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DICA DA SEMANA: Hollywood Mortuary (1998)

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Hollywood Mortuary

[Por Osvaldo Neto]

Esse tal do YouTube é mesmo uma caixinha de surpresas. Nunca a gente sabe o que pode encontrar ou não e ontem, pensando no que indicaria para essa coluna semanal do Toca o Terror, me deparei com algo que jamais pensei ver disponível nessa plataforma.

O caso em questão é “Hollywood Mortuary”, um filme que completou 20 anos de lançamento neste ano de 2018 e é um tanto obscuro para muita gente. Eu somente cheguei a descobri-lo quando me debrucei no cinema ‘microbudget’ e SOV (shot on video) feito nos EUA dos anos 80 e 90. Foi nesse momento que fiquei sabendo da existência de caras como Kevin Lindenmuth, Tim Ritter, Brad Sykes, Jay Woelfel, Jeff Leroy e outros que fizeram uma carreira realizando filmes de gênero com orçamentos diminutos (daí o termo ‘microbudget’) para o mercado de home video, muitas vezes passando pelas câmeras BETAMAX, VHS, HI-8 e as primeiras câmeras digitais.

Ou seja, esse pessoal era muito prolífico e produzia com o que tivessem em mãos e esses filmes conseguiam distribuição e geravam lucro. Imagina ver a fita VHS ou o DVD de um filminho de terror independente que custou menos que um almoço do Tom Cruise tendo o mesmo espaço do “Sexta-feira 13” e suas sequências nas locadoras? Hoje a gente praticamente não vê isso nas plataformas digitais, as atuais substitutas das locadoras físicas.

Ron Ford – diretor, roteirista e ator da recomendação de hoje – chegou a fazer parte de vários longas das pessoas citadas no parágrafo anterior. É verdade que diversos desses filmes estavam longes de serem ‘bons’, sendo feitos mais para suprir um mercado do que qualquer outra coisa, mas os realizadores sempre se sobressaiam nos seus projetos pessoais e “Hollywood Mortuary” é um ótimo exemplo.

Um ano antes do lançamento de “A Bruxa de Blair”, Ford fez um filme que é parte comédia de horror e parte “mockumentary” com falsas entrevistas de celebridades da era de ouro hollywoodiana (Margaret O’ Brien, Anita Page), do cinema B (Conrad Brooks, David DeCoteau), o escritor e historiador de cinema Tim Murphy e o fictício Maury Mackerman (vivido pelo ator Joe Haggerty), neto do documentarista Cory Mackerman (também interpretado por Haggerty).

Essas entrevistas são pano de fundo para a história do filme, passada no início dos anos 40. Seu protagonista é o arrogante e egocêntrico maquiador Pierce Jackson Dawn (Randal Malone, figura presente em praticamente todos os filmes de Ford de 1996-2003), que se encontra longe dos sets de filmagem porque os estúdios não estavam mais fazendo grandes filmes de terror.

O maquiador ganhou mais pelo seu trabalho em dois enormes sucessos da década anterior, “Baron Vladimir” e “The Walking Cadaver”, estrelados – respectivamente – pelos astros do gênero, o húngaro Janos Blasko (o diretor Ron Ford) e o britânico Pratt Borokof (Tim Sullivan), rivais na tela e na vida real, então igualmente esquecidos pelo grande público.

Quando Pierce toma coragem para conversar com Leonard Schein (Wes Deitrick), chefe dos Estúdios Cosmopolitan, ele é humilhado e toma um pé na bunda do sujeito que diz que os espectadores não querem mais saber de filmes de terror e sim de histórias realistas, tiradas das manchetes dos jornais. Blasko e Borokof terminam morrendo e bom… Pierce acaba recorrendo à boa e velha Macumba, referida no filme como “o vodoo brasileiro”, para fazer os dois voltarem do além como zumbis e assim, trazerem terror para a realidade e, claro, às manchetes dos jornais!

O fã de terror clássico já deve ter percebido que os três personagens principais de “Hollywood Mortuary” são homenagens a ninguém menos que Jack Pierce, Bela Lugosi e Boris Karloff (cujo nome real era William Henry Pratt). Randal Malone carrega muito de “Hollywood Mortuary” nas costas, mas a química entre Ford e Sullivan é divertida demais e melhora todas as cenas em que eles contracenam com o outro. Em uma das falsas entrevistas, Conrad Brooks diz que Janos Blasko era o ator favorito de Ed Wood e que não tinha como ele ter roubado o cadáver do sujeito, até porque Wood vivia tão duro que não tinha dinheiro nem para comprar uma pá.

“Hollywood Mortuary” originalmente era um episódio da antologia “Creaturealm: From The Dead”, produzida por Kevin Lindenmuth. Ford adorou tanto a experiência de fazê-lo que decidiu transformar esse média-metragem, já pronto, em um longa, filmando cenas adicionais com Tim Sullivan, Randal Malone e Joe Haggerty.

As limitações de produção podem ser extremas, inclusive visíveis por alguns cenários (vários “escritórios” são obviamente a casa de alguém) e efeitos especiais mas isso é de praxe no universo do ‘micro-orçamento’. É a maravilhosa ideia por trás do filme, a extrema paixão da equipe pelo projeto e as inspiradas atuações do trio principal de atores que facilmente fazem com que esse charmoso e simpático trabalho mereça uma chance de ser mais conhecido.

Fica a dica para quem deseja ver algo fora do lugar comum e não morre do coração ao assistir a um filme rodado em vídeo analógico. Como informado, o longa completo está disponível no YouTube (áudio original, sem legendas em português).

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DICA DA SEMANA: A Volta dos Mortos-Vivos 3 (1993)

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A Volta dos Mortos-Vivos 3

Vamos falar de continuações, de novo! O filme da vez é “A Volta dos Mortos-Vivos 3” (Return of the Living Dead 3), um dos principais filmes do cânone de zumbis pós-George Romero.

Não é preciso explicar que o primeiro longa desta franquia, dirigido por Dan O’Bannon é super divertido e cravou no universo pop a expressão “Braaains!” ao se referir aos seres bizarros semi-mortos que atacam humanos. Também não é preciso ir muito longe para falar que o segundo é praticamente uma cópia do anterior sem muita criatividade.

Mas o que faz com que a obra de Brian Yuzna se destaque em uma franquia que dava sinais de desgaste, é que ele acabou juntando dois filmes em um. No caso, pegou as referências do LivingDeadVerso e juntou com o que fez com a “Noiva do Re-Animator” anteriormente.

E se você nunca viu, o lance é o seguinte… um casal de jovens tipicamente fora da linha, daqueles que usam casaco de couro, possuem amigos “da pesada” e andam de moto, resolve entrar clandestinamente em uma base militar. Como o boyzinho é filho de um coronel de alta patente, ele consegue acesso à base com o crachá do pai e inadvertidamente vê com sua namorada um experimento ultra-secreto.

Basta saber que aquele gás chamado de Trioxin que reanima os mortos no primeiro filme da franquia é o mesmo que os milicos estão usando para testar em cadáveres como cobaias. O problema é que uma vez morto, mesmo que “reviva”, o ser decomposto só quer saber de atacar e devorar os vivos. E não tem bala, faca, murro ou qualquer tentativa de golpe que os detenha.

Nisso aí, o casal Curt (J. Trevor Edmond) e Julie (Melinda Clarke) com medo do que presenciaram, resolvem fugir às pressas. No entanto, a adrenalina e a emoção da fuga foi tão grande que perderam o controle na estrada ao desviar de um caminhão e Julie acabou morrendo ao se chocar com um poste.

A história dos dois pombinhos poderia ter acabado aí, se não fosse a “brilhante” ideia do namorado que acha que podia resolver o problema ao levar a noiva cadáver para a base militar e usar o Trioxin “do jeito certo”. Neste caso, apesar dos atropelos, a missão foi “bem sucedida”, mas reacordou a mulher desorientada e com muita “fome”. O efeito colateral é que ao abrir o tambor de Trioxin, eles ajudaram a despertar outros monstrengos. Daí em diante é fácil entender o que se sucede, considerando que este é uma obra de terror.

Sendo que o mais legal em “A Volta dos Mortos-Vivos 3” é a transformação gradual de Julie, que era apenas uma jovem rebelde em uma zumbi sedutora e masoquista que se auto-mutila com caco de vidro, agulhas, pregos e o que mais tiver, convertendo-se num ícone do cinema de horror. E nesta saga inevitável rumo a um desfecho trágico, esta versão from hell de “Romeu & Julieta” segue sendo interessante pra ver e rever trinta anos depois.

O resultado é um bizarra história de amor e zumbis que funciona tanto pelo lado do horror, quanto do romance ou da comédia. Depende de como estiver seu clima no dia. E se você nunca viu (2), aproveite as facilidades da Internet para assistir a “A Volta dos Mortos-Vivos 3” no catálogo do Plex ou da Darkflix.

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DICA DA SEMANA: Criatura da Noite (1982)

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Criatura da Noite

Mais uma Dica da Semana do sommelier de obscuridades e filmes B que vos fala, ou seja, mais uma pérola indicada para pessoas de gosto esquisito. Desta vez, vamos de CRIATURA DA NOITE (Nightbeast, 1982), exemplar do chamado ‘regional horror’ que tanto nos entregou filmes pra lá de divertidos produzidos com baixíssimo orçamento. O título de hoje não é exceção.

A premissa não poderia ser mais simples: nave espacial com um alienígena malvado acaba caindo no Planeta Terra, mais precisamente em uma pequena cidade do interior dos EUA.

Basta o bichão sair da nave, que explode logo em seguida, para começar um massacre. O xerife e uma delegada, junto com alguns bravos e corajosos civis, lutam pela sua sobrevivência e a dos demais moradores do lugar.

CRIATURA DA NOITE é uma espécie de sequência/remake de THE ALIEN FACTOR, pelo seu mesmo diretor, Don Dohler. O cineasta de Baltimore, Maryland (mesma terra natal de ninguém menos que John Waters) se especializou em filmes ultra baratos que entregam aquilo que o povão gosta. Com menos de 15 minutos de filme, já vemos a criatura alienígena por completo e um bom número do total de mortes que ela causa ao longo do desenrolar da história.

Não faltam atuações canastronas e péssimas do elenco de amadores, criatividade no uso dos (poucos) recursos ao alcance da produção e efeitos práticos e visuais que às vezes surpreendem por serem até legais para um filme ‘gore’ tão barato dos anos 80 ou por serem MUITO risíveis. Também deve ser dado um destaque para o registro daquela que deve ser a cena de sexo mais constrangedora da história do gênero.

Sabemos que CRIATURA DA NOITE tem falhas evidentes: o bom ritmo não se sustenta por muito tempo, assim como o excesso de personagens com diálogo que fazem o alienígena aparecer menos (se bem que a extensa maioria vira defunto). Aliás, o filme tem um total de quase 30 mortes em seus 82 minutos de duração. Mas o fato é que o filme, com todo o seu charme e ingenuidade, diverte mais qualquer espectador do que muita produção multi-milionária dos dias de hoje.

Com distribuição internacional dos nossos queridos amigos da Troma, CRIATURA DA NOITE chegou a ser lançado no Brasil somente em VHS. O filme está disponível com cópia restaurada na plataforma Tubi.tv (com opção de legenda em inglês) ou em qualidade inferior no YouTube (sem legenda).

Curiosidade: Uma boa parcela da trilha sonora foi composta pelo hoje famoso roteirista, produtor e diretor J.J. Abrams que então era um garoto de 16 anos.

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DICA DA SEMANA: A Vila (2004)

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A Vila

Para algumas pessoas, 2004 foi o ano em que a carreira de M. Night Shyamalan desandou. Foi quando “A Vila” saiu. Essas pessoas, no entanto, estão completamente enganadas. Você pode até não embarcar na história de crítica ao mundo violento dos dias de hoje ou na história de amor entre a dupla de protagonistas, mas é inegável a parte técnica do filme e os detalhes narrativos que permeiam o roteiro.

Em “A Vila“, acompanhamos uma comunidade rural americana do século XIX, que vive isolada do resto do mundo. Por conta disso, o povoado sofre com alguns problemas, como a falta de acesso a medicamentos. Quando uma criança fica doente e morre, Lucius (Joaquin Phoenix) pede autorização aos conselho de anciões para ir até a cidade mais próxima e adquirir os remédios que lhes faltam.

O simples pedido, no entanto, tem um grande empecilho. A floresta que rodeia o vale é habitada por criaturas monstruosas, que proíbem os humanos de entrar em seus domínios. Acostumado a criar reviravoltas em seus enredos, Shyamalan já nos dá a primeira bem antes do fim, quando a história muda de protagonista e Ivy Walker (Bryce Dallas Howard) entra em cena.

Após um ataque de ciúmes, Noah Percy (Adrien Brody) esfaqueia Lucius e cabe a Ivy, que é cega, se encarregar da ideia inicial e partir rumo ao desconhecido para conseguir os remédios que salvarão a vida do seu noivo. É aí que começam as grandes discussões da obra. Os líderes da comunidade temem que seu isolamento, algo construído a duras penas e tido como um ideal de vida, chegue ao fim caso um dos jovens deixe a vila.

Por outro lado, o chefe do povoado, Edward Walker (William Hurt), se sente responsável pelo acontecimento, já que a vida de Lucius não está em risco por um acidente ou doença e sim por uma tentativa de assassinato. É nos explicado que aquele aglomerado de pessoas escolheu seu estilo de vida para fugir da violência do mundo exterior, então aquilo que eles mais temiam ocorreu em seu santuário.

Como eu disse anteriormente, talvez as metáforas do roteiro não agradem todo mundo, mas se é terror que vocês querem, tem também. Começo elogiando a forma como Shyamalan filma as criaturas, mostrando-as sempre por detalhes e algumas vezes fora de foco para manter o mistério sobre sua aparência. Até mesmo quando o diretor nos revela o grande segredo. A cena de perseguição na floresta é outro grande momento.

Destaco também as atuações do trio Bryce Dallas Howard, Joaquin Phoenix e Adrien Brody. Esses dois últimos protagonizam uma cena de tentativa de assassinato dirigida de forma quase brilhante. Enfim, tem gente que odeia “A Vila” mas eu amo, vi no cinema e já virei fã desde aquela época. Para quem quiser conhecer ou rever tem no streaming da Disney+.

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