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CRÍTICA: Frankenstein’s Army (2013)

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Por Júlio Cesar Carvalho

Antes de tudo, vamos pensar sobre o objetivo de um filme “found footage”. Esse estilo de cinema tem como meta jogar no inconsciente do telespectador, durante a projeção, que tudo ali mostrado foi verdadeiro. Registros verídicos: um achado. Para isso, além de um roteiro convincente e bons atores, precisa-se de um cuidado técnico que traduza isso visualmente a cada sequência exibida. Filmes como HOLOCAUSTO CANIBAL, A BRUXA DE BLAIR, NOROI, e os mais recentes [REC] e CLOVERFIELD, conferem essa realidade contextual perfeitamente. Isso graças aos cuidados com a edição, fotografia e etc, procurando manter fidelidade com a proposta.

E no quesito found footage, caro leitor(a), FRANKENSTEIN’S ARMY falha miseravelmente!

A premissa é muito boa: recém terminada a II GUERRA MUNDIAL, um pelotão especial russo parte em uma missão de resgate e todo o trajeto vai sendo registrado por um dos soldados. Só que as coisas vão ficando tensas quando no caminho, corpos bizarramente deformados vão sendo encontrados. Até que estranhas criaturas começam a surgir promovendo um verdadeiro massacre.

Frankenstein's Army Movie

FOUND FOOTAGE? Podia até ser, mas logo nas primeiras imagens feitas pela câmera de mão do pelotão, nota-se uma imagem com movimentos normais (não os acelerados típicos da época), nítida e colorida, lembrando até as de uma super-8 com pouca granulação. Não é preciso ser um expert no assunto pra perceber a falta de coerência. Ora, nem imagens oficiais de Hitler na época da guerra tem essa qualidade toda. Tá certo que bem antes, em 1865, Thomas Edson havia apresentado ANABELLE`S DANCE, o que seria o primeiro registro filmado em cores (pintadas à mão).

Mais adiante, em 1912, foram feitos uns testes com um tal sistema Chronochrome e em 1922 a Kodak realizou experiências com um tipo de película chamada Kodachrome. Quando o famoso Tecnicolor surgiu pela primeira vez com BECKY SHARP (1935) era uma exclusividade de Hollywood e mesmo assim não tem metade da qualidade das imagens desse registro russo apresentado no filme. Ora, se nem o exército alemão usava Tecnicolor para registros eventuais durante a guerra, quanto mais aquele pelotão russo. Em suma, esse grande detalhe tira toda essência “verídica” da coisa.

Mas não para por aí. Os soldadinhos russos falam INGLÊS: CARALHO, EM INGLÊS, LOGO OS RUSSOS!?!?! E um deles é de uma cidadezinha da Polônia, mas domina o inglês também. Aí vocês devem pensar que o filme foi feito pra o mundo e etc… mas só que quando aparecem soldados alemães na trama, eles falam ALEMÃO. Parabéns, realizadores feladaputas! Mas tudo bem, vai que, na década de 40, eles fizeram um CCAA da vida lá em Moscou e resolveram praticar durante a missão, mesmo sem cruzar com um americano sequer no caminho, né?

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Relevando tudo isso, você continua assistindo pois quer ver as tais criaturas tão prometidas nos trailers, cartazes e em todo material promocional. Quando a busca vai se aprofundando, eles descobrem um lugar aparentemente abandonado e lá encontram os monstros responsáveis pelas atrocidades que haviam presenciado até ali. E não é que as criaturas são legais? Que bom! Porque se toda a base do filme já tava cagada por natureza, tinha que pelo menos isso ser digno. O visual dos “soldados” do exército criado pelo médico nazista, além de bizarro, tem sempre suásticas enfeitando seus trajes. Muito criativos e cabulosos. Destaque para o ajudante do Doutor. Não vou descrevê-los pra não estragar a surpresa da única coisa que presta aqui.

A partir desse momento, se você esquecer que é um found footage, o filme fica legal. Tem muito gore e efeitos artesanais bem legais. Tem uma reviravolta já clichê, mas que passa quando conhecemos o pai das criaturas. É quando o roteiro fica até meio interessante com a revelação da sua origem. De todo modo, parabéns ao estreante Richard Raaphorst que escreveu e dirigiu o filme.

FrankensteinsArmy-21

Mas em suma, FRANKENSTEIN’S ARMY é uma cagada cinematográfica que pecou feio pela escolha do formato found footage, comprometendo assim, a boa premissa do roteiro. A única coisa que se salva são as criaturas, o que é uma pena, pois o pau já estava afogado em bosta pela má execução da “câmera na mão”.

Nota: Confiram abaixo um footage colorido da época da II Guerra Mundial em que Hitler aparece só pra ter uma ideia de como, no mínimo, esse filme deveria parecer.

Direção: Richard Raaphorst
Roteiro: Richard Raaphorst
Elenco: Robert Gwilym, Hon Ping Tang, Alexander Mercury
Origem: Holanda, EUA, República Checa

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=uFVvXC2hZko&w=420&h=315]

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Anarquista, quase cinéfilo, diretor de arte, fotógrafo, cervejeiro, rockeiro doido e crítico/podcaster do Toca o Terror

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0 Comments

  1. gwpj000

    22 de fevereiro de 2014 at 15:47

    Concordo a unica coisa de bom no filme são as criaturas e se fosse pra ser rodado com a qualidade da Segunda Guerra ninguem assistiria alem de que seria bem curto

  2. Geraldo de Fraga (@geraldodefraga)

    23 de fevereiro de 2014 at 15:21

    Quanto ao idioma falado pelos personagens, acho exagero. Mas sobre o tipo de imagem, eu sigo o relator. Se é pra fazer um found footage da II Guerra Mundial, que façam direito… Em suma não vi o filme. Se eu assistir algum dia, digo o que achei.

  3. Kurtwood Smith (@ThiagoXavier)

    24 de fevereiro de 2014 at 17:19

    “…o pau já estava afogado em bosta…” – Júlio PRECISA fazer uma camiseta com essa frase!

    Quanto ao filme, voto com o relator. Se era para ser com uma qualidade tão boa, fizesse nos dias atuais, e não hoje em dia.

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CRÍTICA: Extermínio – A Evolução (2025)

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Extermínio - A Evolução

Quer arruinar uma franquia e não sabe como? Pergunte a Danny Boyle e Alex Garland. Fizeram juntos o primeiro hit de filmes de “zumbis/infectados” nos anos 2000 com o primeiro Extermínio(28 Days Later) para chegar agora com um arremedo das piores temporadas de “The Walking Dead” e “Guerra Mundial Z” em paisagens rurais.

Cercado de expectativas, o novo longa desses “pioneiros” na revitalização do gênero acabou repleto de soluções fáceis e uma história forçada com cenas que explodem de clichês. Da premissa original, praticamente o que conhecemos da franquia só aparece no começo pra contextualizar a parada. Poucos minutos depois, surge o título na tela e é como se “Extermínio – A Evolução” fosse outro negócio. É quando começam a despontar coisas, no mínimo, questionáveis.

Pois bem… de 28 dias, passaram-se 28 semanas e agora são 28 anos no pobre reino da Grã-Bretanha. O fato é que o vírus da Raiva do Cão Chupando Manga se alastrou de forma incontrolável pela Inglaterra e os países na Europa acharam por bem isolar o país numa quarentena sem fim. A ilha ficou em estado de Gaza sem ajuda e sem nenhum tipo de empatia por parte do mundo. Então quem ficou por lá já se presume que morreu ou está como um morto-vivo ambulante.

Mas ainda assim, existem sobreviventes que estão em uma pequena aldeia em uma ilhota ligada ao continente por uma passagem estreita que só pode ser usada na maré baixa. É nesta típica aldeia de recursos escassos que vivem Spike (Alfie Williams), seu pai aventureiro Jamie (Aaron Taylor-Johnson) e sua mãe Isla (Jodie Comer), que sofre de uma doença crônica não-detectada.

Vez por outra os habitantes da aldeia cruzam a travessia e vão caçar e treinar seus filhos em um terreno bem maior que o povoado onde se abrigam. É por lá que Spike vai aprender a matar infectados e ter um primeiro contato com uma Inglaterra devastada e isolada do mundo. É também quando os problemas de “Extermínio – A Evolução” começam a ficar evidentes…

Não satisfeitos com os inserts, flashbacks e placas/legendas que mostram até para o espectador mais desavisado o que está acontecendo, Boyle/Garland metem um “dadsplaining” em que Jamie vai detalhando tudo o que se passa a seu filho. Aparentemente é tudo coisa que a escola da vila não ensina às crianças e jovens da ilha.

É graças a essas divagações que começamos a ver que não existem só os infectados-maratonistas tão conhecidos do primeiro filme. Agora existem também os Rastejadores(!), que são infectados obesos que se arrastam de forma discreta e silenciosa… E como se não bastasse isso, temos aqui os infectados “Alfa” que são mais fortes e inteligentes que os demais. Qualquer semelhança com produções ruins tipo “Army of the Dead” não é lá muita coincidência, tendo em vista que até infectada grávida aparece em cena.

Na tentativa de tentar dar um viés crítico e mais político à trama, militares vindos de uma certa organização do Atlântico Norte surgem do nada no meio da história para ajudar a situar os personagens sobre o que está acontecendo no mundo exterior. E se você pensa que já viu coisa demais, creia que o longa ainda cai na cafonice trazendo uma tentativa de superação de traumas e conformismo com a morte.

Se no primeiro filme, a raiva era transmitida por animais e as pessoas tinham o maior receio em até estar junto deles, aqui vemos até os pássaros beberem sangue de infectados sem acontecer nada demais. Isso sem falar do descuido dos humanos sadios em entrar em contato com o sangue dos doentes no meio da confusão generalizada.

Incoerente e repleto de situações que extrapolam nossa boa vontade, “Exterminio – A Evolução” só vale a pena assistir se você não tiver visto nenhum outro filme de mortos-vivos nos últimos 28 anos.

Escala de tocância de terror:

Titulo original: 28 Years Later
Direção: Danny Boyle
Roteiro Alex Garland
Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Jodie Comer, Alfie Williams e mais
Ano de lançamento: 2025

* Filme visto em Cabine de Imprensa promovida pela Espaço Z no Cinemark RioMar Recife

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CRÍTICA: Prédio Vazio (2025)

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Prédio Vazio

“Quer viver um sonho lindo que eu vivi?
Vá viver a maravilha de Guarapari”

Assim diz a letra da antiga valsinha de Pedro Caetano interpretada por Nuno Roland. Cidade do litoral do Espírito Santo, Guarapari fica bastante animada no verão, especialmente durante o carnaval onde costuma ser muito visitada por turistas. Em baixa temporada acaba sendo uma ótima pedida para curtir alguns dias de descanso, comer um peixe e tomar uma cerveja num quiosque à beira do mar.

E é buscando viver o sonho guarapariense que Marina (Rejane Arruda) resolve juntar-se ao companheiro para curtir a folia de momo no início de “Prédio Vazio“. Porém o sonho começa a virar pesadelo ao se hospedar em um antigo e decrépito edifício onde nada funciona… Enquanto conversa ao telefone com a filha, Marina presencia a morte de uma antiga moradora do prédio e, para completar, descobre que o parceiro a traiu. Ao entrar em uma violenta briga com ele, o embate só não tem um final trágico graças à intervenção da zeladora Dora (Gilda Nomacce) que nocauteia o brutamontes com um martelo.

Preocupada com a mãe, Luna (Lorena Corrêa) decide ir para Guarapari e o simpático e apaixonado Fábio (Caio Macedo), mesmo contra a vontade dela, vai junto. Lá chegando, dão de cara com a porta do Edifício Magdalena que, com o final da temporada, parece completamente vazio. Dando um “jeitinho” de conseguir entrar no prédio o casal vai descobrir da pior forma que, contrariando o título do filme, o prédio de vazio não tem nada!

O diretor Rodrigo Aragão, que o Toca o Terror acompanha a obra há muito tempo (a gente exibiu A Noite do Chupacabras em 2013!) e também já teve o prazer de encontrar e bater papo algumas vezes, dessa vez resolve contar uma história mais urbana, ambientada em sua cidade natal.

Rodrigo, entre quilos de maquiagem e galões de sangue falso, gosta de abordar algumas temáticas sociais e em Prédio Vazio não fez diferente. O filme além de ser um conto de fantasmas, também é uma crítica ao desmatamento e consequente crescimento urbano desenfreado. “Um desperdício de espaço” como diz o motorista que leva Luna e Fábio ao amaldiçoado edifício.

O decadente Edifício Magdalena, fruto da direção de arte de Priscilla Huapaya, remete aos filmes de Bava e Argento, com seus vitrais coloridos dando deixa para a fotografia de Alexandre Barcelos usar uma paleta com tons esverdeados e/ou avermelhados nos personagens. O prédio, obviamente, também traz similaridades ao elevador e os corredores de “O Iluminado“, de Stanley Kubrick. Algumas das mortes (das agora almas atormentadas) que nos são apresentadas por flashbacks ou pelo prólogo, como é o caso do simpático casal de velhinhos, impactam pela caprichada maquiagem e efeitos práticos com a assinatura do parceiro de longas datas, Joel Caetano, e supervisionadas pelo próprio diretor.

Algumas coisas infelizmente não funcionam tão bem em “Prédio Vazio“: a montagem, que só engata no último terço do filme, quando a obra abraça aspectos mais surreais. Em relação ao elenco, o casal protagonista não tem uma química muito boa apesar dos personagens funcionarem de forma independente e algumas escolhas estéticas também não me agradaram (aí é questão pessoal). Mas isso não atrapalha o conjunto da obra que é mais uma mostra do comprometimento, esmero e amor ao gênero que o diretor tem mostrado em toda sua carreira.

Curiosidades: O filme faz parte de um projeto chamado “Filme-Escola” onde Aragão aproveita a realização da obra para ensinar um grupo de alunos a fazer cinema (dessa vez foram mais de 100 pessoas!). Os fãs poderão perceber vários easter eggs remetendo a outros filmes do “Aragãoverso”, como “O Cemitério das Almas Perdidas” e “A Mata Negra“. Houve ainda a estreia da filha mais nova do casal Rodrigo Aragão e Mayra Alarcón (que também faz uma pontinha em uma cena em que sai do elevador), Alícia Margarida Aragão.

Prédio Vazio, que estreou no 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, recebeu o Prêmio Retrato Filmes de distribuição no valor de R$ 100.000,00 (Cem mil reais), garantindo sua chegada aos cinemas no próximo 12 de junho. Prestigiem!

Escala de tocância de terror:

Título original: Prédio Vazio
Diretor: Rodrigo Aragão
Roteiro: Rodrigo Aragão
Elenco: Rejane Arruda, Gilda Nomacce, Lorena Corrêa e Caio Macedo
Origem: Brasil
Ano de produção: 2024

* Filme visto em pré-estreia promovida pela Sinny Comunicação e Retrato Filmes

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CRÍTICA: Rua do Medo – Rainha do Baile (2025)

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Rua do Medo - Rainha do Baile

Comprada pela Netflix, a franquia “Rua do Medo” (Fear Street) se revelou um baita sucesso para a plataforma de streaming. Os primeiros filmes arrebataram tanto os fãs dos livros em que foi baseada, como também um novo público. E agora quatro anos depois daquele primeiro lançamento, um novo filme foi lançado.

No ano de 1988, a cidade de Shadyside está prestes a presenciar mais um massacre quando um misterioso assassino mascarado está eliminando todas as candidatas a Rainha do Baile e qualquer um que apareça em seu caminho. Alheias a isso num primeiro momento, as candidatas se envolvem em dramas teens no mesmo estilo Meninas Malvadas (2004) e vão em breve descobrir que os problemas adolescentes são os menores dos problemas que enfrentarão.

Eu já adianto que não sou grande fã da franquia. Gostei mesmo do segundo filme “Rua do Medo: 1978” (2023) que é uma homenagem aos slashers de acampamento. Partes do terceiro filme da saga, “Rua do Medo: 1666” (2023) também merece uma olhada, já que ele segue a linha do folk horror. Dito isso, não estava muito animado com o hype para esse novo capítulo da saga.

Ainda assim posso dizer que a produção me surpreendeu. E como era de se esperar, “Rua do Medo: Rainha do Baile” é um divertido slasher teen no melhor e pior sentido. A estrutura básica é a mesma de sempre, podendo ter desenvolvido mais a maioria das personagens para que não fossem só pedaços de carne indo para o abate. Eu sei que a maioria dos slashers são assim e eu amo, mas seria um diferencial. A protagonista tem um bom pano de fundo e a atriz é carismática, coisa que não aconteceu com as protagonistas dos filmes anteriores.

A direção é bem convencional e poderia ter brilhado nos momentos de perseguição, mas eu acho que o diretor estava com certa preguiça de criar tensão nesses momentos ou medo de deixar o público alvo muito nervoso. Agora, onde o filme brilha mesmo são nas sequências de assassinatos. O sangue jorra e o longa brilha prestando homenagens a slashers não tão conhecidos como “Quem Matou Rosemary“, “Pouco Antes do Amanhecer” e, claro, “A Morte Convida Para Dançar“. Todos vindos dos anos 80.

Resumindo… “Rua do Medo: Rainha do Baile” diverte a quem curte slashers. O filme é meio boboca e sangrento, mas mesmo sem ter muitas conexões com os filmes anteriores, isso não me irritou. E por isso mesmo pode ser visto de forma isolada pra quem ficou com preguiça de ver os demais da série.

Escala de tocância de terror:

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