Críticas
CRÍTICA: TOC TOC TOC – Ecos do Além (2023)
Peter (o ótimo Woody Norman, de “Sempre em Frente”) é um garoto que não tem uma infância feliz. Extremamente tímido, ele é vítima de bullying na escola, enquanto ao mesmo tempo conquista o carinho e confiança de Devine, uma nova professora substituta (Cleopatra Coleman). Tudo piora quando o menino passa a ser atormentado por barulhos dentro das paredes do seu quarto, assim como a voz de uma garota. Os seus pais (Lizzy Caplan e Antony Starr) insistem que isso é coisa da cabeça dele e que são pesadelos. A única pessoa adulta que o ajuda é Devine, que decide intervir na situação, acreditando que algo terrível esteja acontecendo com aquela família.
TOC TOC TOC – ECOS DO ALÉM é a estreia na direção de Samuel Bodin, que anteriormente teve experiências na realização de curtas e episódios de séries de TV. O realizador francês foi o responsável pela série “Marianne”, da Netflix, que até fez um relativo sucesso anos atrás, gerando um boca a boca entre os fãs de terror.
O filme tem um ritmo decente, duração enxuta (menos de 90 minutos), ainda que peça alguma paciência para acompanharmos o drama vivido pelo protagonista. Quem se liga um pouco mais nos truques do gênero pode adivinhar facilmente o rumo que a história irá seguir. Quase chega a ser um “Barbarian” mais light, com as semelhanças que os dois filmes compartilham de estética e narrativa. Ambos também foram rodados na Bulgária, com as locações dublando um bairro nos Estados Unidos.
Existem vários temas abordados aqui que poderiam ser um pouco mais aprofundados e personagens que poderiam ser melhor desenvolvidos, mas isso acaba sendo sacrificado pela necessidade de juntar tudo num pacote de terrorzinho mainstream de shopping, com direito a cenas de sustos e ‘jump scares’ muito manjados. Temos até mesmo uma cena de “tudo era apenas um pesadelo” que não serve para nada além de ter um trecho em particular inserido no trailer.
Enquanto tem gente que pode gostar do terço final do filme, quando ele parte para a correria, efeitos digitais e violência gráfica, outros acharão uma autossabotagem com a forma como a história estava sendo contada até ali. É quase como se fossem dois filmes diferentes, com a meia hora final abandonando por completo o clima de ‘casa assombrada’ com alguma tentativa de realismo e verossimilhança, colocando toda essa trajetória a perder.
TOC TOC TOC – ECOS DO ALÉM é um longa que se sai melhor para quem apenas busca um rápido entretenimento. Nada de errado, claro, só que esse é outro filme do gênero que poderia ter rendido mais no contexto dramático tão priorizado em 70% de sua duração com uma ou duas revisões no roteiro. Assim como está, é uma obra assistível, que tem seus momentos, mas é capaz do espectador não lembrar de muita coisa do que viu assim que chegar em casa.

O filme entra em cartaz a partir de hoje, 31/08, nos cinemas brasileiros pela Paris Filmes.
* Filme visto em cabine de imprensa promovida pela Espaço Z no Recife
Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!
Críticas
CRÍTICA: Presença (2025)
No fim de 2024, o anúncio do novo filme de Steven Soderbergh surge dando o que falar. Primeiro por se tratar de um filme de gênero do diretor e, segundo, por prometer nos colocar literalmente no ponto de vista do malassombro.
Em PRESENÇA (Presence), acompanhamos a rotina de uma família que acaba de chegar de mudança, porém nunca saímos da casa, pois, como dito, vemos tudo pelo olhar da presença sobrenatural que ali habita. Nesta dinâmica, vagamos com o fantasma por todos os cômodos, sempre procurando ficar perto dos personagens, ora evitando ser notado, ora interagindo com o ambiente.
É interessante que de início temos uma estranheza por estarmos no ponto de vista da tal presença, mas não demora pra nos acostumarmos ao ponto de chegarmos a ser o malassombro em si. É legal que suas – ou seriam nossas? – Interações físicas com as personagens e ambiente são simples, eficazes e críveis. Detalhe que a câmera não flutua, mas anda com movimentos humanos reforçando sempre que este personagem existe em cena.
Seteven Soderbergh é um cineasta com uma longa trajetória no audiovisual. Desde a década de 80 vem realizando vídeos clipes, curtas, séries, filmes etc, somando mais de 40 anos de carreira com produções undergrounds e mainstreams, sempre buscando experimentar formatos com muito apuro estético. Como o parâmetro geral é o Oscar, ele já teve 3 indicações, vencendo em 2001 pela direção de TRAFFIC. Para além, ele tem muitos filmes conhecidos como ONZE HOMENS E UM SEGREDO, 2 longas sobre Che Guevara (um deles com Rodrigo Santoro no elenco), CONTÁGIO, que foi amplamente revisitado durante a pandemia da COVID-19, um remake de SOLARIS e muitos outros.
Aqui em PRESENÇA, o cineasta também busca experimentar. Agora com uma câmera de mão e uma lente 14mm que funciona como o olhar do espírito – e nosso! – que passeia pelos cômodos da casa. O uso de mínimo de equipamentos não é uma novidade na filmografia de Soderbergh. Vide o seu interessante DISTÚRBIO (Unsane, 2017), também de terror, que foi filmado só com um iPhone 7.
Estamos diante de um caso raro em que a busca pelo realismo funciona sem perder a magia. Soderbergh trabalha o drama familiar de uma forma tão palpável que beira a realidade. Os diálogos soam naturais e precisos, rendendo momentos legitimamente ternos e tensos. Apesar de termos a veterana Lucy Liu, que vive a mãe, no elenco, é focada na sua filha Cloe, vivida por Callina Liang, na qual todas as motivações pairam. Os outros arcos das demais personagens são muito bem trabalhados também.
Apesar das qualidades, nem tudo é legal aqui. Por exemplo, o excesso de cortes secos com longas pausas em tela preta que sinalizam saltos temporais. Isso não seria um problema se não fosse pela quantidade e em curtos espaços de tempo. Essas interrupções constantes podem incomodar e até tirar da imersão pretendida que vinha sendo bem construída. Algo que também pode desagradar, é a simplicidade de toda situação. Pra quem espera sequências mais elaboradas, tão comuns e esperadas em filmes da mesma temática, a falta de muita “pirotecnia” pode soar frustrante.
Simples, direto e eficaz, PRESENÇA acerta o tom dentro do formato proposto, entregando exatamente o que promete sendo um ótimo começo de ano para o terror. Sem contar que é sempre bom ver cineastas de longa data se aventurando em filmes “menores” e de gênero.

Título original: Presence
Diretor: Steven Soderbergh
Roteiro: David Koepp
Elenco: Lucy Liu, Chris Sullivan, Callina Liang
Origem: EUA
Ano de produção: 2024
Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!
Críticas
CRÍTICA: Desconhecidos (2025)
A graça de ver filmes em uma narrativa não-linear é que a todo instante nossa atenção está em jogo para ligar os pontos e entender melhor a história como um todo. É com base neste recurso de edição que “Desconhecidos” (Strange Darling) de JT Mollner se dá bem.
É explicado desde o início que esta é uma história em seis capítulos. Sendo que o filme já começa no Capítulo 3! E esta é justamente uma das sequências mais instigantes do longa para prender a atenção do espectador desde o começo.
O lance, é que nesta aparente perseguição entre homem e mulher em alta velocidade, sabemos muito pouco sobre cada um deles. A introdução de quem é quem e suas motivações só aparece na parte 5 de “Desconhecidos“, que equivale ao “Capítulo 2”.
Pode parecer confuso, mas funciona como um slasher também. Ainda assim, a Miramax que lançou o filme não estava botando fé e tentou na pós-produção organizar o filme em um formato convencional na ordem em que as cenas ocorrem sem consentimento do diretor.
Diante dessa briga, JT Mollner retomou as rédeas da obra se apegando a cláusulas contratuais. E foi possivelmente por conta desse impasse que estamos vendo este filme sendo lançado tão tardiamente.
Mesmo passando metade de “Desconhecidos” sem termos certeza de quem está com razão ou quem é a real vítima, a atuação de Willa Fitzgerald é a que engrandece um filme com um roteiro aparentemente tão simples, mas cheio de reviravoltas. Mas se o título nacional se refere de forma vaga aos principais personagens, isso também se deve porque eles não tem nome na trama. Foi até uma boa sacada.
Veja sem ficar com pé atrás e curta a diversão regada a sangue e muitos tiros.

Título original: Strange Darling
Diretor: JT Mollner
Roteiro: JT Mollner
Elenco: Willa Fitzgerald, Kyle Gallner, Madisen Beaty, Barbara Hershey e outros
Ano de lançamento: 2025
* Filme visto em Cabine de Imprensa virtual promovida pela Espaço Z e Paris Filmes
Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!
Críticas
CRÍTICA: Entre Montanhas (2025)
Diretor de O Exorcismo de Emily Rose, Livrai-nos do Mal e O Telefone Preto, é inegável que Scott Derrickson transformou seu nome numa pequena grife. Com um currículo recheado de filmes medianos, mas lucrativos, foi nele que a Apple TV apostou para comandar Entre Montanhas (The Gorge, 2025), escrito por Zach Dean, autor de A Guerra do Amanhã e Velozes & Furiosos 10.
Na trama, acompanhamos dois snipers excepcionais que são recrutados para passarem um ano vigiando um desfiladeiro num lugar remoto, cuja localização é desconhecida de ambos. Levi (Miles Teller) é um ex-fuzileiro americano, deprimido e sem amigos. Drasa (Anya Taylor-Joy) é uma mercenária bielorrussa em luto pela morte do pai.
Descobrimos então que o tal precipício é o lar de criaturas maléficas e que a missão deles é impedir que as coisas saiam do buraco. Eles, porém, não estão juntos, cada um fica de um lado do abismo, isolado em sua própria torre, armados até os dentes, mas impedidos de se comunicarem.
Essa regra, claro, é quebrada. Aí rola uma química, uma paquera, o casal se apaixona e resolve se encontrar. Quando os monstros promovem um ataque pesado e eles precisam agir juntos, Entre Montanhas vira uma mistura de Sr. & Sra. Smith com Resident Evil, que passeia por vários gêneros: terror, ficção científica, ação e comédia romântica.
O problema é que, em nenhum deles, o filme empolga. E olhe que são quase duas horas e um roteiro que entope o longa com várias revelações. Scott Derrickson até nos brinda com uma cena boa, aqui e ali, e a dupla de protagonistas se esforça para nos dar um casal com um mínimo de química.
Só que a história de Zach Dean funcionaria melhor como um videogame, onde a jogabilidade preencheria o espaço da ação. Apenas assisti-la é totalmente desinteressante. A sub-trama sobre quem comanda a vigilância do desfiladeiro ainda deixa a participação de Sigourney Weaver subaproveitada.
Entre Montanhas começa com uma premissa interessante, um bom background dos personagens, mas quando o bicho pega é uma repetição de tudo que a gente já viu. Isso nem seria ruim, se fosse uma repetição de tudo que a gente já viu e gostou. Com ação genérica e soluções fáceis, é só tédio mesmo.

Título original: The Gorge
Direção: Scott Derrickson
Roteiro: Zach Dean
Elenco: Anya Taylor-Joy, Miles Teller e Sigourney Weaver
Origem: EUA e Inglaterra
Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!
-
Críticas5 anos atrás
CRÍTICA: Tumba Aberta (2013)
-
Críticas5 anos atrás
CRÍTICA: February (2015)
-
Críticas6 anos atrás
CRÍTICA: Banana Splits – O Filme (2019)
-
Críticas4 anos atrás
CRÍTICA: O Homem nas Trevas (2016)
-
Críticas12 anos atrás
CRÍTICA: Begotten (1991)
-
Críticas9 anos atrás
CRÍTICA: A Bruxa (2016)
-
Dicas5 anos atrás
CURIOSIDADES: 13 Fatos que Você não Sabia sobre Jason e a Franquia Sexta-Feira 13
-
Dicas5 anos atrás
DICA DA SEMANA: Flu (2013)