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CRÍTICA: Digging Up the Marrow (2014)

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Por Geraldo de Fraga

Os estilos found footage e mockumentary são a bola da vez no cinema de horror. Já falamos isso em outras resenhas e podcasts, chegando à conclusão que são tipos de filmagens ideais para produções de baixo orçamento. Porém, a facilidade de se filmar dessa forma ocasionou uma série de longas horríveis, pois criou uma geração de realizadores que segue a máxima: “desse jeito, até eu faço um filme”.

Mas quando há boas idéias e profissionais competentes envolvidos, o estilo se oxigena. Esse é o caso de Digging Up the Marrow (2014). Na história, William Dekker (Ray Wise) é um policial aposentado que garante ter descoberto uma comunidade de monstros que vive embaixo da cidade. Segundo ele, essa metrópole de criaturas possui várias entradas e saídas usadas para interagir com o mundo dos humanos, seja para o bem ou para o mal. digging-up-the-marrow-blu-green A partir daí, o filme entra de cabeça na metalinguagem e todos os outros personagens são artistas do cinema de horror interpretando a si mesmos. William Dekker passou a vida estudando esses monstros e quer que sua história ganhe as telas do cinema. Para isso, ele entra em contato com o diretor e roteirista Adam Green (da franquia Terror no Pântano), que, como você deve estar imaginando, também escreve e dirige Digging Up the Marrow. Adam se interessa pela história de Dekker e, junto com seu sócio e cameraman Will Barratt, começa a produzir um documentário sobre o caso. No começo, nem os próprios diretores estão botando fé na conversa do ex-detetive, mas na segunda noite de vigia, em uma das saídas localizada em um cemitério, tudo muda.

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Empolgado pelo sonho de finalmente poder produzir algo com monstros de verdade, Adam Green coloca o documentário como prioridade da sua produtora e fica obcecado pelo trabalho. Mas, como é um filme de terror, coisas não muito legais acontecem no decorrer das gravações. Além disso, Dekker começa a se mostrar uma pessoa que esconde alguns segredos. Interpretando o único personagem fictício da trama, Ray Wise está muito bem. Isso fica evidente nas cenas em que ele grava seus depoimentos sobre as criaturas, apenas mostrando desenhos e contando como as viu. A atuação de Adam Green também não compromete e, como diretor, ele deu um toque de homenagem ao filme, convidando nomes como Mick Garris, Don Coscarelli, Lloyd Kaufman e Tom Holland para participações especiais.

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Os efeitos especiais funcionam muito bem e o visual das criaturas é bastante realista. Mas como nem tudo são flores, Digging Up the Marrow tem uns furos no roteiro e deixa a sensação de que mais poderia ter sido contado e mostrado sem estragar os mistérios que permaneceram em aberto. O longa não deixa gancho para continuação, mas nunca se sabe. O fato é que seria muito legal ver mais criaturas de Adam Green saltando em frente às câmeras.

 

Escala de tocância de terror:

Direção: Adam Green
Roteiro: Adam Green
Elenco: Ray Wise, Adam Green, Will Barratt
Origem: EUA

https://www.youtube.com/watch?v=Vh_V4o0BjE4

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CRÍTICA: MaXXXine (2024)

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MaXXXine

Após o sucesso de “X: A Marca da Morte“, Ti West surpreendeu o mundo anunciando que o filme fazia parte de uma trilogia e que seu prequel já estava filmado e em vias de finalização. “Pearl“, lançado no mesmo ano, também agradou público e crítica e elevou a níveis estratosféricos o hype para o final da série de filmes. Dois anos depois, chega aos cinemas o tão aguardado “MaXXXine“.

Ti West, apesar de extremamente talentoso, produz algo que chamo de “emulador de Nintendo 64 cinematográfico”. Os ingredientes estão lá, a sensação de nostalgia também, o resultado final é satisfatório mas falta alguma coisa para que a experiência seja completa. É o que acontece em filmes como “A Casa do Diabo“, em que ele administra muito bem todo o clima de filme do final dos anos 70 / início dos 80 envolvendo satanismo (e idosos) mas o resultado final é bem qualquer coisa.

O problema se repete em “O Último Sacramento“, onde recria com quase perfeição cenas de filmes como “Guyana Tragedy: The Story of Jim Jones” e de documentários como “Jonestown: Paradise Lost” e “Jonestown: The Life and Death of Peoples Temple“, mas que caminha para um resultado fraco e pueril. Daí pra frente, após dirigir episódios para várias séries de TV (entre elas “Pânico“, “Outcast” e “O Exorcista“) e tentar até a incursão no faroeste, ele chega à Trilogia com a Neta da Atriz Brasileira Maria Gladys.

Vale bem dizer que “X: A Marca da Morte“, até sua metade, é um pastiche de filmes como “O Massacre da Serra Elétrica” e “Devorado Vivo“, ambos do falecido mestre Tobe Hooper. Mas essa é a parte boa! Daí pra frente temos uma história que só se sustenta devido à boa atuação de Mia Goth (interpretando tanto a aspirante à atriz de filmes adultos, Maxine, quanto a idosa Pearl). Goth também é o tripé estrutural de “Pearl“, onde mesmo interpretando, a meu ver, uma das personagens mais insuportáveis da história do cinema, ela realmente brilha e o diretor também consegue um resultado melhor que suas outras incursões pelo gênero. Talvez por não ficar tão preso à missão de recriar outros filmes (como a história se passa em 1918, provavelmente fazer um filme preto e branco sem som não teria um retorno comercial muito bom…).

A “Trilogia X“, mesmo tendo vínculo óbvio entre os filmes, trabalha esses três filmes independentemente tendo como pano de fundo as produções cinematográficas e a busca pela fama de suas protagonistas. A frustração em ser atriz de cinema, levou Pearl à loucura. A vontade de ser uma estrela fez com que Maxine Minx sobrevivesse ao massacre no Texas e agora, em 1985, a mesma personagem continua a busca pela realização de seu sonho em “MaXXXine“.

Com uma carreira consolidada, mas ciente que sua trajetória na indústria de filmes adultos estaria com dias contados, Maxine Minx tenta começar a fazer “filmes de verdade”. Após muita ralação, finalmente consegue passar no teste para um papel no filme “A Puritana 2“. Porém, ao mesmo tempo em que as luzes da ribalta começam a brilhar para ela, antigas colegas de trabalho começam a ser assassinadas de forma brutal, num cerco que parece se fechar a seu redor.

Além disso, a atriz começa a ser chantageada por um inescrupuloso investigador particular (Kevin Bacon, excelente), que ameaça trazer sua participação nos assassinatos do rancho no Texas à tona, sob ordens de um misterioso cliente. Ao ser procurada pelos detetives Williams (Michelle Monaghan) e Torres (Bobby Cannavale), Maxine se recusa a ajudar no caso e resolve tomar as rédeas da investigação com a ajuda de seu amigo Leon, que trabalha numa locadora, junto a seu agente Teddy Night (Giancarlo Esposito).

Com as peças no tabuleiro, Ti West faz um filme que lembra vagamente “Os Olhos de Laura Mars“, só que cheio de referências à filmes que pouco ou nada acrescentam à trama como uma das atrizes de “A Puritana” comentando que seu grito com a boca escancarada ficou eternizado no cinema (feito o de Felissa Rose, a Angela de “Sleepaway Camp“) ou o Bates Motel e a casa nos fundos. Mas, ué? “Psicose” não é dos anos 80! É de 1960! Sim. Mas estamos falando de… “Psicose 2“! (Um personagem fala que fizeram a sequência no local recentemente).

Mesmo enchendo os olhos com muita cor, muito neon, muita Split-Screen à la “Vestida para Matar” e “Blow Out“, de Brian de Palma, muita cocaína e muito rock farofa, o roteiro é frouxo e não consegue decidir se a protagonista de Maxxxine é uma heroína chutadora de bundas (e esmagadora de testículos) ou uma jovem atormentada pelo trauma do que viveu no passado. Suas ações e de seus parceiros são burras. A investigação que ela resolve assumir se resume a ler o que está escrito num envelope e o diretor e roteirista finda apelando para um clássico Deus Ex Machina para poder fechar, de forma muito fraca, a história.

Apesar de ter mortes violentas e um certo gore, “MaXXXine ” aponta mais para um suspense hitchcockeano da série B do que para um slasher ou um giallo. O horror do filme se restringe a alguns poucos momentos de tensão provavelmente por que o diretor não quer tirar a câmera de Mia Goth (o que eu também faria, afinal ela é maravilhosa!). Enfim, dei algumas risadas, me irritei com outras coisas, mas no final me diverti mais do que nos filmes anteriores. É um bom fechamento para a trilogia? Não. Mas a trilogia também não é lá essas coisas, então tá lá mais um produto com o selo Ti West de qualidade.

Escala de tocância de terror:

Título original: MaXXXine
Direção: Ti West
Roteiro: Ti West
Elenco: Mia Goth, Elizabeth Debicki, Moses Sumney
País de origem: EUA

* Filme visto em Cabine de Imprensa promovida pela Espaço Z e Universal Pictures no Cinemark RioMar

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CRÍTICA: Entrevista Com o Demônio (2024)

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Entrevista Com o Demônio

Pela quantidade de pessoas na internet que perguntam se “Entrevista com o Demônio” (Late Night With the Devil) foi baseado em uma história real, logo concluímos que o objetivo dos seus produtores foi bem sucedido. O fã do cinema de horror, no entanto, já conhece o esquema. E quem via as atrações mais pitorescas do programa do Gugu já devia estar escaldado também.

O longa aqui é o simulacro de um programa de TV dos anos 1970 com toda a direção de arte, fotografia e estilo que emula direitinho a estética das produções daquela época. E quem já viu um found-footage, sabe bem onde o filme quer chegar. Ele parte do convencimento e do background das audiências de programas de auditório para nos mostrar um suposto momento na história da televisão norteamericana em que tudo deu errado.

Mas antes mesmo de “Entrevista com o Demônio” começar de fato com o programa “Night Owls“, somos apresentados à uma breve biografia de Jack Delroy (David Dastmalchian) e sua aspiração ao estrelato. Sabendo que muita gente que verá o longa pode não entender o contexto, o filme se inicia com um bom prólogo sobre os EUA nos anos 70, a contracultura e o fenômeno “satanic panic” com “reportagens” sobre cultos satanistas onde mistura casos reais com o caso a ser mostrado na trama.

Daí corta e vamos à atração principal. “Night Owls“, apresentado por Jack Delroy tem aquele clássico formato de programa de variedades de fim de noite com uma bandinha fazendo a trilha sonora ao vivo, entrevistados diversos e uma plateia que também atua como claque e coadjuvante. No desespero por audiência e sem o mesmo prestígio de antes, Delroy e seus produtores começam a apelar pegando personagens cada vez mais pitorescos.

Eis que a última grande cartada da equipe vem com o Halloween. Delroy e equipe torce que o freak show deste episódio supere todos os índices do Ibope estadunidense. No entanto, o que ele não esperava, é que não se deve brincar com as forças ocultas ao vivo em rede nacional.

Assim como falei antes, “Entrevista com o Demônio” é bem eficaz nesse sentido de pegar a gente pela mão para embarcar numa viagem a uma nostálgica produção de horror. Agora, claro, neste formato em que se propõe, o longa possui pontos altos e baixos. Se por um lado é interessante apresentar o programa “na íntegra”, os cortes para “intervalos comerciais” baixam a bola e quebram o ritmo, mesmo sendo parte de toda a mise-en-scène.

De positivo, destacamos facilmente o elenco como um todo. Desde o vidente Christou (Fayssal Bazzi) até a garota possuída Lilly (Ingrid Torelli), todos no filme dão seu nome em uma produção repleta de rostos pouco conhecidos. A cena da possessão e a entrevista em si são de arrepiar. O que destoa, entretanto, é a profusão de efeitos visuais no último segmento quebrando um pouco o clima de suposto realismo que a gente tinha até então. Mas bem, faz parte da magia da TV.

Escala de tocância de terror:

Título original: Late Night With the Devil
Direção: Colin Cairnes e Cameron Cairnes
Roteiro: Colin Cairnes e Cameron Cairnes
Elenco: David Dastmalchian, Laura Gordon, Ian Bliss, Ingrid Torelli
País de origem: Australia

* Filme visto em Cabine de Imprensa promovida pela Espaço Z e Diamond Films no Cinemark RioMar

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CRÍTICA: Um Lugar Silencioso – Dia Um (2024)

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Um Lugar Silencioso - Dia Um

Quando um filme faz muito sucesso é esperado que se torne uma franquia. Aí lembramos que Um Lugar Silencioso (A Quiet Place, 2018) não fugiu à regra e poucos anos depois a sequência chegou. Agora em 2024 vimos o primeiro spin-off desse universo que foca no primeiro dia da invasão alienígena. Como prequel, já sabemos onde “Um Lugar Silencioso – Dia Um” vai dar, mas valia a pena saber tantos detalhes? Acompanhem…

Num dia comum, a jovem e debilitada Samira (Lupita Nyong’o) vai com seu grupo de uma clínica de cuidados paliativos contra o câncer em NY. Na cidade, se preparam para assistir a uma apresentação artística quando são surpreendidos por algo inimaginável e mortal. O choque e o medo tomam conta das ruas e a luta pela sobrevivência se inicia.

Bem, era um filme com bastante possibilidades, mas para o bem e para o mal, ele se apoia muito nos filmes anteriores. Um Lugar Silencioso – Dia Um se foca mais numa jornada intimista ao invés de mostrar algo maior. À princípio, a jornada solitária da protagonista é o foco, deixando as consequências do ataque mais em segundo plano. Sendo que quem espera mais explicações sobre os aliens pode sair da sessão decepcionado.

Acho que devo destacar que a dupla principal de personagens tem uma boa química e dão o suficiente para que o publico torça pela salvação de ambos. Ainda assim, a principal estrela é o gato de Samira que rouba a cena em vários momentos.

As cenas de ação/terror são boas, mas em menor escala que os filmes anteriores. Mesmo assim, fiquei na ponta da cadeira em algumas situações. O gore, infelizmente é bem fraco sendo mascarado por cortes rápidos ou fotografia escura.

Um Lugar Silencioso – Dia Um é um prato-feito bem organizado, bem honesto. Tem uma ótima atuação de Lupita Nyong’o e uma carismática participação do Joseph Quinn. Poderia ser bem mais épico, mas deve agradar ao fã desta recente franquia.

Escala de tocância de terror:

Título original: A Quiet Place – Day One
Direção: Michael Sarnoski
Roteiro: Michael Sarnoski, John Krasinski, Bryan Woods
Elenco: Lupita Nyong’o, Joseph Quinn, Alex Wolff e outros
Ano de lançamento: 2024

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