Críticas
EVENTO: Estúdio Hammer – A Fantástica Fábrica de Horror (Jan/2021)
A mostra Estúdio Hammer – A Fantástica Fábrica de Horror exibirá 30 longas-metragens, produzidos entre as décadas de 1950, quando foram lançados os primeiros filmes de terror do estúdio, passando pelo auge dos anos 1960, até o início da sua decadência nos anos 1970. São filmes que tem uma legião de fãs no mundo todo e que são, até hoje, cultuados, copiados, parodiados e reverenciados.
As sessões dos filmes acontece de forma presencial, nos cinemas dos CCBBs. Em São Paulo, a mostra acontece de 20 de janeiro a 8 de fevereiro, de quarta-feira a domingo. Serão realizados também eventos on-line: uma masterclass (21/01, 19h) com o cineasta Rodrigo Aragão, a maior referência em filme de terror no Brasil; dois debates (28/01 e 04/02 às 19h); e um curso de duas aulas com o curador Eduardo Reginato (27/01 e 3/02 às 19h). Os links para as atividades on-line, com capacidade para 500 pessoas, serão divulgados na página www.facebook.com/mostraestudiohammer. Tudo gratuito. O projeto é patrocinado pelo Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Os curadores Eduardo Reginato e Danilo Crespo destacam, entre os títulos da mostra, o primeiro filme do Estúdio Hammer com o Conde Drácula: O Vampiro da Noite (Horror of Dracula, 1958), com os atores que se tornariam os grandes astros do gênero – Peter Cushing e Christopher Lee; uma versão do clássico de Sherlock Holmes O Cão dos Baskervilles (The hound of the Baskervilles, 1959); os filmes de múmias e monstros de Frankenstein que tem um toque especial, diferente dos clássicos americanos, como A Maldição da Múmia (The curse of the mummy’s tomb, 1964) e O Horror de Frankenstein (The horror of Frankenstein, 1970); além de Atração Mortal (The vampire lovers, 1970), uma história de vampiras sensuais que aterrorizam um vilarejo.
“O segmento de horror dos Estúdios Hammer surgiu devido a imensa demanda dos adolescentes e jovens adultos por histórias mais violentas, sensuais e aterrorizantes diferentes da morna e conservadora programação da TV inglesa. No Brasil, os filmes eram exibidos nas sessões da madrugada nas TVs nos anos 1970 e 1980. Era comum as crianças e adolescentes fingirem dormir até o momento da madrugada em que o filme da Hammer começaria e na ‘clandestinidade’ ligar a TV para assistir um delicioso filme de terror que mais divertia do que assustava”, comenta Eduardo Reginato.
O Estúdio Hammer era uma pequena produtora britânica de produção familiar que dominou o mercado global de terror e continua sendo altamente influente. A Hammer ressuscitou os ícones góticos descartados por Hollywood após a II Grande Guerra em filmes elegantes, sensuais e violentos que capturaram a essência da forma literária original e funcionaram como reflexos sombrios do drama convencional, da mesma forma que narrativas góticas inverteram o realismo oitocentista. Embora a idade de ouro do Hammer tenha terminado no início dos anos setenta, a marca continua sendo sinônimo de horror e o estúdio, muito parecido com Drácula, saiu recentemente do túmulo e voltou a produzir novos filmes.
Durante 40 anos o Estúdio Hammer produziu mais de 300 obras. Seus filmes lançaram estrelas que se tornaram lendas do cinema, foram dirigidos por grandes cineastas e são marcados por compositores talentosos. O legado do Hammer ajudou a revitalizar todo um gênero de histórias, deu origem a alguns dos maiores talentos da Grã-Bretanha e continuou a inspirar outros filmes como The Rocky Horror Picture Show, The Mummy (versões de Brendan Fraser e Tom Cruise) e muitos outros.
ESTÚDIO HAMMER – A FANTÁSTICA FÁBRICA DE HORROR
De janeiro a fevereiro de 2021
CCBB RJ – 6 de janeiro a 1º de fevereiro
CCBB SP – 20 de janeiro a 8 de fevereiro
CCBB DF – 2 a 21 de fevereiro
Confira a Programação completa
Ingresso: ENTRADA FRANCA
Patrocínio: Banco do Brasil
Curadoria: Eduardo Reginato e Danilo Crespo
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
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Críticas
CRÍTICA: Pecadores (2025)
“Se você continua a dançar com o diabo, um dia ele vai te seguir até sua casa.”
Estas são as palavras do pastor Jedidiah para o filho que volta para casa, como na parábola do filho pródigo. Cansado, machucado e arrependido, ele é a testemunha dos acontecimentos que conheceremos ao longo da história de Pecadores (Sinners).
Mississippi, 1932. Os irmãos Elias e Elijah, mais conhecidos como Fuligem e Fumaça (interpretados por Michael B. Jordan), retornam à sua cidade natal após uma temporada em Chicago, com o objetivo de abrir um juke joint (um tipo de inferninho com comida farta, bebida, jogatina e muita música) e recomeçar suas vidas. Para a inauguração do estabelecimento, os gêmeos começam a reunir sua “trupe”.
É assim que conhecemos ‘Pastorzinho’ Sammie (o cantor Miles Caton, em sua estreia), o jovem do começo do filme, primo dos gêmeos, que, apesar da pouca idade, se mostra um talentoso bluesman. O pianista Delta Slim (Delroy Lindo, fazendo jus ao sobrenome como sempre), os Chow (Yao e Helena Hu), Cornbread (Omar Miller) e Annie (Wunmi Mosaku), ex-esposa de Fumaça e sacerdotisa hoodoo, que será responsável pela cozinha do lugar (e também por explicar aos demais os acontecimentos sobrenaturais que virão). Com a chegada inesperada de Mary (Hailee Steinfeld), ex-namorada de Fuligem, o núcleo está completo.
Ryan Coogler, que dirigiu anteriormente filmes como Creed: Nascido para Lutar e os Pantera Negra, não tem pressa em chegar às vias de fato: dedica a primeira hora de Pecadores a um drama com tons ensolarados e ritmo refinado.
O foco está na construção cuidadosa de um mundo marcado pela persistente sombra da escravidão e pelas desigualdades de um Sul dos Estados Unidos em que pessoas que acordam antes do amanhecer para colher algodão recebem o pagamento em moedas de madeira ou títulos de plantação, em vez de dinheiro; presidiários acorrentados trabalham nas estradas; e a Ku Klux Klan que pode, a qualquer momento, bater à sua porta.
Nessa realidade, o blues oferece uma fuga e uma cura. A música, que permeia todo o filme, é refúgio e ponte entre o passado e o futuro. Isso é demonstrado de forma magistral em um dos momentos mais belos — e ao mesmo tempo estranhos — do filme, durante a inauguração do empreendimento dos gêmeos. Mas tanta energia positiva, gerada por aqueles que são musical ou metafisicamente talentosos, acaba atraindo seu oposto. E é aí que entra o charmoso e ameaçador Remmick.
Remmick (Jack O’Connell) bate à porta de Bert (Peter Dreimanis) e sua esposa Joan (Lola Kirke) — que logo descobrimos serem membros da KKK —, pedindo ajuda e alegando estar sendo perseguido por “terríveis indígenas”. No entanto, tudo não passa de um disfarce para conseguir ser convidado a entrar na casa deles. O convite selará seus destinos (e também mudará o ritmo da história dali em diante).
Apesar de ser o primeiro trabalho totalmente autoral de Coogler, Pecadores também confirma parcerias de longa data. O compositor Ludwig Göransson e Michael B. Jordan estão presentes em todos os filmes do diretor. O mesmo vale para a montagem de Michael P. Shawver. A direção de fotografia é de Autumn Durald Arkapaw, que também trabalhou em Pantera Negra: Wakanda para Sempre. Enfim, trata-se de um filme em que o entrosamento da equipe é notável e que Ryan conduz como um blues de Buddy Guy (que faz uma pontinha na cena entre-créditos): de vez em quando tem umas notinhas fora, mas ainda assim é uma obra-prima.
P.S.: Tem uma cena pós-créditos que quem gostou do filme, como eu, vai curtir.
P.S.2: Não vou postar teaser nem trailer pois eles têm muita revelação desnecessária. Aliás, façam como eu e não leiam mais nada além dessa resenha, nem assistam os trailers de Pecadores. Apenas vão pro cinema e assistam (no IMAX, se possível).

Título original: Sinners
Diretor: Ryan Coogler
Roteiro: Ryan Coogler
Elenco: Michael B. Jordan, Miles Caton, Delroy Lindo
Origem: EUA
Ano de produção: 2024
* Filme visto em pré-estreia promovida pela Espaço Z no IMAX do UCI Recife
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Críticas
CRÍTICA: Presença (2025)
No fim de 2024, o anúncio do novo filme de Steven Soderbergh surge dando o que falar. Primeiro por se tratar de um filme de gênero do diretor e, segundo, por prometer nos colocar literalmente no ponto de vista do malassombro.
Em PRESENÇA (Presence), acompanhamos a rotina de uma família que acaba de chegar de mudança, porém nunca saímos da casa, pois, como dito, vemos tudo pelo olhar da presença sobrenatural que ali habita. Nesta dinâmica, vagamos com o fantasma por todos os cômodos, sempre procurando ficar perto dos personagens, ora evitando ser notado, ora interagindo com o ambiente.
É interessante que de início temos uma estranheza por estarmos no ponto de vista da tal presença, mas não demora pra nos acostumarmos ao ponto de chegarmos a ser o malassombro em si. É legal que suas – ou seriam nossas? – Interações físicas com as personagens e ambiente são simples, eficazes e críveis. Detalhe que a câmera não flutua, mas anda com movimentos humanos reforçando sempre que este personagem existe em cena.
Seteven Soderbergh é um cineasta com uma longa trajetória no audiovisual. Desde a década de 80 vem realizando vídeos clipes, curtas, séries, filmes etc, somando mais de 40 anos de carreira com produções undergrounds e mainstreams, sempre buscando experimentar formatos com muito apuro estético. Como o parâmetro geral é o Oscar, ele já teve 3 indicações, vencendo em 2001 pela direção de TRAFFIC. Para além, ele tem muitos filmes conhecidos como ONZE HOMENS E UM SEGREDO, 2 longas sobre Che Guevara (um deles com Rodrigo Santoro no elenco), CONTÁGIO, que foi amplamente revisitado durante a pandemia da COVID-19, um remake de SOLARIS e muitos outros.
Aqui em PRESENÇA, o cineasta também busca experimentar. Agora com uma câmera de mão e uma lente 14mm que funciona como o olhar do espírito – e nosso! – que passeia pelos cômodos da casa. O uso de mínimo de equipamentos não é uma novidade na filmografia de Soderbergh. Vide o seu interessante DISTÚRBIO (Unsane, 2017), também de terror, que foi filmado só com um iPhone 7.
Estamos diante de um caso raro em que a busca pelo realismo funciona sem perder a magia. Soderbergh trabalha o drama familiar de uma forma tão palpável que beira a realidade. Os diálogos soam naturais e precisos, rendendo momentos legitimamente ternos e tensos. Apesar de termos a veterana Lucy Liu, que vive a mãe, no elenco, é focada na sua filha Cloe, vivida por Callina Liang, na qual todas as motivações pairam. Os outros arcos das demais personagens são muito bem trabalhados também.
Apesar das qualidades, nem tudo é legal aqui. Por exemplo, o excesso de cortes secos com longas pausas em tela preta que sinalizam saltos temporais. Isso não seria um problema se não fosse pela quantidade e em curtos espaços de tempo. Essas interrupções constantes podem incomodar e até tirar da imersão pretendida que vinha sendo bem construída. Algo que também pode desagradar, é a simplicidade de toda situação. Pra quem espera sequências mais elaboradas, tão comuns e esperadas em filmes da mesma temática, a falta de muita “pirotecnia” pode soar frustrante.
Simples, direto e eficaz, PRESENÇA acerta o tom dentro do formato proposto, entregando exatamente o que promete sendo um ótimo começo de ano para o terror. Sem contar que é sempre bom ver cineastas de longa data se aventurando em filmes “menores” e de gênero.

Título original: Presence
Diretor: Steven Soderbergh
Roteiro: David Koepp
Elenco: Lucy Liu, Chris Sullivan, Callina Liang
Origem: EUA
Ano de produção: 2024
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Críticas
CRÍTICA: Desconhecidos (2025)
A graça de ver filmes em uma narrativa não-linear é que a todo instante nossa atenção está em jogo para ligar os pontos e entender melhor a história como um todo. É com base neste recurso de edição que “Desconhecidos” (Strange Darling) de JT Mollner se dá bem.
É explicado desde o início que esta é uma história em seis capítulos. Sendo que o filme já começa no Capítulo 3! E esta é justamente uma das sequências mais instigantes do longa para prender a atenção do espectador desde o começo.
O lance, é que nesta aparente perseguição entre homem e mulher em alta velocidade, sabemos muito pouco sobre cada um deles. A introdução de quem é quem e suas motivações só aparece na parte 5 de “Desconhecidos“, que equivale ao “Capítulo 2”.
Pode parecer confuso, mas funciona como um slasher também. Ainda assim, a Miramax que lançou o filme não estava botando fé e tentou na pós-produção organizar o filme em um formato convencional na ordem em que as cenas ocorrem sem consentimento do diretor.
Diante dessa briga, JT Mollner retomou as rédeas da obra se apegando a cláusulas contratuais. E foi possivelmente por conta desse impasse que estamos vendo este filme sendo lançado tão tardiamente.
Mesmo passando metade de “Desconhecidos” sem termos certeza de quem está com razão ou quem é a real vítima, a atuação de Willa Fitzgerald é a que engrandece um filme com um roteiro aparentemente tão simples, mas cheio de reviravoltas. Mas se o título nacional se refere de forma vaga aos principais personagens, isso também se deve porque eles não tem nome na trama. Foi até uma boa sacada.
Veja sem ficar com pé atrás e curta a diversão regada a sangue e muitos tiros.

Título original: Strange Darling
Diretor: JT Mollner
Roteiro: JT Mollner
Elenco: Willa Fitzgerald, Kyle Gallner, Madisen Beaty, Barbara Hershey e outros
Ano de lançamento: 2025
* Filme visto em Cabine de Imprensa virtual promovida pela Espaço Z e Paris Filmes
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