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CRÍTICA: As Fábulas Negras (2015)

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Por Queops Negronski

Quatro amigos fantasiados de super-heróis se digladiam animadamente numa floresta, até que, por conta de uma jogada não muito justa, a aventura dá lugar à realidade e entre dramas pessoais, palavrões e fanfarronices, eles decidem contar histórias uns pros outros, histórias bisonhas, exageradas, cabulosas e cheias de sangue e dor. 16 Esse é o mote de As Fábulas Negras, nova produção do diretor capixaba Rodrigo Aragão, uma antologia que reúne a “nova” geração de realizadores do cinema de horror brasileiro mais a nossa referência máxima do estilo no país. E assim temos José Mojica Marins, Petter Baiestorf, Joel Caetano e o próprio Rodrigo Aragão no guidão de cinco pequenos filmes, sendo a maioria deles inspirada no folclore nacional. São cinco histórias, todas envolvendo amor (seja por pessoas, dinheiro ou poder) e sangue, muito sangue. O primeiro curta, O Monstro do Esgoto, trata sobre um político corrupto que literalmente caga e anda para as necessidades do povo e para os problemas de um cidadão cujo uma fossa estourada em frente à casa dele a burocracia se recusa a consertar. Entre essas duas situações, um monstro. monstro Num primeiro momento, a solução dada a esta primeira história parece insatisfatória, porém, mais pra frente, um arremate faz crescer a proposta apresentada aqui e do esgoto seguimos para os pampas, um Pampa Feroz, uma história de ciúmes, sangue, soberba e mistério dirigida pelo catarinense Petter Baiestorf, onde os personagens (e nós também, porquê não?) têm não apenas que sobreviver a um Lobisomem, mas também descobrir quem ele é, num rápido e eficiente jogo de gato e rato com direito a inúmeras pistas falsas até o saboroso final. MDU0ZDg1NDQyZTZmNGRiYzRiOGYwZmIxNjRjMGZlN2U Destaque pros efeitos especiais que mostram um lobisomem bastante bem-feito e eficiente (dentro dele, óbvio, Walderrama dos Santos, o Andy Serkis de Aragão), enfim, um segmento exemplar que nos faz querer mais e mais ver o que esta antologia nos reserva e assim somos levados ao reino do popular Saci, lenda brasileira amplamente divulgada pelo escritor Monteiro Lobato em seu Sítio do Pica-Pau Amarelo. Só que em O Saci, o personagem perde seu ar brincalhão e é mostrado como um espírito vingativo que castiga quem ousa macular o seu domínio: o bambuzal. Some a tudo isso um Preto Velho, fundamentalistas cristãos, libido, inocência e desejo, mais a participação como ator/diretor de José Mojica Marins. Pois é, já era aquele espírito da mata treloso e sorridente. Que bom. 1926897_10203354849569581_7688988530346987634_n Surge então o segmento que mais destoa da proposta folclorista do filme, mas que mesmo assim trata de umas das lendas urbanas mais conhecidas em território nacional: A Loira do Banheiro. Aqui, a história da desencarnada que fazia com que fôssemos em grupo ao banheiro da escola quando jovens tem a sua origem destrinchada, revelando, entre outras coisas, que a Loira não foi a única vítima a tombar sem vida no tal banheiro. Um curta com direção segura de Joel Caetano, um diretor onde a cada filme vem se mostrando mais sabedor do riscado, fazendo a nossa alegria. as fabulas negras Por fim, depois de discussões e incredulidades mil, os super-heróis contadores de histórias acabam chegando a ela, sempre ela, uma casa abandonada no meio do mato em “A casa de Iara”. No segmento que fecha a antologia, temos uma romântica história de amor que acaba se tornando uma trágica história de vingança com viés sobrenatural, envolvendo por fim os coloridos personagens que guiaram o espectador até ali. As-Fabulas-Negras-f-800x500 “As Fábulas Negras”, como dito antes, fala sobre amor e sangue. Seus cinco segmentos contam histórias tão bem executadas que nos fazem crer no fato de estarmos diante do maior lançamento do gênero em 2015. Para a nossa sorte, Rodrigo Aragão pretende levar o projeto adiante, convidando outros diretores e essa é uma boa notícia. Excelente, na verdade. Que venham outras Fábulas Negras então.

Escala de tocância de terror:

Direção Geral: Rodrigo Aragão
Direção: Rodrigo Aragão, Petter Baiestorf, Joel Caetano e José Mojica Marins
Roteiro “Crianças na Mata”, “O Monstro do Esgoto” “O Saci” e “A Casa de Iara”: Rodrigo Aragão
Roteiro “Pampa Feroz”: Petter Baiestorf
Roteiro “A Loira do Banheiro”: Joel Caetano
Elenco: Cesar Souza, Markus Konká, Kika Oliveira e Walderrama dos Santos
Origem: Brasil

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CRÍTICA: O Jogo da Invocação (2023)

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O Jogo da Invocação

O ano de 2023 está no finalzinho e grandes lançamentos de terror já foram exibidos. Ou seja, fora raríssimas exceções, os estúdios evitam esta época de dezembro para mostrar o filé. É por isso que não tenham grandes expectativas com mais esta produção chegando aos cinemas nacionais agora. O Jogo da Invocação (All Fun and Games), longa produzido pelos irmãos Russo, responsáveis pelos últimos filmes dos Vingadores, é nada menos do que um slasher sobrenatural.

Na trama acompanhamos uma família que tenta se reerguer depois de ter sido abandonada pelo patriarca. A mãe trabalha em várias coisas e os filhos adolescentes se revezam entre o cotidiano e a responsabilidade de cuidar do irmão mais novo. O pentelho, aliás, é indiretamente responsável pelo que vai acontecer.

Um dia, a caminho de casa, ele encontra uma velha casa (detalhe que a história se passa na cidade de Salém nos dias atuais). Atraído por uma voz sinistra que o incita a pegar uma faca com o cabo feito de ossos humanos, ele se transforma em uma pessoa má. Note o clichê… como o filme se chama “O Jogo da Invocação”, é claro que alguém (no caso, o garoto) será possuído por uma entidade maligna e sairá atrás de sangue fresco.

Olha, pensem num filme feito com o troco do pão… Fazia tempo que não assistia algo tão amador e idiota. Eu sei que não dá muito pra exigir de slashers, mas esse passa do ponto ao quebrar as regras que estabelece o tempo todo. A questão de conveniência do roteiro é usada à exaustão. A produção parece que é de fundo de quintal e tem uns efeitos a la Chapolin, errando até na coloração do sangue.

O elenco conta com rostos famosinhos de séries como Natalia Dyer, de Stranger Things, e Asa Butterfield, de Sex Education, sendo elas o chamariz para essa bomba. Mas para não ser injusto, gostei do ator que faz o papel do irmão mais novo. Tomara que tenha mais sorte em outros projetos.

A direção é praticamente nula e parece que os técnicos e co-roteiristas estavam fazendo o trabalho de qualquer jeito para terminar o filme mais rápido possível. E nesse sentido ainda ajudaram os espectadores já que a produção é bem curtinha e possui apenas 75 minutos contando com os créditos.

Mas assim, sério, o roteiro parece ter sido escrito por alguém do colegial. É uma bagunça completa. No clímax eu já tinha entregue os pontos e só queria que terminasse. Enfim, “O Jogo da Invocação” é algo que deve ser evitado como o diabo foge da cruz. E independente de como se decida assistí-lo, lembre que você estará perdendo um tempo precioso da sua vida.

Escala de tocância de terror:

Título original: All Fun and Games
Direção: Eren Celeboglu, Ari Costa
Roteiro: Eren Celeboglu, Ari Costa, J. J Braider
Elenco: Asa Butterfield, Natalia Dyer, Laurel Marsden e outros

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CRÍTICA: When Evil Lurks (2023)

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When Evil Lurks

O ano de 2023 está sendo cabuloso de bom para os fãs de terror. Faltando apenas 2 meses pra acabar o ano, eu achava que minha lista de melhores já estava definida, até que WHEN EVIL LURKS (Cuando Acecha la Maldad), uma machadada cabulosa vinda da Argentina, pega todo mundo de surpresa.

WHEN EVIL LURKS (QUANDO O MAL ESPREITA em tradução livre) é escrito e dirigido por Demián Rugna (ATERRADOS, 2017), que nos apresenta um cenário sinistro no qual possessões demoníacas não apenas são realidade factual, mas são parte da rotina daquela sociedade. Acompanhamos os irmãos Pedro (Ezequiel Rodríguez) e Jimi (Demián Salomón) que cuidam de uma fazenda. Certo dia, os fazendeiros têm sua paz abalada quando descobrem que o filho da vizinha está possuído e apodrecendo enquanto vivo. Daí pra frente é só desgraça.

Rugna entrega praticamente um road-movie desgracento em que nossos heróis cometem um erro atrás do outro, tipo uma versão maligna de FARGO, a comédia de erros dos irmãos Coen, só que sem a comédia. Com uma direção certeira e extremamente sádica, o cineasta argentino mantém o clima de tensão constante com picos pontuais que, por mais que ele trabalhe muito bem a antecipação de certas situações, consegue pegar a audiência desprevenida. Até quando a pessoa se achar esperta, na verdade está sendo manipulada para pensar assim.

O roteiro de Damián é enxuto e bem amarrado, contando com poucos diálogos expositivos, deixando muito pra imaginação do espectador a respeito do universo apresentado. Não tem textinho nem clip inicial contextualizando. Aqui, o espectador pega o bonde andando e segue recebendo migalhas de informações ao longo de toda jornada maldita. Para tudo isso funcionar, é preciso que as personagens sejam críveis e o elenco se empenhe para isso. Todos do núcleo principal estão muito bem, mas é Ezequiel Rodríguez que pega na mão do público, arrastando todos para a gradual desgraça de Pedro. Aliás, suas ações, aliadas a pitadas de informações, traz julgamentos e dúvidas sobre o caráter do protagonista que enriquece a experiência.

Tecnicamente eficaz, WHEN EVIL LURKS não tem maneirismos e tudo é mostrado de forma crua e franca. Os efeitos práticos são de uma beleza horrenda. Se brincar, dá pra sentir o fedor de um certo possuído em específico. Apesar de muito ser filmado em planos fechados nas personagens, a sensação de que aquela sociedade já vive um inferno na Terra é aos poucos muito bem construída. A fotografia também é sádica até em certos desfoques. A banda sonora, trilha e efeitos, é discreta mas cumpre bem o papel de dar o tom sem serem apelativos. Ou seja, aqui, tudo é arquitetado para causar mal estar.

Há algumas coisas que incomodam durante o longa – nada que estrague a experiência – como as fracas performances do elenco mirim num momento de grande importância, e algumas decisões tomadas por alguns personagens que soam forçadas, principalmente do nosso protagonista, por exemplo. Falando nisso, no meu caso, foi curioso que acompanhar a trágica empreitada de Pedro, me trazia à mente o refrão da música “Meu amigo Pedro” de Raul Seixas me fazendo falar para a tela: Não, Pedro! Eu não quero ir aonde você for.

Demián Rugna é um nome que merece ficar no radar da galera, pois WHEN EVIL LURKS é um filme maligno que fica na cabeça, como se fosse um trauma, e que provavelmente vai se destacar no topo das listas de melhores do ano de muitos fãs de terror, como é o caso deste que vos escreve.

Escala de tocância de terror:

Título original: CUANDO ACEHA LA MALDAD
Direção: Demián Rugna
Roteiro: Demián Rugna
Elenco: Ezequiel Rodríguez, Demián Salomón, Silvina Sabater e outros
Origem: Argentina

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CRÍTICA: Five Nights At Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim (2023)

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Five Nights At Freddy’s

Houve um ligeiro ceticismo com a notícia de que a franquia de games “Five Nights at Freddy’s” ganharia uma adaptação para os cinemas. Atualmente, como se sabe, a tendência é tirar leite de pedra de qualquer produto da cultura pop que alcance um grande sucesso, além de fazer com que ele seja ainda mais conhecido para um público maior. A franquia criada por Scott Cawthon, também co-roteirista e produtor do longa, no momento tem um total de 11 jogos.

Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim” é mais uma aposta da Blumhouse (responsável pela trilogia mais recente de “Halloween“, por exemplo) em uma franquia de fama e bem estabelecida. Tudo indica o projeto deve fazer um bom número nas bilheterias mundiais, obviamente mais por conta da popularidade dos jogos. O porém é que o projeto não deve ser capaz de empolgar ninguém que não seja fã ou não conheça o video game que o inspirou.

O protagonista é um rapaz azarado chamado Mike Schmidt (Josh Hutcherson), que tem uma irmã pequena para criar, mas não consegue parar em nenhum emprego. Ele aceita uma proposta de trabalhar por cinco noites na Pizzaria Freddy Fazbear, fechada ainda nos anos 80 por conta de histórias envolvendo o misterioso desaparecimento de crianças. Mike passa a entender que há algo de mais estranho acontecendo e que, inclusive, os quatro bonecos robóticos que eram usados para animar o público da pizzaria começam a funcionar sozinhos e não aparentam ser nada amigáveis.

Ok que o “Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim” é produzido de olho em um público juvenil, então a censura vai ser mais baixa e a violência muito branda. Só que também não dá para perdoar tanto uma direção que sempre busca fazer o que é seguro, sem ousar em nenhum momento, apelando sempre para os sustos fáceis. Apesar dos ótimos efeitos, os robôs animados que “tocam o terror” (opa) na produção também não conseguem convencer nas cenas de ameaça e a tensão que o filme precisaria ter.

Em termos de roteiro, o buraco é ainda mais embaixo. Os personagens humanos são todos desinteressantes, o que dificulta o envolvimento do espectador. O desenrolar da narrativa é enfadonho e previsível, tanto que é possível identificar o maior vilão do filme com léguas de distância da conclusão. A maneira como o longa explora o trauma do protagonista (é, de novo) chega a ser preguiçosa, servindo apenas para ‘encher uma linguiça’ e inchar a duração. Ficou muito ruim.

Talvez se “Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim” tivesse menos personagens envolvidos, não precisasse de uma personagem infantil, e fosse mais claustrofóbico e focado em ser um terror de sobrevivência, o filme funcionasse mesmo com a violência mais leve para o público adolescente. Como está, não passa de nada além de ser algo assistível para quem tiver curiosidade, um filme que apenas existe e é isso.

Escala de tocância de terror:

P.S.: “Willy’s Wonderland – Parque Maldito” guarda muitas semelhanças com “Five Nights at Freddy” e fica impossível de não se lembrar deste filme se você não o assistiu antes. Na dúvida entre os dois, fique com Nicolas Cage vs. os robôs.

P.S.2: Filme visto em Cabine de Imprensa promovido pela Espaço Z no Cinemark Rio Mar Recife.

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