Jennifer Love Hewitt e outros
Ano de lançamento: 2025

Ah, existe uma cena durante os créditos que dá pistas sobre o futuro.

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