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CRÍTICA: O Que Nos Mantêm Vivos (2018)

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O Que Nos Mantêm Vivos

O cinema com temática LGBTQI+ está cada vez mais ganhando visibilidade. Dentre os gêneros abordados, o terror também se encontra presente. Pessoalmente não conheço muitos filmes com uma pegada séria, uma vez que sempre acabam flertando com a comédia, como é o caso de “Matadores de Vampiras Lésbicas” (2009) ou “The Curse of the Queerwolf” (1988). Existem, sim filmes mais sérios como “Parceiros da Noite” (1980), mas obviamente são casos raros. Recentemente, navegando pela Amazon Prime, descobri o filme “O Que Nos Mantêm Vivos”, um filme de terror de sobrevivência estrelado por um casal lésbico.

A trama acompanha o casal Jackie e Jules que está comemorando o seu primeiro ano de casamento indo para uma casa de campo. As coisas começam bem, mas alguns segredos e mentiras vêm à tona e o que seria um fim de semana romântico se torna um pesadelo imprevisível. Falar mais que isso seria spoiler e já adianto que evitem o trailer antes de assistir, pois ele conta o filme todo.

Casais apaixonados em casas no meio do nada sendo apavorados não é algo novo e esse filme tenta não reinventar a roda, mesmo com seus momentos de surpresa. As duas atrizes seguram as pontas e dão mais camadas às suas personagens na medida em que o caos emerge. O jogo de gato e rato é interessante e por vezes instigante, me lembrando o superior “Hush – A Morte Ouve” (2014). A direção consegue na maior parte do tempo captar a tensão e a loucura, mesmo que em alguns momentos escorregadios, as cenas se transformem em algo quase caricato.

Uma coisa que me incomodou em “O Que Nos Mantêm Vivos” foi o uso de estereótipos para caracterizar as personagens. Na maioria dos filmes do gênero sempre parece uma regra ter que se colocar alguém do casal de forma mais masculinizada para se ter uma distinção do seu par. Isso vale para casais gays também, claro. É como se a audiência hétero não pudesse enxergá-los simplesmente como um casal se não tiver essas características aparentes. Outra coisa que me irritou foi se utilizar do manjado artifício da burrice de certa personagem para fazer a trama prosseguir. Ficam claras várias possibilidades, mas o roteiro teima em ir pelo caminho mais fácil.

Embora o filme apele mais para o psicológico, o gore aparece aqui e ali para salpicar a tela de vermelho. No fim é um bom filme que te prende até o final, mesmo por vezes te fazendo virar os olhos em descrédito. Divertido, “O Que Nos Mantêm Vivos” merece ser mais visto.

Escala de tocância de terror:

Título original: What Keeps You Alive
Direção e roteiro: Colin Minihan
Elenco: Hannah Emily Anderson, Britany Allen, Joey Klein
Ano de lançamento: 2018
País de origem: Canadá

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"Nós deixamos de procurar os monstros embaixo de nossas camas, quando percebemos que eles estão dentro de nós"

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CRÍTICA: A Longa Marcha – Caminhe ou Morra (2025)

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A Longa Marcha

A espetacularização do sofrimento humano diante de desafios em que as pessoas encaram seus limites não é nenhuma novidade. Em 1969, foi lançado “A Noite dos Desesperados” (They Shoot Horses, Don’t They?) em que pessoas comuns tinham que passar horas numa pista de dança durante a Grande Depressão estadunidense para ganhar um grande prêmio.

Desde então a gente vê esse tipo de trama se repetindo em diferentes contextos com personagens desesperados e desafios cada vez mais extremos. Já vimos isso em “O Sobrevivente” (The Running Man), em séries como “Round 6″ e agora em “A Longa Marcha” (The Long Walk).

Este filme, no caso, é baseado em mais uma obra do aclamado escritor Stephen King. A premissa não tem muito mistério: Num futuro distópico em que os Estados Unidos vivem sob um regime autoritário (oh wait!)… há uma competição mortal que recruta anualmente um grupo de jovens para algo que eles chamam de A Longa Marcha. Nessa maratona existem regras que não podem ser quebradas, senão a punição vem com a própria vida.

Nesta caminhada sem linha de chegada, ganha o último que resistir e obedecer ao regulamento: não pode diminuir velocidade; não pode parar para descansar; não pode sentar; não pode atrapalhar outro participante e é preciso andar o tempo todo. Como não há muito o que fazer ao longo do caminho de asfalto, os competidores se dividem entre a indiferença e a solidariedade para passar o tempo.

Desta forma, logo vemos uma série de estranhos começando a desenvolver laços de amizade e companheirismo, mesmo que seja em situações adversas como esta. E claro, é nesse percurso em conjunto que cada um dos personagens começa a contar sua história pregressa para desenvolvermos empatia com suas mais diversas motivações. Uma característica que está sempre presente nas obras de Stephen King. Mas essa empatia aí fica na tela e não dura muito, até porque o filme é literalmente uma ‘prova de resistência’.

As regras são seguidas à risca. Então quem tiver necessidades de evacuação vai ter que se virar igual a um cavalo em desfile militar: cagando e andando. E sim, o diretor Francis Lawrence, conhecido por seu trabalho à frente de quatro filmes da franquia “Jogos Vorazes”, não se faz de rogado e mete cenas assim um tanto quanto repulsivas e nojentinhas na tela.

A Longa Marcha” também não economiza no sangue e nas cenas de morte, até porque são elas que vão pontuando o filme na medida em que os competidores vão sendo eliminados, literalmente falando. Afinal de contas, a caminhada é escoltada por milicos que atiram nos participantes após três advertências. Nesta jornada de centenas de milhas e quilômetros percorridos, não faltam motivos pros competidores serem descartados, seja por cãibra, tropeção, cansaço, sono ou surto.

E o resumo da história é essa. A câmera acompanha basicamente a jornada dos personagens rumo ao quilômetro final depois de dias e noites de sol e chuva na estrada com leves mudanças de cenário ao fundo. Sim, é chatinho, mas para não ser totalmente maçante, salpicam aqui e ali novas situações para forçar a saída dos personagens concorrentes nesta Longa Marcha.

Poderia ser uma “crítica social foda” com elementos que remetem ao militarismo e à autocracia governamental, mas tudo isso é explorado de maneira muito superficial. Não duvide que isso venha a se tornar um novo “Uma Noite de Crime” (The Purge) para explorar a origem da marcha, o fim da marcha, a nova geração da marcha, etc… O subtítulo da obra é completado com um “Caminhe ou Morra“, que poderia ser transformado para os espectadores em “Resista ou Morra (de Tédio)”.

Escala de tocância de terror:

Título original: The Long Walk
Diretor: Francis Lawrence
Roteiro: JT Mollner
Elenco: Cooper Hoffman, David Jonsson, Garrett Wareing, Mark Hamill

* Filme visto em Cabine de Imprensa promovido pela Espaço Z no Cinemark RioMar – Recife

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CRÍTICA: Invocação Do Mal 4 – O Último Ritual (2025)

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Invocação Do Mal 4

Com “Invocação Do Mal 4 – O Último Ritual” (The Conjuring: The Last Rites) estamos chegando ao fim de uma das franquias mais rentáveis no universo do cinema de horror das últimas décadas. Ao todo tivemos nove filmes deste universo compartilhado de personagens e temáticas: quatro produções da série original, três da boneca Annabelle e mais dois da Freira. Um ‘invocaverso’ que daria inveja a qualquer um dos ícones de horror que já vimos anteriormente.

Bem, destes nove, apenas dois foram dirigidos pelo midas da Blumhouse, James Wan. Os outros sete ele terceirizou. E nesta terceirização de diretores, um deles se destaca: Michael Chaves, responsável pelo terceiro e quarto filme da franquia, além do horripilante (no mal sentido) “A Freira 2“. Em sua nova empreitada, Chaves executa uma obra inofensiva e capenga, sem conseguir sequer promover sustos eficientes, com jumpscares que são previsíveis de longe sem qualquer sutileza. Isso, claro, é uma façanha.

Mas vejam, ainda não peguei pesado. Poderia dizer que o filme é enfadonho e que me deixou entediado, ansioso pelo final, mas infelizmente esse era o capítulo da franquia mais longo com 2h15min. Nesse tempo todo, tivemos diversos flashbacks, diversos easter-eggs e uma série de acenos a personagens secundários e vilões que podem ‘ressuscitar’ a franquia em spin-offs daqui a um tempo. Tendo em vista que este “Invocação Do Mal 4” já detém a marca de maior pré-venda de um filme de terror na história, essa turma vai nos assombrar por vários anos.

A história em si não apresenta nada revolucionário. É uma trama que ocorre em um imóvel muito bem assombrado por espíritos zombeteiros num subúrbio de Pittsburg. O problema é que este caso ocorre na segunda metade da década de 80, época em que o casal Warren está cansado de enfrentar tantas assombrações.

E como se não bastasse o ceticismo da Igreja e do público numa época em que a Tv e o Cinema já tinham explorado ao máximo o tema sobrenatural, a família Warren começa a aumentar e junto a ela, aparecem ameaças à sua tranquilidade. Sim, este é um exemplar do que chamamos de “terror família”, em que o mal ataca o núcleo familiar e cada um dos seus integrantes começa a questionar a fé, mas sem deixar de lado o amor pelos seus parentes.

Neste estilo de “terror família” de “Invocação do Mal 4“, as ameaças não precisam fazer sentido. Bastam assustar rapidinho para criar cenas sem sentido, unicamente para preencherem o tempo. Algumas assombrações nem tem nome e depois são rapidamente esquecidas e substituídas por outras.

Mas quem está sempre lá, onipresente, aparecendo de forma gratuita em quase todos os longas da franquia é ela: Annabelle. Aqui também ela chama atenção, muito embora sua aparição pareça estar mais ligada a um pedido de fãs ou uma obrigação contratual do que algo que tivesse relevância para o desenrolar da coisa toda.

Bem, dentre as várias falhas e furos de roteiro, aponto uma aqui bem básica. Se no capítulo anterior, Lorraine Warren era uma super sensitiva que tocava até em cadáveres para entender o que estava ocorrendo no mundo dos mortos, agora ela meio que ignora esse dom e sequer percebe os perigos que rondam sua própria filha. A Judy Warren, que por sinal foi super ignorada nos capítulos anteriores, vira protagonista e centro das atenções neste epílogo que se encerra igual a uma novela com direito a casamento e funeral.

O fato é que fomos enganados pelo primeiro “Invocação do Mal” ao achar que seria algo interessante pro cinema de horror. O primeiro longa da franquia cria uma falsa expectativa ao retomar a temática clássica de eventos sobrenaturais em casas assombradas em meio a uma profusão de produções found-footage e sobre zumbis.

Claro, era um novo ciclo e a New Line/Warner soube capitalizar bem em cima do nicho. O que depõe contra o filme é que depois vieram obras muito melhores nesta mesma temática como um “Corrente do Mal” (It Follows) e um “Fale Comigo” (Talk to Me). E mesmo neste ano, o capítulo 4 da franquia não vai chamar atenção ou ser lembrado nas retrospectivas, tendo como concorrentes de peso títulos como “Pecadores” (Sinners) ou “A Hora do Mal” (Weapons).

Se for ver e tiver algum apreço pelo Invocaverso, veja só pela curiosidade em saber como tudo acaba, porque a “lição” que este “terror família” nos dá é que não há nada mais perigoso do que nossos próprios medos. Por isso é que não fugi do desafio e fui lá encarar de frente essa bronca. E estava certo em achar que não valeria a pena, só não esperava que fosse ser tão brega e medíocre assim.

Escala de tocância de terror:

Título original: The Conjuring: Last Rites
Diretor: Michael Chaves
Roteiro: Ian Goldberg, David Leslie Johnson-McGoldrick, Richard Naing
Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Mia Tomlinson
Ano de lançamento: 2025

* Filme visto em cabine de imprensa promovido pela Espaço Z no UCI Tacaruna Recife.

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CRÍTICA: Faça Ela Voltar (2025)

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Faça Ela Voltar

Dois anos após o sucesso de Fale Comigo, chega aos cinemas brasileiros o segundo filme dos irmãos Danny e Michael Philippou. Mais uma vez com distribuição da badalada A24, a dupla agora emplaca Faça Ela Voltar (Bring Her Back), um conto de horror suburbano que aborda o luto.

Após perderem o pai, os irmãos Andy (Billy Barratt) e Piper (Sora Wong) são colocados sob os cuidados de Laura (Sally Hawkins), uma ex-assistente social que faz de sua casa uma espécie de lar adotivo. Além deles, vive no local o menino Oliver (Jonah Wren Phillips), uma criança que não se comunica e possui hábitos estranhos.

Não demora para sabermos que Laura tem segundas intenções. Seu objetivo em acolher os órfãos é trazer o espírito da sua filha de volta e colocá-la no corpo de Piper. Para executar esse plano diabólico ela tem em mãos uma fita VHS que contém, literalmente, o passo a passo de um ritual satânico que, entre outras bizarrices, inclui até canibalismo.

Mitologia escatológica à parte, Faça Ela Voltar é mais sobre o sentimento da perda do que qualquer outra coisa. Mesmo retratada na maior parte do tempo como vilã metódica, Laura ainda deixa transparecer seu lado humano. Uma mulher que não aceita a partida da filha e que acaba deturpando seu amor icondicional, por puro desespero.

A dupla de irmãos também ganha sua cota de drama, quando Laura tenta jogar um contra o outro, pois Andy é um empecilho para o que ela planeja. Nada disso, porém, funcionaria se o trio de protagonistas não estivesse tão afiado. Sally Hawkins, Billy Barratt e Sora Wong conseguem passar credibilidade o tempo todo, seja nos momentos sóbrios ou nos sinistros.

O que nos leva para outro destaque do elenco: o pequeno Jonah Wren Phillips. A transformação pela qual seu Oliver passa ao longo da trama já o elevou ao status de mini ícone do terror do ano. São com ele as cenas mais perturbadoras, em ocasiões que fica quase impossível não desviar os olhos da tela.

A direção dos Philippou em Faça Ela Voltar segue competente, com ótimos enquadramentos e cuidado aos detalhes (preste atenção nos círculos). Como Piper é deficiente visual, a câmara brinca muito com imagens desfocadas, o que faz um paralelo interessante com a condição da personagem.

O roteiro, assinado em parceria com Bill Hinzman, consegue balancear bem o terror e o drama, no entanto deixa um gostinho de quero mais ao esconder muito sobre a origem do ritual. Mas isso é apenas eu reclamando de barriga cheia (o trocadilho fará sentido quando você assistir ao filme).

Escala de tocância de terror:

Título original: Bring Her Back
Direção: Danny Philippou e Michael Philippou
Roteiro: Danny Philippou e Bill Hinzman
Elenco: Sally Hawkins, Billy Barratt e Sora Wong
Origem: Austrália

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