conecte-se conosco

Dicas

DICA DA SEMANA: O Monstro de Vênus (1966)

Publicados

em

O Monstro de Venus

O nome do realizador texano Larry Buchanan seria mais um entre os muitos diretores do cinema B dos anos 60 se não fosse uma oportunidade dada pelo infame Sam Arkoff, um dos cabeças da AIP. Essa produtora, para quem não conhece, foi responsável pelo lançamento de alguns dos primeiros e mais marcantes filmes dirigidos por ninguém menos que Roger Corman.

Foi através da AIP e a sua Azalea Films que Buchanan, sem sair do Texas e sempre recrutando boa parte dos mesmos atores locais com quem costumava trabalhar, produziu e dirigiu oito longas em quatro anos (1965-1969) que seriam lançados exclusivamente em emissoras de TV. Com exceção de apenas três títulos (MARS NEEDS WOMEN, 1967; HELL RAIDERS, de 1968 e IT’S ALIVE!, de 1969), quase todos os filmes foram refilmagens de outras produções da AIP de ficção científica e terror.

Só que esse diretor recebeu a tarefa de que os filmes precisavam ser a cores, com 80 minutos de duração, protagonizados por atores de ‘nome’ decadentes e serem entregues para ontem ao custo geral de US$30.000 cada. Ou seja, um nível de orçamento que até mesmo o Corman acharia impossível de se trabalhar.

Mas Buchanan, que com US$8.000 chegou a fazer um exploitation de sucesso nos drive-ins regionais intitulado THE NAKED WITCH, topou o desafio.

Larry Buchanan (1923-2004)

E foi graças a essa parceria que tivemos anomalias como O MONSTRO DE VÊNUS (Zontar – The Thing from Venus, 1966), certamente a mais famosa das suas produções neste período.

O filme é uma refilmagem de IT CONQUERED THE WORLD, estrelado por Peter Graves, Beverly Garland e Lee Van Cleef, com direção de Roger Corman. Aqui os personagens de Graves e Van Cleef são vividos, respectivamente, por John Agar (o astro de pérolas como A REVANCHE DO MONSTRO, TARÂNTULA, O CÉREBRO DO PLANETA AROUS e outros) e Tony Houston (nome artístico de Enrique Houston Touceda, que viria a atuar e ser roteirista de outros filmes de Buchanan).

A trama é basicamente a mesma do longa original, só que aqui temos o charme de vê-la sendo contada em uma produção ainda mais pobretona, o que se percebe logo nos primeiros segundos de filme. É delicioso, também, ver que a paranóia anti-comunista típica dos sci-fi dos anos 50 (algo que já era datado em 1966, imagina hoje…) foi mantida no roteiro, com algumas falas que geram sonoras gargalhadas.

“It Conquered the World” (1956) / “O Monstro de Vênus” (1966)

Há ainda uma cena em especial que pega qualquer espectador de surpresa e o Zontar, nos poucos minutos em que aparece, pelo menos consegue ser uma criatura de aparência mais ameaçadora que o monstro ridículo de IT CONQUERED THE WORLD.

Se você curte uma tranqueira e filmes de uma época em que a imaginação e a ingenuidade conseguiam driblar as limitações financeiras, O MONSTRO DE VÊNUS é simplesmente imperdível. Mas independente de (falta de) orçamento e (falta de) qualidade técnica, é de se admirar o pioneirismo de Buchanan ao fazer o que hoje se vê como telefilmes, quando esse tipo de produção ainda não era nada comum.

O MONSTRO DE VÊNUS está disponível para ser assistido através do YouTube, com legendas em português. E se você tiver curiosidade de conhecer mais filmes do Larry Buchanan, já que vários títulos se encontram em domínio público, essa plataforma de streaming é um prato cheio. Boa caçada.

Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!

Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Dicas

DICA DA SEMANA: Aterrorizante (2016)

Publicados

em

Até que enfim, trago um slasher para a dica da semana. Ultimamente, imagens de um palhaço sinistro tem rodado as redes sociais e despertado o interesse de quem é fã de terror. Estas cenas são do recém lançado ATERRORIZANTE 2 (Terrifier 2, 2022). Mas a dica não é deste, mas sim do seu antecessor: ATERRORIZANTE (Terrifier, 2016), longa de seis anos atrás.

Escrito e dirigido por Damien Leone, ATERRORIZANTE é um slasher brutal no qual acompanhamos um palhaço cabuloso que toca o terror numa noite de Halloween matando qualquer um que cruza seu caminho. O filme tem um roteiro que não se propõe à profundidade e é cheio de situações que forçam a barra pra trama andar, mas compensa pela boa direção.

Bem filmado e fotografado, ATERRORIZANTE tem uma violência extremamente gráfica. É daquela dói de ver! Os efeitos práticos são criativos, funcionam muito bem dentro da proposta e provavelmente vai te fazer desviar o olhar da tela em alguns momentos. A fotografia é bem estilosa e com cores vivas, trazendo um clima mais surreal pra toda trasheira apresentada.

Assim como Myers, Jason e muitos outros em suas respectivas franquias, o palhaço Art é a força que move o filme. Sem dizer nada, David Howard Thornton manda muito bem nas expressões faciais e corporais, nos conferindo um psicopata sádico, debochado e imprevisível, pois quando se acha que ele vai aloprar, ele, não só dobra a aposta, mas subverte qualquer “regra” de assassino em série do gênero que se espera.

É curioso que Art não surge neste “primeiro” filme, mas sim em um curta homônimo de 2011 e em um longa de 2013 chamado ALL HALLOW’S EVE (2013), sendo todos do mesmo diretor/roteirista.

Em suma, é um filme chocante e sem escrúpulos que é recomendável pra quem curte uma bagaceira com muito sangue. Se você é esta pessoa doente, vai fundo que este slasher vai te divertir. ATERRORIZANTE se encontra no catálogo da Amazon Prime Video.

Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!

Continue lendo

Dicas

DICA DA SEMANA: Night Train to Terror (1985)

Publicados

em

Night Train to Terror

Vez por outra a gente comenta ou recomenda antologias. De antologias antigas, boa parte vem da década de 1970. Mas desta vez estou aqui para citar “Night Train to Terror“, uma obra que vem dos loucos Anos 80 com um certo grau de ousadia, gore e transgressão.

Disponível no catálogo do Mubi, “Night Train to Terror” traz simplesmente como anfitriões ninguém menos do que Deus e o Diabo jogando xadrez num vagão de trem que passeia pelo espaço rumo à destruição total. Durante a jornada, ambos se questionam sobre a natureza humana e o livre arbítrio que faz com que umas pessoas façam coisas inimagináveis. E é aí onde entram os casos que viram sequências desta antologia.

De antemão, digo que o primeiro (“The Case of Harry Billings“) é o mais problemático. Por ter sido derivado de um outro filme não concluído, as cenas foram editadas de forma a caber nessa obra de uma maneira meio apressada. É uma clássica trama de cientistas loucos onde Harry Billings vira um homem em transe que se submete às ordens de um médico que quer obter mais “pacientes” e órgãos de forma ilegal para comercializar. Ok, tem um fiapo de história, mas podia ter sido melhor.

Já no segundo segmento (“The Case of Gretta Connors“), vemos um caso de traição e vingança. O que seria uma clássica história de amor à primeira vista, logo se torna um caso de psicopatia e ambição em que a jovem Gretta Connors se torna atriz pornô ao se envolver com um empresário de meia idade. Não bastasse essa reviravolta na carreira da mulher, ela entra na mira de outro sujeito que se apaixona por ela ao ver sua performance adulta. Mas aí, os planos do marido traído serão bem mais ardilosos quando ela convida o casal para participar de um clube, que não é de swing, mas de um culto à morte. Veja só a doideira!

Por fim, “The Case of Claire Hansen” é o que aparenta ter um roteiro mais intrincado, mas que sofre um pouco por efeitos especiais que ficam no limite entre a criatividade e a precariedade. Desta vez, temos uma cirurgiã renomada que começa a ter pesadelos sobre demônios e nazistas. Em paralelo, seu marido que é um escritor ganhador do Prêmio Nobel, começa a divulgar um novo livro com temática bastante polêmica para pessoas religiosas. Em meio a alucinações, acontecimentos estranhos e mortes esquisitas que os protagonistas testemunham, existe ainda um misterioso homem que se revela ser um servo de Satã operando maldades há séculos.

E entre uma história e outra, Deus e o Diabo voltam à cena para comentar o ocorrido e questionar o destino da humanidade enquanto em outro vagão uma turma bota pra quebrar com sexo, drogas e rock’n’roll. Gratuito? Exagerado? Violento? Claro, mas “Night Train to Terror” é meio que uma síntese dos Anos 80.

Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!

Continue lendo

Dicas

DICA DA SEMANA: Saint Maud (2019)

Publicados

em

Eu me perguntei um dia desses: o que foi que aconteceu para a gente nunca ter falado de Saint Maud aqui no Toca o Terror? Provavelmente o motivo foi a bagunça que é para filmes mais alternativos serem lançados oficialmente no Brasil. Falamos em algum programa na rádio, mas texto não rolou. Bom, esse erro será corrigido hoje, graças à sua, à minha, à nossa Dica da Semana.

Em uma cidade litorânea do norte da Inglaterra, a enfermeira Maud (Morfydd Clark) é designada como cuidadora da ex-bailarina e coreógrafa Amanda (Jennifer Ehle), que vive sozinha e enfrenta um linfoma na medula em fase terminal. Essa relação desencadeia uma série de atritos, pois, enquanto a jovem é extremamente católica, a paciente adora os prazeres mundanos.

Com um trauma em seu passado recente, Maud encara o emprego na casa de Amanda como uma missão divina: salvar a alma daquela mulher depravada à beira da morte e mandá-la para o céu. É aí, claro, que as coisas começam a se complicar. Produzido pela A24, o filme é o primeiro longa da carreira da diretora Rose Glass e é uma alegoria magnífica sobre fanatismo religioso, mas paremos por aqui. Saint Maud é curto, só tem 1h20, então falar mais é certeza de spoiler.

Para finalizar, vale destacar o desempenho de Morfydd Clark. Hoje mundialmente conhecida pelo papel da elfa Galadriel, na Série d’O Senhor dos Anéis, a atriz sueca dá show como a enfermeira confusa que tenta interpretar sinais divinos em tudo que vê. O filme está disponível nos streamings Prime Video e Apple TV. Se você tem TV por assinatura, ele entrou recentemente na programação do canal Space e, vira e mexe, passa por lá. Com o perdão do trocadilho, vá na fé.

Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!

Continue lendo

Trending