Críticas
CRÍTICA: A Cura (2017)

[Por Felipe Macedo]
O novo filme do diretor Gore Verbinsk (da primeira trilogia Piratas do Caribe e do remake de O Chamado) estreou recentemente nos cinemas tupiniquins com promessa de trazer um terror mais maduro, longe dos jumps scares e com uma trama inteligente e chocante. “A Cura” não traz grandes nomes conhecidos no elenco mas seu trailer misterioso chamou a atenção dos fãs do horror cansados de obras teens. Mas será mesmo que o filme cumpre o que promete?

A trama segue o jovem e ambicioso Lockhart, que foi enviado por um grupo de grandes empresários de Nova York para uma clinica no meio da Europa para encontrar o sênior da empresa que havia mandado uma carta misteriosa dizendo que não voltaria mais. O problema é que a empresa passa por uma situação delicada e precisa fechar negócio que só vai ser realizado com presença do chefão.
Uma vez neste resort/spa de luxo, o jovem logo estranha o comportamento extremamente solícito do staff. E por um infortúnio da vida, sofre um acidente ao regressar para a civilização e se vê obrigado a permanecer lá para descobrir que nada é o que aparenta e que uma escuridão ronda o local.

Tenho que admitir que esse filme é um deleite visual. A fotografia é inspiradíssima com muitos tons claros que causam certo incômodo. Até porque junto com o protagonista, sabemos que esse tom limpo esconde muitos segredos e fatos sinistros.
A direção de arte também é digna de méritos com seus cenários, objetos de cenas e figurinos muito bonitos. A estética escolhida me remeteu a clássicos do cinema de horror italiano das décadas de 60 a 80. Algumas cenas como a do labirinto ou o covil do vilão lembram bastante filmes de Mario Bava, Argento e Fulci. Vale lembrar que o gore existe. Nada muito exagerado, mas efetivo em causar desconforto na plateia em cenas realmente angustiantes.
O maior problema de “A Cura” se encontra em seu roteiro que teima em ser super inteligente. O segredo em si é óbvio já na metade da projeção mas Verbinski se perde em voltas tentando despistar o público fazendo com que ele se canse um pouco. O elenco principal está bem. Dane DeHaan segura a onda e convence bem como o protagonista amoral. Mia Goth causa simpatia e estranhamento com sua Hannah e com um visual que me lembrou muito a vilã de Kill Baby, Kill.

O único ponto fraco em “A Cura” é a escalação de Jason Isaacs como diretor do resort/spa. O ator já é um rosto conhecido e gabaritado em papeis de vilão. Colocá-lo no elenco com um personagem desses vendo a forma como é conduzido nos faz não restar dúvidas de sua índole.
Gore Verbinski entrega uma direção segura até boa parte do filme com cenas esteticamente lindas e outras tensas. O problema como falamos é que ele se perde num clímax previsível e que não condiz com o que foi visto até então. Não indico esse filme a quem procura sustos e ação o tempo todo, uma vez que o ritmo é lento e altamente calçado nesta história original. Uma pena que essa história não é tão forte assim.

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Críticas
CRÍTICA: Predador – Terras Selvagens (2025)

Dan Trachtenberg se empolgou tanto com a franquia Predador que, só em 2025, o diretor lançou duas produções sobre o alienígena caçador. Depois da animação Assassino de Assassinos, temos agora Predador: Terras Selvagens (Predator: Badlands), que chega aos cinemas nesta quinta-feira.
Para quem não lembra, Trachtenberg já havia revivido o personagem em O Predador: A Caçada, mantendo a mitologia criada nos dois primeiros filmes (com Arnold Schwarzenegger, em 1987; e Danny Glover, em 1990). A pegada no mais recente longa, porém, dá um ‘duplo twist carpado’.

Ao invés de antagonista, o Predador é quem acompanhamos em Terras Selvagens. Dek (Dimitrius Schuster-Koloamatangi) é um jovem extraterrestre da raça Yautja. Como todo membro dessa espécie, ele precisa passar por um ritual de caça para obter lugar em seu clã.
Dek, no entanto, não é um dos mais atléticos da sua linhagem. Assim, para provar de uma vez por todas o seu valor como guerreiro, ele resolve enfrentar Kalisk, um super monstro que é supostamente imortal.
O problema é que esse bichão vive em um planeta onde existe uma centena de ameaças tão grandes quanto ele. Nessa saga, Dek vai contar com a ajuda de Thia (Elle Fanning), uma androide avariada que ele encontra no meio do caminho.

A ideia de acompanhar o ETzão numa jornada nem é tão novidade (algo parecido já havia acontecido no famigerado Alien vs. Predador). Mas vê-lo alçado à categoria de anti-herói. lutando por justiça e fazendo amizades é bem esquisito.
Antes de qualquer coisa, falta carisma a Dek (e nem é pela clássica feiura da criatura). Pela personalidade do Predador, estabelecida ao longo dos anos, não é possível lhe atribuir características clássicas de protagonista, como senso de humor ou transparência emotiva.
A interação com a sintética Thia tenta dar uma carga dramática à história, e por vária vezes servir de alívio cômico, só que fica bem deslocado. Também é preciso muita força de vontade para acompanhá-lo numa peregrinação que culminará apenas num objetivo pessoal.

Predador: Terras Selvagens, todavia, não é um estudo de personagem, então vamos à ação e efeitos especiais. Infelizmente, também não são lá grande coisa. O planeta Genna é até decepcionante, o design de produção foi bem preguiçoso na criação da fauna local e nenhum dos monstrengos é muito marcante. Nem a conexão com a franquia Alien (a Weyland-Yutani aparece como oponente) enche os olhos, poderia ser qualquer megacorporação do mal que tava ok.
Não dá para dizer, apesar de tudo isso, que Dan Trachtenberg estragou a franquia. Mas, ao final, fica muito óbvio que a intenção do realizador é levar a trama para uma espécie de aventura espacial, numa vibe mais próxima de filme de super herói do que de terror sci-fi de carnificina. Eu prefiro o Predador caçando e desmembrando humanos do que pagando de íntegro, porém fica a critério de cada um.
Direção: Dan Trachtenberg
Roteiro: Patrick Aison
Elenco: Elle Fanning, Dimitrius Schuster-Koloamatangi e Reuben de Jong
Origem: EUA
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CRÍTICA: Bom Menino (2025)

O filme que viralizou nos últimos meses, graças ao seu protagonista canino em um filme de terror, estreia em pleno Halloween, nos cinemas nacionais. No entanto, “Bom Menino” (Good Boy) não se resume apenas à fofura do doguinho (e adianto que ele é muito fofo mesmo).
Na trama, acompanhamos Indy, um cachorro leal que se muda com seu tutor para uma casa no meio da floresta, após o homem enfrentar um sério problema de saúde. O cão percebe imediatamente que há algo de errado com o local, e, com o tempo, essas manifestações sobrenaturais colocarão suas vidas em perigo.
Indy é, indiscutivelmente, a estrela do filme. Garanto que muitos atores gostariam de ter metade de seu carisma e presença de tela. Em poucos minutos de projeção, já estamos torcendo por ele. O trabalho de adestramento foi impecável, e é difícil imaginar o esforço que o realizador, que também é o tutor real do animal deve ter tido. Desde as cenas de afeto até as de terror, nota-se o cuidado e a boa realização em “Bom Menino“.

O diretor acerta ao usar enquadramentos e jogos de câmera quase sempre na perspectiva de Indy. Em alguns momentos, me lembrei do desenho dos Muppets Babies, em que nunca vemos o rosto da babá, embora aqui, em planos mais convencionais, sejam mostrados vislumbres ou o rosto inteiro dos personagens humanos.
O terror aqui é mais contido: uma sombra aqui e ali, vultos passageiros, mas sem o uso de trilha sonora alta ou aparições exageradas. O ritmo é lento, e a ambientação vai da casa inicialmente decrépita à mata semienevoada, com suas árvores sinistras.
Temos um longa envolto a uma atmosfera de desconforto e medo. Não espere sustos frequentes e jumpscares. Eles existem, mas em quantidade bem menor.

Apesar de em termos técnicos, a coisa funcionar, nem tudo são flores. Mesmo sendo um filme curto, com pouco mais de 70 minutos, é possível notar que a história seria mais bem contada em um curta ou média-metragem. Existem recursos narrativos que se repetem pelo menos três vezes em uma clara tentativa de esticar a duração.
A trama é a clássica da casa mal-assombrada, e a verdadeira inovação está em ser contada sob a perspectiva do cachorro. É algo eficiente que não teria o mesmo destaque se fosse narrada por humanos.
“Bom Menino” é uma agradável surpresa neste ano, dando novo fôlego a uma história que já vimos inúmeras vezes. Indy é um poço de carisma e fofura. Podem assistir sem medo, mas não espere um filme de gritos e sustos constantes.
Título original: Good Boy
Direção: Ben Leonberg
Roteiro: Ben Leonberg e Alex Cannon
Elenco: Indy, Shane Jensen, Arielle Friedman
* Filme visto em Cabine de Imprensa virtual promovida pela Espaço Z
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CRÍTICA: Medo Real (2025)

Nesta temporada de Halloween de 2025, a Netflix trouxe para seus assinantes a série documental “Medo Real” (True Haunting), que aborda dois casos sobrenaturais ocorridos na história recente dos EUA. A produção ainda tem a grife de James Wan para agregar mais valor, mas será que vale seu tempo ou está mais para um derivado sem graça de tantas outras obras sobrenaturais?

As histórias mostradas são:
– O Caso de Erie Hall: Nos anos 80, um jovem promissor consegue entrar numa renomada faculdade de NY. Entre estudos e farras, o jovem começa a ser assediado por uma força sobrenatural que cerca o local e que, com o tempo, se mostra uma ameaça a todos que o cercam.
– Essa Casa Me Matou: Mostra uma família que se muda para a casa dos sonhos e acaba descobrindo que é um lar de pesadelos.
Esses eventos são mostrados ao longo de cinco episódios – três para o primeiro caso e dois para o segundo, respectivamente. A série conta com a presença de vários envolvidos, e seus relatos são dramatizados.
Embora seja em caráter documental, é inegável a influência da série de filmes “Invocação do Mal” nos momentos de dramatização. Inclusive, o casal Warren faz uma rápida participação em um dos casos (claro, interpretado por outros atores). O tom e a trilha sonora remetem muito aos filmes famosos, mas com uma vibe mais contida. Não espere sustos a cada cinco minutos.

“Medo Real” tem alguns bons momentos exatamente por não optar por exageros, embora eles também existam, o que demonstra a indecisão dos realizadores sobre o tom que queriam dar ao material. A forma de conduzir as histórias lembra programas como “Linha Direta” e as matérias sobrenaturais vistas no “Domingo Legal” nos anos 90. Sim, existem programas assim no exterior, e inclusive alguns produtores daqui são desse tipo de programa, mas quis usar exemplos nacionais.

No geral, a série é bacana, servindo mais como uma diversão escapista do que algo sério e relevante. Não existem contrapontos para a história, e, para mim, essa é a pior falha – não dá para acreditar em tudo o que é mostrado como verdade absoluta.
Finalizando, “Medo Real” é uma série relativamente curta, com episódios de cerca de 30 minutos, que se mostra superior (mas nem tanto) ao que normalmente chega ao catálogo de originais da Netflix quando o assunto é terror.
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Lívia Freitas
10 de agosto de 2017 at 18:41
Eu não entendi nada, absolutamente nada do filme. Por ser cansativo, adiantei algumas partes e com isso, acabei sem entender. Quero um dia ter paciência pra assistir novamente, dessa vez completo.
Sandra Igreja
22 de dezembro de 2017 at 23:31
Legal se fosse “Todo mundo em neura….Ou. …Todos têm suas neuras”
Joel
31 de janeiro de 2018 at 12:47
Entendi essa parte do jovem ambicioso, do CEO que não queria retornar, porém, não entendi o pq d’àquelas enguias, aquele líquido da garrafa, a água, aquele monte de método estranho de tratamento. Afinal td aquilo levava a q? Só pra pegar a menina no final? Quem era o diretor afinal, descendente do barão, o próprio barão reencarnado? Putz, q doidêra.
QI
11 de março de 2018 at 04:10
Assista de novo …Precisa de cérebro pra entender