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CRÍTICA: Sede de Sangue (2023) e Uma Noite no Inferno (2021)

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[Por Gilson Moura Henrique Junior]*

Sede de Sangue (2023) e Uma Noite no Inferno (2021)

O fã de Horror via de regra encara toda a sorte de produção cinematográfica e normalmente está disposto a embarcar em bagaceiras que lhe alimentem a sede de sangue e de pavor cotidiana ou semanal.

Como todo gênero, e sinto lhe informar que até seu drama cabeça do Bergman é também um gênero, o Horror é composto de um percentual ínfimo de produções de qualidade superior, orçamento adequado e direção, roteiro e produção inteira feita com o mais alto nível profissional.

Na maior parte das produções em sua história, o Horror é feito de filmes com um orçamento menor que seus co-irmãos de gêneros mais palatáveis para as academia de Hollywood, mesmo aqueles gêneros menos “sérios” como a comédia, e nem sempre é visto com simpatia por atores,diretores e produtores.

Não é inclusive incomum que diretores abracem o Horror apenas como ponte para voos “maiores” e tenham uma relação de boy lixo com ele e tente “sair do gênero” filmando versões megalomaníacas de “Depois de Horas” do Scorsese (eu entendi, sabe, Ari Aster?), ou inventem lorota de “Horror elevado” gastando seis vezes mais para fazer esses filmes que poderiam ser feitos com mais pé no chão.

Para cada James Wan tem outros tantos que embarcam em filmes com custo mais baixo e muitas vezes qualidade global superior aos filmes de Horror de Shopping que muitas vezes olham só pro resultado financeiro, como “Salem’s Lot” de 2024, e tornam mais “palatável” para as plateias, trocando o resultado artístico por merreis.

A questão é que nem precisa ser genial ou inventar a roda de novo para gente ter filmes que nos fazem passar o tempo sem passar raiva e deixam aquele gostinho de potencial razoavelmente realizado com um custo digno, efeitos e produção que tem lá suas qualidades, como a gente quando faz a barba e põe roupa de domingo para ir no baile arrumar namorada (entregando a idade).

Estes filmes feios, mas arrumadinhos estão por aí nos streamings, e aqui vão duas dicas de filmes de baixo custo que ficam ali entre a bagaceira e o passatempo, entrega algumas sacadas interessantes, nada geniais, mas fazem de si mesmos produções honestas.

Sede de Sangue

Sede de Sangue

São os casos de “Sede de Sangue” (Captive, 2023) e “Uma Noite no Inferno” (Night at the Eagle Inn, 2021) que fazem à sua moda versões de sub gêneros tradicionais do Horror, como o filme de vampiro e o filme de casa assombrada/maldição/satanismo.

No caso de “Sede de sangue”, vamos ver um grupo de atores adultos de trinta anos ou mais se passando por jovens de 18 a vinte anos e cujos personagens têm a “brilhante” ideia de invadir uma casa de rico pra passar o final de semana se divertindo porque os donos só voltam no domingo à noite. Lá eles descobrem um camarada sarado acorrentado no porão, também um ator com mais de 30 anos sendo um personagem xóvem, e resolvem libertar o malandro, sob protesto do líder xóvem do grupo que tá com ciúme do cara com a namorada.

Obviamente tem caroço nesse angu e os jovens, divididos entre boys lixos, maconheiro, amiga fiel, nerd cabaço e outros clichês, vão sofrer com o peso dessa decisão justificando o título.

Lendo assim, vai aparecer com uns bilhões de outros filmes iguais, mas esse filme tem méritos, tanto de apresentar nova espécie de vampiro, quebrar clichês, te avisar de início que teve um massacre e no final tendo um plot bem mais bacana e divertidinho que a atuação e a direção do filme todo. Tem uma cena pós crédito que não precisava, mas não ofende.

Outro filme pobre, mas honesto é o “Uma Noite no Inferno”, no qual dois irmãos, gêmeos, vão a uma pousada em Vermont onde seus pais desapareceram no dia de seu nascimento vinte anos antes. Nessa pousada eles encontram um concierge bizarro, um faz tudo sexy e uma série de bizarrices que vão apavorando eles e causando um bom interesse no espectador não tão devagar assim porque o filme é quase um curta (tem só 70 minutos).

Uma Noite no Inferno

Uma Noite no Inferno

A apresentação do filme é interessante, a sorte dos gêmeos desde o início já deixa uma pulga atrás da orelha, a forma como os aparelhos eletrônicos atuam na construção do suspense e do final onde algo bastante óbvio fica explícito e a sobrenaturalidade da coisa é afinal revelada de forma inteira, tudo isso faz o filme um bom passatempo, honesto e executado de forma interessante com a grana disponível.

Nos dois casos, você vai ver furo de roteiro, direção meio torta, atuações nem sempre dentro do razoável, mas a história é feita com seriedade, são produções de gente que quer contar uma história que consiga vender pro streaming, mas que tenha a dignidade ser uma obra que não seja totalmente esquecível.

Nenhuma delas é genial, mas ambas são parte de uma gama enorme de filmes que o streaming abraça e nos oferece diversão para quem curte o medinho básico. Os dois filmes estão no Looke e nas locadoras populares.

* Gilson Moura Henrique Junior é mestre e doutorando em História pelo PPGH-UFPEL, tricolor carioca, comunista, petista, amante e estudioso de cinema de horror

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CRÍTICA: Predador – Terras Selvagens (2025)

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Predador - Terras Selvagens

Dan Trachtenberg se empolgou tanto com a franquia Predador que, só em 2025, o diretor lançou duas produções sobre o alienígena caçador. Depois da animação Assassino de Assassinos, temos agora Predador: Terras Selvagens (Predator: Badlands), que chega aos cinemas nesta quinta-feira.

Para quem não lembra, Trachtenberg já havia revivido o personagem em O Predador: A Caçada, mantendo a mitologia criada nos dois primeiros filmes (com Arnold Schwarzenegger, em 1987; e Danny Glover, em 1990). A pegada no mais recente longa, porém, dá um ‘duplo twist carpado’.

Ao invés de antagonista, o Predador é quem acompanhamos em Terras Selvagens. Dek (Dimitrius Schuster-Koloamatangi) é um jovem extraterrestre da raça Yautja. Como todo membro dessa espécie, ele precisa passar por um ritual de caça para obter lugar em seu clã.

Dek, no entanto, não é um dos mais atléticos da sua linhagem. Assim, para provar de uma vez por todas o seu valor como guerreiro, ele resolve enfrentar Kalisk, um super monstro que é supostamente imortal.

O problema é que esse bichão vive em um planeta onde existe uma centena de ameaças tão grandes quanto ele. Nessa saga, Dek vai contar com a ajuda de Thia (Elle Fanning), uma androide avariada que ele encontra no meio do caminho.

A ideia de acompanhar o ETzão numa jornada nem é tão novidade (algo parecido já havia acontecido no famigerado Alien vs. Predador). Mas vê-lo alçado à categoria de anti-herói. lutando por justiça e fazendo amizades é bem esquisito.

Antes de qualquer coisa, falta carisma a Dek (e nem é pela clássica feiura da criatura). Pela personalidade do Predador, estabelecida ao longo dos anos, não é possível lhe atribuir características clássicas de protagonista, como senso de humor ou transparência emotiva.

A interação com a sintética Thia tenta dar uma carga dramática à história, e por vária vezes servir de alívio cômico, só que fica bem deslocado. Também é preciso muita força de vontade para acompanhá-lo numa peregrinação que culminará apenas num objetivo pessoal.

Predador: Terras Selvagens, todavia, não é um estudo de personagem, então vamos à ação e efeitos especiais. Infelizmente, também não são lá grande coisa. O planeta Genna é até decepcionante, o design de produção foi bem preguiçoso na criação da fauna local e nenhum dos monstrengos é muito marcante. Nem a conexão com a franquia Alien (a Weyland-Yutani aparece como oponente) enche os olhos, poderia ser qualquer megacorporação do mal que tava ok.

Não dá para dizer, apesar de tudo isso, que Dan Trachtenberg estragou a franquia. Mas, ao final, fica muito óbvio que a intenção do realizador é levar a trama para uma espécie de aventura espacial, numa vibe mais próxima de filme de super herói do que de terror sci-fi de carnificina. Eu prefiro o Predador caçando e desmembrando humanos do que pagando de íntegro, porém fica a critério de cada um.

Escala de tocância de terror:

Direção: Dan Trachtenberg
Roteiro: Patrick Aison
Elenco: Elle Fanning, Dimitrius Schuster-Koloamatangi e Reuben de Jong
Origem: EUA

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CRÍTICA: Bom Menino (2025)

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Bom Menino

O filme que viralizou nos últimos meses, graças ao seu protagonista canino em um filme de terror, estreia em pleno Halloween, nos cinemas nacionais. No entanto, “Bom Menino” (Good Boy) não se resume apenas à fofura do doguinho (e adianto que ele é muito fofo mesmo).

Na trama, acompanhamos Indy, um cachorro leal que se muda com seu tutor para uma casa no meio da floresta, após o homem enfrentar um sério problema de saúde. O cão percebe imediatamente que há algo de errado com o local, e, com o tempo, essas manifestações sobrenaturais colocarão suas vidas em perigo.

Indy é, indiscutivelmente, a estrela do filme. Garanto que muitos atores gostariam de ter metade de seu carisma e presença de tela. Em poucos minutos de projeção, já estamos torcendo por ele. O trabalho de adestramento foi impecável, e é difícil imaginar o esforço que o realizador, que também é o tutor real do animal deve ter tido. Desde as cenas de afeto até as de terror, nota-se o cuidado e a boa realização em “Bom Menino“.

O diretor acerta ao usar enquadramentos e jogos de câmera quase sempre na perspectiva de Indy. Em alguns momentos, me lembrei do desenho dos Muppets Babies, em que nunca vemos o rosto da babá, embora aqui, em planos mais convencionais, sejam mostrados vislumbres ou o rosto inteiro dos personagens humanos.

O terror aqui é mais contido: uma sombra aqui e ali, vultos passageiros, mas sem o uso de trilha sonora alta ou aparições exageradas. O ritmo é lento, e a ambientação vai da casa inicialmente decrépita à mata semienevoada, com suas árvores sinistras.

Temos um longa envolto a uma atmosfera de desconforto e medo. Não espere sustos frequentes e jumpscares. Eles existem, mas em quantidade bem menor.

Apesar de em termos técnicos, a coisa funcionar, nem tudo são flores. Mesmo sendo um filme curto, com pouco mais de 70 minutos, é possível notar que a história seria mais bem contada em um curta ou média-metragem. Existem recursos narrativos que se repetem pelo menos três vezes em uma clara tentativa de esticar a duração.

A trama é a clássica da casa mal-assombrada, e a verdadeira inovação está em ser contada sob a perspectiva do cachorro. É algo eficiente que não teria o mesmo destaque se fosse narrada por humanos.

“Bom Menino” é uma agradável surpresa neste ano, dando novo fôlego a uma história que já vimos inúmeras vezes. Indy é um poço de carisma e fofura. Podem assistir sem medo, mas não espere um filme de gritos e sustos constantes.

Escala de tocância de terror:

Título original: Good Boy
Direção: Ben Leonberg
Roteiro: Ben Leonberg e Alex Cannon
Elenco: Indy, Shane Jensen, Arielle Friedman

* Filme visto em Cabine de Imprensa virtual promovida pela Espaço Z

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CRÍTICA: Medo Real (2025)

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Medo Real

Nesta temporada de Halloween de 2025, a Netflix trouxe para seus assinantes a série documental “Medo Real” (True Haunting), que aborda dois casos sobrenaturais ocorridos na história recente dos EUA. A produção ainda tem a grife de James Wan para agregar mais valor, mas será que vale seu tempo ou está mais para um derivado sem graça de tantas outras obras sobrenaturais?

As histórias mostradas são:
O Caso de Erie Hall: Nos anos 80, um jovem promissor consegue entrar numa renomada faculdade de NY. Entre estudos e farras, o jovem começa a ser assediado por uma força sobrenatural que cerca o local e que, com o tempo, se mostra uma ameaça a todos que o cercam.
Essa Casa Me Matou: Mostra uma família que se muda para a casa dos sonhos e acaba descobrindo que é um lar de pesadelos.

Esses eventos são mostrados ao longo de cinco episódios – três para o primeiro caso e dois para o segundo, respectivamente. A série conta com a presença de vários envolvidos, e seus relatos são dramatizados.

Embora seja em caráter documental, é inegável a influência da série de filmes “Invocação do Mal” nos momentos de dramatização. Inclusive, o casal Warren faz uma rápida participação em um dos casos (claro, interpretado por outros atores). O tom e a trilha sonora remetem muito aos filmes famosos, mas com uma vibe mais contida. Não espere sustos a cada cinco minutos.

Medo Real” tem alguns bons momentos exatamente por não optar por exageros, embora eles também existam, o que demonstra a indecisão dos realizadores sobre o tom que queriam dar ao material. A forma de conduzir as histórias lembra programas como “Linha Direta” e as matérias sobrenaturais vistas no “Domingo Legal” nos anos 90. Sim, existem programas assim no exterior, e inclusive alguns produtores daqui são desse tipo de programa, mas quis usar exemplos nacionais.

No geral, a série é bacana, servindo mais como uma diversão escapista do que algo sério e relevante. Não existem contrapontos para a história, e, para mim, essa é a pior falha – não dá para acreditar em tudo o que é mostrado como verdade absoluta.

Finalizando, “Medo Real” é uma série relativamente curta, com episódios de cerca de 30 minutos, que se mostra superior (mas nem tanto) ao que normalmente chega ao catálogo de originais da Netflix quando o assunto é terror.

Escala de tocância de terror:

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