Críticas
CRÍTICA: Vida Após Beth (2014)
Antes de mais nada, este não é um filme comum pros padrões norte-americanos de comédia nem pros padrões de horror independente. “Vida Após Beth” (Life After Beth) fica num meio termo entre uma coisa e outra mas poderia dizer que é uma “tragicomédia romântica de zumbis”. No entanto, não torça o nariz ainda pra esta frágil definição antes de vê-lo.
“Mas como assim? Eu vou lá ver uma ‘tragicomédia romântica de zumbis’?…”. Se estiver disposto a encarar a estranheza e a critividade do roteiro, vai na fé. Antes de falar do roteiro em si, é bom dizer que “Life After Beth” é uma produção independente dirigida pelo estreante Jeff Baena, que foi selecionado para ser exibido em diversos festivais do gênero pelo mundo por seu conteúdo esquisitão e diversas cenas de humor negro.
Bem, chega de enrolação e vamos aos fatos: Uma garota chamada Beth (Aubrey Plaza) vai passear na mata e é encontrada morta. A breve cena antes dos créditos não apresenta detalhes da morte e só sabemos da causa durante as cenas de seu funeral em diálogos com o namorado que ficou abalado pela notícia.

“Nothing happened. It’s normal. You’re fine.”
Após o enterro, Zach (Dane DeHaan), o namorado, passa ainda um tempo visitando a casa dos ex-sogros até um dia em que começa a estranhar o comportamento deles ao negar sua entrada. O motivo é que Beth aparentemente voltou à vida e está na casa deles sem que eles saibam exatamente o que aconteceu pra isso. O detalhe é que ela mesma não sabe que está(va) morta.
Daí somos confrontados com o dilema moral e o estranhamento dos personagens naquele estilo “o que você faria nessa situação?”. Afinal, se um ente querido morre e depois reaparece em sua casa intacto sem a menor explicação e sem saber que faleceu, o que se deveria fazer?
É nesta hora que os pais querem resguardar o momento e deixar tudo como está, protegendo-a da verdade e do mundo ao redor. Zach, que até o momento não sabia do que ocorreu, descobre a presença de Beth e fica hesitante entre falar do assunto com ela ou entrar no jogo fingindo que nada aconteceu.

“What do you want to eat?”
E um dos melhores diálogos do filme vem desta estranheza do ocorrido entre Zach e os pais de Beth levantando hipóteses sobre se ela ressuscitou ou se virou um zumbi. Este diálogo, por sinal, também nos alivia ao saber que o roteiro não está reinventando a roda e criando novas metáforas pros “mortos-vivos”. Mas como a vida, ops, morte, ops, vida-morte de Beth não tá fácil sem poder sair da própria casa, logo surgem problemas para ela, sua família e o namorado, além da sua inevitável e gradual transformação em um zumbi agressivo.
Se em sua primeira metade, o filme vem num ritmo mais lento para tentar contextualizar o absurdo da situação, na segunda metade começa a piração. É o momento em que o filme deixa de ser “Les Revenants” pra virar “Cemitério Maldito“. Diálogos surreais em contextos “plausíveis” tomam conta do filme, que mostra ainda o ciúme como catalizador da fúria e da fome zumbi e o apreço por “smooth jazz” para acalmar seus ânimos. Falar mais sobre o filme a partir daqui estragaria surpresas como você pode imaginar.

“I’m a zombie! Zombies eat guys!”
O bom é ver que mesmo tendo um elenco de rostos conhecidos em séries e filmes de sucesso – Aubrey Plaza esteve no elenco de “Parks & Recreation”; Dane DeHaan interpretou Harry Osborn em “O Espetacular Homem-Aranha 2” e John C. Reilly já é um daqueles conhecidos das telas – o filme gosta de ousar com cenas de sangue e coloca seus personagens em situações bem incomuns. Pra quem ainda não botou fé, basta dizer que “Life After Beth” é Rated-R! Não espere uma obra-prima, mas também não subestime o potencial dele. Como já foi falado, dentre a média de filmes neste estilo, ele se sobressai.

Direção: Jeff Baena
Roteiro: Jeff Baena
Elenco: Aubrey Plaza, Dane DeHaan e John C. Reilly
Origem: EUA
TRAILER
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Críticas
CRÍTICA: Desconhecidos (2025)
A graça de ver filmes em uma narrativa não-linear é que a todo instante nossa atenção está em jogo para ligar os pontos e entender melhor a história como um todo. É com base neste recurso de edição que “Desconhecidos” (Strange Darling) de JT Mollner se dá bem.
É explicado desde o início que esta é uma história em seis capítulos. Sendo que o filme já começa no Capítulo 3! E esta é justamente uma das sequências mais instigantes do longa para prender a atenção do espectador desde o começo.
O lance, é que nesta aparente perseguição entre homem e mulher em alta velocidade, sabemos muito pouco sobre cada um deles. A introdução de quem é quem e suas motivações só aparece na parte 5 de “Desconhecidos“, que equivale ao “Capítulo 2”.
Pode parecer confuso, mas funciona como um slasher também. Ainda assim, a Miramax que lançou o filme não estava botando fé e tentou na pós-produção organizar o filme em um formato convencional na ordem em que as cenas ocorrem sem consentimento do diretor.
Diante dessa briga, JT Mollner retomou as rédeas da obra se apegando a cláusulas contratuais. E foi possivelmente por conta desse impasse que estamos vendo este filme sendo lançado tão tardiamente.
Mesmo passando metade de “Desconhecidos” sem termos certeza de quem está com razão ou quem é a real vítima, a atuação de Willa Fitzgerald é a que engrandece um filme com um roteiro aparentemente tão simples, mas cheio de reviravoltas. Mas se o título nacional se refere de forma vaga aos principais personagens, isso também se deve porque eles não tem nome na trama. Foi até uma boa sacada.
Veja sem ficar com pé atrás e curta a diversão regada a sangue e muitos tiros.

Título original: Strange Darling
Diretor: JT Mollner
Roteiro: JT Mollner
Elenco: Willa Fitzgerald, Kyle Gallner, Madisen Beaty, Barbara Hershey e outros
Ano de lançamento: 2025
* Filme visto em Cabine de Imprensa virtual promovida pela Espaço Z e Paris Filmes
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Críticas
CRÍTICA: Entre Montanhas (2025)
Diretor de O Exorcismo de Emily Rose, Livrai-nos do Mal e O Telefone Preto, é inegável que Scott Derrickson transformou seu nome numa pequena grife. Com um currículo recheado de filmes medianos, mas lucrativos, foi nele que a Apple TV apostou para comandar Entre Montanhas (The Gorge, 2025), escrito por Zach Dean, autor de A Guerra do Amanhã e Velozes & Furiosos 10.
Na trama, acompanhamos dois snipers excepcionais que são recrutados para passarem um ano vigiando um desfiladeiro num lugar remoto, cuja localização é desconhecida de ambos. Levi (Miles Teller) é um ex-fuzileiro americano, deprimido e sem amigos. Drasa (Anya Taylor-Joy) é uma mercenária bielorrussa em luto pela morte do pai.
Descobrimos então que o tal precipício é o lar de criaturas maléficas e que a missão deles é impedir que as coisas saiam do buraco. Eles, porém, não estão juntos, cada um fica de um lado do abismo, isolado em sua própria torre, armados até os dentes, mas impedidos de se comunicarem.
Essa regra, claro, é quebrada. Aí rola uma química, uma paquera, o casal se apaixona e resolve se encontrar. Quando os monstros promovem um ataque pesado e eles precisam agir juntos, Entre Montanhas vira uma mistura de Sr. & Sra. Smith com Resident Evil, que passeia por vários gêneros: terror, ficção científica, ação e comédia romântica.
O problema é que, em nenhum deles, o filme empolga. E olhe que são quase duas horas e um roteiro que entope o longa com várias revelações. Scott Derrickson até nos brinda com uma cena boa, aqui e ali, e a dupla de protagonistas se esforça para nos dar um casal com um mínimo de química.
Só que a história de Zach Dean funcionaria melhor como um videogame, onde a jogabilidade preencheria o espaço da ação. Apenas assisti-la é totalmente desinteressante. A sub-trama sobre quem comanda a vigilância do desfiladeiro ainda deixa a participação de Sigourney Weaver subaproveitada.
Entre Montanhas começa com uma premissa interessante, um bom background dos personagens, mas quando o bicho pega é uma repetição de tudo que a gente já viu. Isso nem seria ruim, se fosse uma repetição de tudo que a gente já viu e gostou. Com ação genérica e soluções fáceis, é só tédio mesmo.

Título original: The Gorge
Direção: Scott Derrickson
Roteiro: Zach Dean
Elenco: Anya Taylor-Joy, Miles Teller e Sigourney Weaver
Origem: EUA e Inglaterra
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Críticas
CRÍTICA: O Macaco (2025)
Diferente de suas obras anteriores, Osgood “Oz” Perkins aproveitou o apadrinhamento de James Wan na produção pra entregar uma divertida comédia ácida de terror. Sim, o que “O Macaco” (The Monkey) tem de gore, tem também de humor acidental. E no caso, “acidental” vai ser algo muito visto ao longo da duração deste filme.
Quem já viu os longas anteriores de Perkins, pode até se questionar como é que o diretor de “February” e “Longlegs” ia conseguir fazer essa adaptação de um conto de Stephen King. Até porque sabemos que dentro da enorme produção literária do escritor americano, poucas são as adaptações que se salvam.
Este conto, inclusive, mostra apenas a ideia de onde parte o filme. E assim como ocorre na maioria dos casos, foi só a fagulha que iniciou o incêndio em forma de roteiro no qual Oz se esbaldou.
Iniciando em forma de flashback e narrações em off, “O Macaco” remonta a história de quando os irmãos Hal e Bill (Christian Convery / Theo James) descobriram de repente em sua casa um boneco de macaco que trazia consigo baquetas nas mãos e um tambor no colo.
Off: Dizem que este macaquinho deveria vir com dois pratos nas mãos, mas este tipo aí já tinha sido licenciado pela Pixar quando fizeram “Toy Story”…
Mas bem… voltando ao filme da vez… Os gêmeos Hal e Bill que não se davam bem, descobriram o macaco e logo viram que aquilo não era brinquedo não. E a menção de que o tal macaco não era um brinquedo é algo recorrente nessa trama. É como se Oz estivesse falando que o que a gente está vendo não é uma comédia normal. E de fato não é… A gente vê diversas mortes grotescas em cena e sabe que aquilo ali não é algo comum no cinema de horror mainstream. Pra brincar com esse nível de gore e crueldade recentemente, só “Evil Dead Rise” e os “Terrifier” tiveram coragem de fazer.
“O Macaco“, diga-se de passagem, é mais um terrir do que um filme sério. E considerando o que Oz Perkins já fez, isso é estranho. E é estranho mesmo pra quem acha que toda comédia com horror é igual. Mas quem já viu os splatters da década de 80, vai achar a dinâmica deste longa bem de boa.
Com uma alta contagem de mortes, tudo o que dá errado começa quando alguém dá corda no tal macaco “de brinquedo”. Bastam as baquetas descerem e rufarem os tambores para algo ruim acontecer. E quando digo “algo ruim”, já imagine uma cena bem bizarra ao nível dos “acidentes” que rolavam na franquia “Premonição” com uma pitada maior de sarcasmo e exagero.
A duração relativamente curta de “O Macaco” também ajuda a gente a aproveitar a história que não traz detalhes desnecessários e nem se esforça em explicar o que acontece nas cenas. Basicamente o artefato é maligno e pronto. As pessoas morrem e a vida é assim.

Título original: The Monkey
Direção: Osgood Perkins
Roteiro: Osgood Perkins (baseado em conto de Stephen King)
Elenco: Theo James, Christian Convery, Tatiana Maslany e outros
Ano de lançamento: 2025
* Filme visto em cabine de imprensa promovida pela Espaço Z no Cinemark Rio Mar – Recife
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