Críticas
CRÍTICA: Condado Macabro (2015)

[Por Geraldo de Fraga]
Um grupo de jovens aluga uma casa de campo para passar o feriado e durante sua estadia é atacada por psicopatas. Sim, você já viu essa sinopse em vários filmes de horror. Mas você já viu um longa assim filmado no Mato Grosso do Sul e com uma trilha sonora que reúne clássicos da música brega, como o rei Reginaldo Rossi?

Não. Isso você só vê em Condado Macabro, escrito por Marcos DeBrito e dirigido por ele e André de Campos Mello. Mas condicionar Condado Macabro apenas a um legítimo representante do slasher brasileiro não é justo. O roteiro explora todos os clichês, mas também oxigena o gênero, a começar pela forma não linear como a história é narrada.
Os palhaços Cangaço (Francisco Gaspar) e Bola Oito (Fernando de Paula) vivem de pequenos golpes, vagando de cidade em cidade. Ao saber que cinco jovens de classe média estarão em uma casa nas redondezas, os dois tramam um assalto, mas eles não são os únicos que querem algo naquela noite. A história é contada em flashbacks, a partir do depoimento de Cangaço à polícia, após ele ser preso saindo da cena do crime.

Existem problemas em Condado Macabro, claro. Um deles é a sua duração. Suas quase duas horas (110 minutos para ser mais exato) cansam, até mesmo porque boa parte da primeira metade é focada no humor. E aí entra outro problema: nem todos personagens se enquadram como alívios cômicos e isso deixa algumas cenas bem sem graça.
Mas a quantidade de acertos é bem maior. A fotografia amarela, além de homenagear O Massacre da Serra Elétrica, exalta muito o ambiente natural da Região Centro Oeste dando-lhe uma aparência desoladora. A direção é competente e as cenas de morte exageram no gore, não decepcionando o público. Se o elenco não é perfeito, Francisco Gaspar e Paulo Vespúcio, na pele do investigador Moreira, se destacam. Ponto também para a dupla de psicopatas.

Condado Macabro é um dos melhores filmes brasileiros do ano passado e com certeza deve figurar entre os clássicos nacionais do horror, caso consiga atingir um grande público. Nosso desejo é que ele abra muitas portas para que seus realizadores possam produzir mais e mais. Nós, fãs do horror, estaremos ansiosos para assistir.

Direção: Marcos DeBrito e André de Campos Mello
Roteiro: Marcos DeBrito
Elenco: Francisco Gaspar, Bia Gallo, Paulo Vespúcio e Leonardo Miggiorin
Origem: Brasil
Ano: 2015
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Críticas
CRÍTICA: Bom Menino (2025)

O filme que viralizou nos últimos meses, graças ao seu protagonista canino em um filme de terror, estreia em pleno Halloween, nos cinemas nacionais. No entanto, “Bom Menino” (Good Boy) não se resume apenas à fofura do doguinho (e adianto que ele é muito fofo mesmo).
Na trama, acompanhamos Indy, um cachorro leal que se muda com seu tutor para uma casa no meio da floresta, após o homem enfrentar um sério problema de saúde. O cão percebe imediatamente que há algo de errado com o local, e, com o tempo, essas manifestações sobrenaturais colocarão suas vidas em perigo.
Indy é, indiscutivelmente, a estrela do filme. Garanto que muitos atores gostariam de ter metade de seu carisma e presença de tela. Em poucos minutos de projeção, já estamos torcendo por ele. O trabalho de adestramento foi impecável, e é difícil imaginar o esforço que o realizador, que também é o tutor real do animal deve ter tido. Desde as cenas de afeto até as de terror, nota-se o cuidado e a boa realização em “Bom Menino“.

O diretor acerta ao usar enquadramentos e jogos de câmera quase sempre na perspectiva de Indy. Em alguns momentos, me lembrei do desenho dos Muppets Babies, em que nunca vemos o rosto da babá, embora aqui, em planos mais convencionais, sejam mostrados vislumbres ou o rosto inteiro dos personagens humanos.
O terror aqui é mais contido: uma sombra aqui e ali, vultos passageiros, mas sem o uso de trilha sonora alta ou aparições exageradas. O ritmo é lento, e a ambientação vai da casa inicialmente decrépita à mata semienevoada, com suas árvores sinistras.
Temos um longa envolto a uma atmosfera de desconforto e medo. Não espere sustos frequentes e jumpscares. Eles existem, mas em quantidade bem menor.

Apesar de em termos técnicos, a coisa funcionar, nem tudo são flores. Mesmo sendo um filme curto, com pouco mais de 70 minutos, é possível notar que a história seria mais bem contada em um curta ou média-metragem. Existem recursos narrativos que se repetem pelo menos três vezes em uma clara tentativa de esticar a duração.
A trama é a clássica da casa mal-assombrada, e a verdadeira inovação está em ser contada sob a perspectiva do cachorro. É algo eficiente que não teria o mesmo destaque se fosse narrada por humanos.
“Bom Menino” é uma agradável surpresa neste ano, dando novo fôlego a uma história que já vimos inúmeras vezes. Indy é um poço de carisma e fofura. Podem assistir sem medo, mas não espere um filme de gritos e sustos constantes.
Título original: Good Boy
Direção: Ben Leonberg
Roteiro: Ben Leonberg e Alex Cannon
Elenco: Indy, Shane Jensen, Arielle Friedman
* Filme visto em Cabine de Imprensa virtual promovida pela Espaço Z
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CRÍTICA: Medo Real (2025)

Nesta temporada de Halloween de 2025, a Netflix trouxe para seus assinantes a série documental “Medo Real” (True Haunting), que aborda dois casos sobrenaturais ocorridos na história recente dos EUA. A produção ainda tem a grife de James Wan para agregar mais valor, mas será que vale seu tempo ou está mais para um derivado sem graça de tantas outras obras sobrenaturais?

As histórias mostradas são:
– O Caso de Erie Hall: Nos anos 80, um jovem promissor consegue entrar numa renomada faculdade de NY. Entre estudos e farras, o jovem começa a ser assediado por uma força sobrenatural que cerca o local e que, com o tempo, se mostra uma ameaça a todos que o cercam.
– Essa Casa Me Matou: Mostra uma família que se muda para a casa dos sonhos e acaba descobrindo que é um lar de pesadelos.
Esses eventos são mostrados ao longo de cinco episódios – três para o primeiro caso e dois para o segundo, respectivamente. A série conta com a presença de vários envolvidos, e seus relatos são dramatizados.
Embora seja em caráter documental, é inegável a influência da série de filmes “Invocação do Mal” nos momentos de dramatização. Inclusive, o casal Warren faz uma rápida participação em um dos casos (claro, interpretado por outros atores). O tom e a trilha sonora remetem muito aos filmes famosos, mas com uma vibe mais contida. Não espere sustos a cada cinco minutos.

“Medo Real” tem alguns bons momentos exatamente por não optar por exageros, embora eles também existam, o que demonstra a indecisão dos realizadores sobre o tom que queriam dar ao material. A forma de conduzir as histórias lembra programas como “Linha Direta” e as matérias sobrenaturais vistas no “Domingo Legal” nos anos 90. Sim, existem programas assim no exterior, e inclusive alguns produtores daqui são desse tipo de programa, mas quis usar exemplos nacionais.

No geral, a série é bacana, servindo mais como uma diversão escapista do que algo sério e relevante. Não existem contrapontos para a história, e, para mim, essa é a pior falha – não dá para acreditar em tudo o que é mostrado como verdade absoluta.
Finalizando, “Medo Real” é uma série relativamente curta, com episódios de cerca de 30 minutos, que se mostra superior (mas nem tanto) ao que normalmente chega ao catálogo de originais da Netflix quando o assunto é terror.
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CRÍTICA: Faça Ela Voltar (2025)

Dois anos após o sucesso de Fale Comigo, chega aos cinemas brasileiros o segundo filme dos irmãos Danny e Michael Philippou. Mais uma vez com distribuição da badalada A24, a dupla agora emplaca Faça Ela Voltar (Bring Her Back), um conto de horror suburbano que aborda o luto.

Após perderem o pai, os irmãos Andy (Billy Barratt) e Piper (Sora Wong) são colocados sob os cuidados de Laura (Sally Hawkins), uma ex-assistente social que faz de sua casa uma espécie de lar adotivo. Além deles, vive no local o menino Oliver (Jonah Wren Phillips), uma criança que não se comunica e possui hábitos estranhos.
Não demora para sabermos que Laura tem segundas intenções. Seu objetivo em acolher os órfãos é trazer o espírito da sua filha de volta e colocá-la no corpo de Piper. Para executar esse plano diabólico ela tem em mãos uma fita VHS que contém, literalmente, o passo a passo de um ritual satânico que, entre outras bizarrices, inclui até canibalismo.

Mitologia escatológica à parte, Faça Ela Voltar é mais sobre o sentimento da perda do que qualquer outra coisa. Mesmo retratada na maior parte do tempo como vilã metódica, Laura ainda deixa transparecer seu lado humano. Uma mulher que não aceita a partida da filha e que acaba deturpando seu amor icondicional, por puro desespero.
A dupla de irmãos também ganha sua cota de drama, quando Laura tenta jogar um contra o outro, pois Andy é um empecilho para o que ela planeja. Nada disso, porém, funcionaria se o trio de protagonistas não estivesse tão afiado. Sally Hawkins, Billy Barratt e Sora Wong conseguem passar credibilidade o tempo todo, seja nos momentos sóbrios ou nos sinistros.
O que nos leva para outro destaque do elenco: o pequeno Jonah Wren Phillips. A transformação pela qual seu Oliver passa ao longo da trama já o elevou ao status de mini ícone do terror do ano. São com ele as cenas mais perturbadoras, em ocasiões que fica quase impossível não desviar os olhos da tela.

A direção dos Philippou em Faça Ela Voltar segue competente, com ótimos enquadramentos e cuidado aos detalhes (preste atenção nos círculos). Como Piper é deficiente visual, a câmara brinca muito com imagens desfocadas, o que faz um paralelo interessante com a condição da personagem.
O roteiro, assinado em parceria com Bill Hinzman, consegue balancear bem o terror e o drama, no entanto deixa um gostinho de quero mais ao esconder muito sobre a origem do ritual. Mas isso é apenas eu reclamando de barriga cheia (o trocadilho fará sentido quando você assistir ao filme).
Título original: Bring Her Back
Direção: Danny Philippou e Michael Philippou
Roteiro: Danny Philippou e Bill Hinzman
Elenco: Sally Hawkins, Billy Barratt e Sora Wong
Origem: Austrália
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Ricardo
30 de junho de 2016 at 01:32
Existe alguma forma de descobrir os filmes com maior escala de tocancia de terror do site?
Geraldo de Fraga (@geraldodefraga)
6 de julho de 2016 at 20:11
Acho que não. :/
carmoj
17 de novembro de 2016 at 16:44
Complicado, estes caras dão 2 estrelas para os filmes mais bem avaliados por ai, não passa disso. Aí dão 3 estrelas para este esforçado, mas mal feito filme nacional.
carmoj
17 de novembro de 2016 at 16:44
Gostaria de saber porque este site dá 2 estrelas para os filmes mais bem avaliados por ai, não passa disso. Aí dão 3 estrelas para este esforçado, mas mal feito filme nacional.
nando
9 de janeiro de 2019 at 13:13
Talvez porque o site seja toca o terror e não o terror de carmoj… acho que é por isso , não sei ….
Eu
22 de maio de 2017 at 13:04
gostei