Críticas
CRÍTICA: Machete Kills (2013)

Por Geraldo de Fraga
Se o primeiro Machete não foi um primor, pelos menos víamos ali uma homenagem mais do que justa aos filmes de ação de baixo orçamento e de violência explícita dos anos 70. Além disso, o trailer falso de Grindhouse que virou filme de verdade colocava um dos atores mais carismáticos do cinema de porrada pela primeira vez como protagonista de uma grande produção hollywoodiana.
Mas na continuação Machete Kills, o antes eterno coadjuvante Danny Trejo, alçado agora ao patamar de astro, se junta à várias outras figurinhas carimbadas apenas para pagar um mico gigantesco. Mico esse igual ou até mesmo maior do que as produções da Asylum que Trejo, vira e mexe, participa para completar o orçamento.

É claro que em um filme que homenageia algum estilo específico, o espectador quer ver ali todos os clichês que permeiam essas obras. No caso de Machete Kills, queremos cenas onde o sangue jorre feito água, mulheres fiquem seminuas e ocorram situações de perigo onde o moçinho se salve de maneiras absurdas.
Machete Kills começa com o nosso herói trabalhando como agente de imigração nos EUA. Após um má sucedida operação na fronteira do México, ele é convocado pelo próprio presidente americano (Charlie Sheen) para uma missão. Machete terá que invadir o seu país natal para dar cabo de um terrorista que está de posse de um míssil e sua intenção é lança-lo sobre Washington.

A primeira metade do filme agrada e muito. Robert Rodriguez começa acertando a mão nos presenteando com cenas de ação estapafúrdias e hilárias, além de várias decaptações. Mas do meio para o fim, o roteiro descamba. Os novos elementos que o diretor lançou no universo do vingador mexicano para “agitar” a trama foi na verdade um tiro no pé. Não dá para dizer o que é de fato essa reviravolta, pois consistiria em spoilers.
Se Rodriguez quisesse mesmo atingir o público que curte exploitation manteria a pegada do primeiro Machete com um história simples, tiros e mulher gostosa. Foi essa característica que fez esse tipo de obra cativar tantos fãs aos longos dos anos. A pura e simples vingança era motivo suficiente para massacrar uma gangue inteira de criminosos. Rodriguez parece que esqueceu disso.

Outra coisa que funcionou muito bem em algumas produções do diretor mexicano, como Sin City e até mesmo no primeiro Machete, aqui atrapalha mais do que ajuda. Estou falando do extenso elenco de atores famosos interpretando personagens pra lá de caricatos, nesse caso os vilões do filme. Seria divertido se eles não ficassem tão pouco tempo em cena e terminassem sendo descartáveis. Nem Tom Savini teve o devido respeito.
Provavelmente pensado para ser uma trilogia, Machete Kills acabou com qualquer esperança de franquia pelo fraco desempenho que teve nas bilheterias americanas (o que deve fazer com que o filme saia direto em DVD aqui no Brasil). Ainda bem, pois o gancho deixado para um possível terceiro longa foi ridículo. Machete não deve matar mais ninguém tão cedo.
Nota: 4,0 (Eu poderia dar 5, se tivesse peitinhos. E 4,0 não é 4 estrelas!)
Direção: Robert Rodriguez
Roteiro: Kyle Ward, Robert Rodriguez
Elenco: Danny Trejo, Alexa PenaVega, Mel Gibson
Origem: Rússia, EUA
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CRÍTICA: Bom Menino (2025)

O filme que viralizou nos últimos meses, graças ao seu protagonista canino em um filme de terror, estreia em pleno Halloween, nos cinemas nacionais. No entanto, “Bom Menino” (Good Boy) não se resume apenas à fofura do doguinho (e adianto que ele é muito fofo mesmo).
Na trama, acompanhamos Indy, um cachorro leal que se muda com seu tutor para uma casa no meio da floresta, após o homem enfrentar um sério problema de saúde. O cão percebe imediatamente que há algo de errado com o local, e, com o tempo, essas manifestações sobrenaturais colocarão suas vidas em perigo.
Indy é, indiscutivelmente, a estrela do filme. Garanto que muitos atores gostariam de ter metade de seu carisma e presença de tela. Em poucos minutos de projeção, já estamos torcendo por ele. O trabalho de adestramento foi impecável, e é difícil imaginar o esforço que o realizador, que também é o tutor real do animal deve ter tido. Desde as cenas de afeto até as de terror, nota-se o cuidado e a boa realização em “Bom Menino“.

O diretor acerta ao usar enquadramentos e jogos de câmera quase sempre na perspectiva de Indy. Em alguns momentos, me lembrei do desenho dos Muppets Babies, em que nunca vemos o rosto da babá, embora aqui, em planos mais convencionais, sejam mostrados vislumbres ou o rosto inteiro dos personagens humanos.
O terror aqui é mais contido: uma sombra aqui e ali, vultos passageiros, mas sem o uso de trilha sonora alta ou aparições exageradas. O ritmo é lento, e a ambientação vai da casa inicialmente decrépita à mata semienevoada, com suas árvores sinistras.
Temos um longa envolto a uma atmosfera de desconforto e medo. Não espere sustos frequentes e jumpscares. Eles existem, mas em quantidade bem menor.

Apesar de em termos técnicos, a coisa funcionar, nem tudo são flores. Mesmo sendo um filme curto, com pouco mais de 70 minutos, é possível notar que a história seria mais bem contada em um curta ou média-metragem. Existem recursos narrativos que se repetem pelo menos três vezes em uma clara tentativa de esticar a duração.
A trama é a clássica da casa mal-assombrada, e a verdadeira inovação está em ser contada sob a perspectiva do cachorro. É algo eficiente que não teria o mesmo destaque se fosse narrada por humanos.
“Bom Menino” é uma agradável surpresa neste ano, dando novo fôlego a uma história que já vimos inúmeras vezes. Indy é um poço de carisma e fofura. Podem assistir sem medo, mas não espere um filme de gritos e sustos constantes.
 
Título original: Good Boy
Direção: Ben Leonberg
Roteiro: Ben Leonberg e Alex Cannon
Elenco: Indy, Shane Jensen, Arielle Friedman 
* Filme visto em Cabine de Imprensa virtual promovida pela Espaço Z
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Críticas
CRÍTICA: Medo Real (2025)

Nesta temporada de Halloween de 2025, a Netflix trouxe para seus assinantes a série documental “Medo Real” (True Haunting), que aborda dois casos sobrenaturais ocorridos na história recente dos EUA. A produção ainda tem a grife de James Wan para agregar mais valor, mas será que vale seu tempo ou está mais para um derivado sem graça de tantas outras obras sobrenaturais?

As histórias mostradas são:
– O Caso de Erie Hall: Nos anos 80, um jovem promissor consegue entrar numa renomada faculdade de NY. Entre estudos e farras, o jovem começa a ser assediado por uma força sobrenatural que cerca o local e que, com o tempo, se mostra uma ameaça a todos que o cercam.
– Essa Casa Me Matou: Mostra uma família que se muda para a casa dos sonhos e acaba descobrindo que é um lar de pesadelos.
Esses eventos são mostrados ao longo de cinco episódios – três para o primeiro caso e dois para o segundo, respectivamente. A série conta com a presença de vários envolvidos, e seus relatos são dramatizados.
Embora seja em caráter documental, é inegável a influência da série de filmes “Invocação do Mal” nos momentos de dramatização. Inclusive, o casal Warren faz uma rápida participação em um dos casos (claro, interpretado por outros atores). O tom e a trilha sonora remetem muito aos filmes famosos, mas com uma vibe mais contida. Não espere sustos a cada cinco minutos.

“Medo Real” tem alguns bons momentos exatamente por não optar por exageros, embora eles também existam, o que demonstra a indecisão dos realizadores sobre o tom que queriam dar ao material. A forma de conduzir as histórias lembra programas como “Linha Direta” e as matérias sobrenaturais vistas no “Domingo Legal” nos anos 90. Sim, existem programas assim no exterior, e inclusive alguns produtores daqui são desse tipo de programa, mas quis usar exemplos nacionais.

No geral, a série é bacana, servindo mais como uma diversão escapista do que algo sério e relevante. Não existem contrapontos para a história, e, para mim, essa é a pior falha – não dá para acreditar em tudo o que é mostrado como verdade absoluta.
Finalizando, “Medo Real” é uma série relativamente curta, com episódios de cerca de 30 minutos, que se mostra superior (mas nem tanto) ao que normalmente chega ao catálogo de originais da Netflix quando o assunto é terror.
 
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Críticas
CRÍTICA: Faça Ela Voltar (2025)

Dois anos após o sucesso de Fale Comigo, chega aos cinemas brasileiros o segundo filme dos irmãos Danny e Michael Philippou. Mais uma vez com distribuição da badalada A24, a dupla agora emplaca Faça Ela Voltar (Bring Her Back), um conto de horror suburbano que aborda o luto.

Após perderem o pai, os irmãos Andy (Billy Barratt) e Piper (Sora Wong) são colocados sob os cuidados de Laura (Sally Hawkins), uma ex-assistente social que faz de sua casa uma espécie de lar adotivo. Além deles, vive no local o menino Oliver (Jonah Wren Phillips), uma criança que não se comunica e possui hábitos estranhos.
Não demora para sabermos que Laura tem segundas intenções. Seu objetivo em acolher os órfãos é trazer o espírito da sua filha de volta e colocá-la no corpo de Piper. Para executar esse plano diabólico ela tem em mãos uma fita VHS que contém, literalmente, o passo a passo de um ritual satânico que, entre outras bizarrices, inclui até canibalismo.

Mitologia escatológica à parte, Faça Ela Voltar é mais sobre o sentimento da perda do que qualquer outra coisa. Mesmo retratada na maior parte do tempo como vilã metódica, Laura ainda deixa transparecer seu lado humano. Uma mulher que não aceita a partida da filha e que acaba deturpando seu amor icondicional, por puro desespero.
A dupla de irmãos também ganha sua cota de drama, quando Laura tenta jogar um contra o outro, pois Andy é um empecilho para o que ela planeja. Nada disso, porém, funcionaria se o trio de protagonistas não estivesse tão afiado. Sally Hawkins, Billy Barratt e Sora Wong conseguem passar credibilidade o tempo todo, seja nos momentos sóbrios ou nos sinistros.
O que nos leva para outro destaque do elenco: o pequeno Jonah Wren Phillips. A transformação pela qual seu Oliver passa ao longo da trama já o elevou ao status de mini ícone do terror do ano. São com ele as cenas mais perturbadoras, em ocasiões que fica quase impossível não desviar os olhos da tela.

A direção dos Philippou em Faça Ela Voltar segue competente, com ótimos enquadramentos e cuidado aos detalhes (preste atenção nos círculos). Como Piper é deficiente visual, a câmara brinca muito com imagens desfocadas, o que faz um paralelo interessante com a condição da personagem.
O roteiro, assinado em parceria com Bill Hinzman, consegue balancear bem o terror e o drama, no entanto deixa um gostinho de quero mais ao esconder muito sobre a origem do ritual. Mas isso é apenas eu reclamando de barriga cheia (o trocadilho fará sentido quando você assistir ao filme).
 
Título original: Bring Her Back
Direção: Danny Philippou e Michael Philippou
Roteiro: Danny Philippou e Bill Hinzman
Elenco: Sally Hawkins, Billy Barratt e Sora Wong
Origem: Austrália
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Julia farias
27 de novembro de 2013 at 10:29
Otimo texto, mas comentario final (na nota) desnecessario..
Jod
23 de janeiro de 2014 at 12:13
Acabei de assistir o filme e concordo em todos os pontos (principalmente o comentário final). Qual o problema com Rodriguez? No tities? Really?