Críticas
CRÍTICA: Invasão Zumbi (2016)

Por Júlio Carvalho
Há uns meses atrás, um trailer de um filme asiático de zumbis em um trem tava rodando a internet e impressionando a todos. A reação, quase que unânime, foi de compará-lo ao decepcionante GUERRA MUNDIAL Z (World War Z, 2013) por conta da “avalanche” de infectados mostrada. O filme em questão se trata do sul-coreano TRAIN TO BUSAN (Busanhaeng) e que tenho o prazer de adiantar logo que, ao contrário do já citado americano, é um dos melhores do gênero e de 2016!
Também aproveito pra avisar que vou ignorar o medíocre título nacional: Invasão Zumbi.

Somos apresentados a Seok Woo (Yoo Gong), o um corretor financeiro que tem um relacionamento bem complicado com a sua filha Soo-an (Soo-an Kim) por sem bem ausente. No dia do aniversário da pequena, a pedido da mãe da garota, eles decidem viajar para Busan para que assim a menina passe o dia com sua mãe. Mal sabe eles que a viagem se tornaria uma verdadeira luta pela sobrevivência. Pra sua sorte, eles conhecem um simpático casal, um grupo de estudantes e outras pessoas que juntos enfrentam esse pequeno contratempo.
Os zumbis aqui são na verdade pessoas “vivas” infectadas. Digo isso pois não há mortos-vivos tradicionais desmembrados que saem dos seus túmulos. A parada é na base e uma espécie de transmissão viral que se dá através da mordida. A transformação é praticamente instantânea e deixa a pessoa com aspecto podre, porém dotada de raiva e agilidade extremas, assim como já visto em EXTERMÍNIO (28 Days Later, 2002) e no já citado GUERRA MUNDIAL Z. Um detalhe impressionante é a performance dos dublês que fazem os zumbis que se jogam pra valer uns em cima dos outros. É claro, e notório, que há momentos em CGI, mas são todos bem pontuais e nada espalhafatosos.

TRAIN TO BUSAN é escrito e dirigido por Sang-Ho Yoan e é sua primeira produção em live-action, tendo em sua filmografia anterior apenas com animações. Yeon manda muito bem em todos os aspectos. Seu roteiro é enxuto, convincente e com diálogos certeiros. Sua direção é competente e nos entrega ótimas sequências de ação, suspense, bons sustos e até um drama eficiente.Vale ressaltar que não é do tipo de filme de terror que dá medo, mas do tipo que cria muita tensão. Afinal, quem tem medo de zumbis em pleno 2016? Claro que não me refiro a pessoas reacionárias que, esses sim, assustam de verdade… enfim… como eu ia dizendo, há situações cabulosas aqui como, por exemplo, quando um grupo se vê encurralado em um vagão cheio de infectados e tem de passar por eles sem serem notados, precisando aproveitar os poucos segundos em que o trem atravessa um túnel.

Além da tensão e violência, os arcos dramáticos também são muito eficientes durante todo o longa. O principal se refere ao relacionamento entre pai e filha, que não andam bem das pernas. Os demais, e não menos importantes, vão surgindo a medida que outros personagens vão entrando na correria. Sem contar que rola uma série de dilemas morais bem carregados com conclusões até inesperadas.
Apesar de tudo, há também um certo exagero nas personas de alguns personagens que podem soar caricatos demais, forçando assim a barra em alguns momentos. Também tem o fato de que o longa poderia ser bem menor. Mas, mesmo assim, este trem asiático passa bem mais rápido que a cansativa empreitada do Brad Pitt que, segundo o IMDb, tem 2 minutos a menos.

O fato é que TRAIN TO BUSAN é tudo que GUERRA MUNDIAL Z deveria ter sido, ou seja: frenético, urgente e dramático ao mesmo tempo. Com toda certeza é um dos melhores filmes de zumbi (ou infectados) já feitos e merece ser visto na telona do cinema. Então, embarque nessa e aproveite a viagem.

Direção: Sang-ho Yeon
Roteiro: Sang-ho Yeon
Elenco: Yoo Gong, Soo-an Kim, Yu-mi Jeong
Origem: Coréia do Sul
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Críticas
CRITICA: Frankenstein (2025)

Quando saiu o anúncio de que a nova versão cinematográfica para FRANKENSTEIN concebida por Guillermo del Toro. Como fã do livro e do diretor, fiquei animado ao mesmo tempo que receoso por motivos de: Netflix.

FRANKENSTEIN (ou O PROMETEU MODERNO) foi um livro cabuloso escrito por Mary Shelly lançado em 1818 que basicamente cravou a junção de terror com ficção científica. Sua história já foi amplamente adaptada em diversas mídias desde então, sendo até apropriada por Hollywood como um dos monstros da Universal com o clássico de 1931 no qual Boris Karllof interpreta a criatura cujo o visual ficou como o definitivo no imaginário da cultura pop. Outra adaptação que ficou marcada foi a de 1994 com Robert DeNiro encarnando o retalho de corpos ambulante. Para além do cinema, o que não faltam são adaptações e versões, diretas ou indiretas desta icônica obra literária.
Estamos em 2025 e agora temos a versão de Guillermo del Toro (O LABIRINTO DO FAUNO, ESPINHA DO DIABO, HELLBOY, BLADE 2) cineasta que marcou sua filmografia com monstros carismáticos, memoráveis, icônicos e grotescos. Na trama, a grosso modo, acompanhamos Victor Frankenstein, um médico que é obcecado em vencer a morte a todo custo. Para isso ele não poupa esforços numa empreitada para desvendar como reanimar um corpo montado a partir de vários outros cadáveres. Quando enfim tem êxito, percebe que passou dos limites e precisa encarar sua monstruosa criação.

O filme é visualmente impecável. Dos cenários ao figurino, tudo é hipnotizante. Realmente o trabalho de direção de produção, figurino e efeitos são impressionantes. É tanta exuberância que até o gore fica bonito e é aí que a versão de Guillermo del Toro para FRANKENSTEIN se mostra não tão cabulosa como o esperado, ou prometido por sua filmografia. Na medida que o filme avança, a trama não aprofunda, fica redundante e estaciona no lugar comum de um filme apenas “lindo”.
Fica nítido que del Toro não busca desafiar a audiência em momento algum, escolhendo o maniqueísmo fácil, buscando até um didatismo que chega a ser verborrágico. Até visualmente, o cineasta, tão conhecido por trazer criaturas icônicas com visuais que fogem do padrão, prefere uma estética agradável para a criatura, ousando não entregar o esperado, mas ao mesmo tempo, optando pelo caminho mais fácil para o apreço do público pelo quebra-cabeça de defuntos ambulante. O que é até contraditório com toda nojeira apresentada até então, com corpos mutilados para experimentos em todo lugar.

O elenco em geral faz o que o longa pede. O ótimo Oscar Isaac entrega um Victor Frankenstein extremamente desequilibrado e detestável sem muitas nuances, reforçando o maniqueísmo simplório do roteiro. Mia Goth faz sua versão rebelde de Elizabeth, Jacob Elord encarna uma criatura que é basicamente ele mesmo mais pálido com “cicatrizes” perfeitas e o cultuado Christoph Waltz interpreta um personagem criado para esta versão que tem seus momentos, mas no fim acaba sendo só o próprio Christoph Waltz mesmo.
Há diferenças com a obra original, e tá tudo bem sendo até esperado. O foco aqui é mais no drama familiar entre Victor e seu pai, e de Victor com a criatura. O terror fica apenas para as cenas nojentas dos experimentos do doutor e do monstro, trucidando os tripulantes de um navio, por exemplo. Dividido em capítulos, del Toro traz também o ponto de vista da criatura que pretende gerar contrapontos de julgamento, mas poderia ter ido muito além. Assim seguimos nesta dinâmica dualista: de um lado, temos o doutor extremamente babaca, horrível e odiável; do outro, uma criatura inocente, bela e amável. Assim é fácil demais, hein, Guillermo?

Infelizmente, FRANKENSTEIN, de Guillermo del Toro, não vai muito além do belo, não desafiando para uma superação do horrendo, nem instigando reflexões mais profundas. Até em A FORMA DA ÁGUA, em que o cineasta pega mais leve, tem um certo grau de desafio lançado para sua audiência. Este só não é tão esquecível feito o seu A COLINA ESCARLATE por conta do peso da obra original. Aí fica o questionamento: foram estas escolhas dele ou imposições da Netflix? No fim, nem importa tanto, pois o que fica é a obra como foi concebida.
Título original: FRANKENSTEIN
Diretor: Guillermo del Toro
Roteiro: Guillermo del Toro
Elenco: Oscar Isaac, Jacob Elordi, Christoph Waltz, Mia Goth
Origem: EUA, México
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Críticas
CRÍTICA: Predador – Terras Selvagens (2025)

Dan Trachtenberg se empolgou tanto com a franquia Predador que, só em 2025, o diretor lançou duas produções sobre o alienígena caçador. Depois da animação Assassino de Assassinos, temos agora Predador: Terras Selvagens (Predator: Badlands), que chega aos cinemas nesta quinta-feira.
Para quem não lembra, Trachtenberg já havia revivido o personagem em O Predador: A Caçada, mantendo a mitologia criada nos dois primeiros filmes (com Arnold Schwarzenegger, em 1987; e Danny Glover, em 1990). A pegada no mais recente longa, porém, dá um ‘duplo twist carpado’.

Ao invés de antagonista, o Predador é quem acompanhamos em Terras Selvagens. Dek (Dimitrius Schuster-Koloamatangi) é um jovem extraterrestre da raça Yautja. Como todo membro dessa espécie, ele precisa passar por um ritual de caça para obter lugar em seu clã.
Dek, no entanto, não é um dos mais atléticos da sua linhagem. Assim, para provar de uma vez por todas o seu valor como guerreiro, ele resolve enfrentar Kalisk, um super monstro que é supostamente imortal.
O problema é que esse bichão vive em um planeta onde existe uma centena de ameaças tão grandes quanto ele. Nessa saga, Dek vai contar com a ajuda de Thia (Elle Fanning), uma androide avariada que ele encontra no meio do caminho.

A ideia de acompanhar o ETzão numa jornada nem é tão novidade (algo parecido já havia acontecido no famigerado Alien vs. Predador). Mas vê-lo alçado à categoria de anti-herói. lutando por justiça e fazendo amizades é bem esquisito.
Antes de qualquer coisa, falta carisma a Dek (e nem é pela clássica feiura da criatura). Pela personalidade do Predador, estabelecida ao longo dos anos, não é possível lhe atribuir características clássicas de protagonista, como senso de humor ou transparência emotiva.
A interação com a sintética Thia tenta dar uma carga dramática à história, e por vária vezes servir de alívio cômico, só que fica bem deslocado. Também é preciso muita força de vontade para acompanhá-lo numa peregrinação que culminará apenas num objetivo pessoal.

Predador: Terras Selvagens, todavia, não é um estudo de personagem, então vamos à ação e efeitos especiais. Infelizmente, também não são lá grande coisa. O planeta Genna é até decepcionante, o design de produção foi bem preguiçoso na criação da fauna local e nenhum dos monstrengos é muito marcante. Nem a conexão com a franquia Alien (a Weyland-Yutani aparece como oponente) enche os olhos, poderia ser qualquer megacorporação do mal que tava ok.
Não dá para dizer, apesar de tudo isso, que Dan Trachtenberg estragou a franquia. Mas, ao final, fica muito óbvio que a intenção do realizador é levar a trama para uma espécie de aventura espacial, numa vibe mais próxima de filme de super herói do que de terror sci-fi de carnificina. Eu prefiro o Predador caçando e desmembrando humanos do que pagando de íntegro, porém fica a critério de cada um.
Direção: Dan Trachtenberg
Roteiro: Patrick Aison
Elenco: Elle Fanning, Dimitrius Schuster-Koloamatangi e Reuben de Jong
Origem: EUA
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Críticas
CRÍTICA: Bom Menino (2025)

O filme que viralizou nos últimos meses, graças ao seu protagonista canino em um filme de terror, estreia em pleno Halloween, nos cinemas nacionais. No entanto, “Bom Menino” (Good Boy) não se resume apenas à fofura do doguinho (e adianto que ele é muito fofo mesmo).
Na trama, acompanhamos Indy, um cachorro leal que se muda com seu tutor para uma casa no meio da floresta, após o homem enfrentar um sério problema de saúde. O cão percebe imediatamente que há algo de errado com o local, e, com o tempo, essas manifestações sobrenaturais colocarão suas vidas em perigo.
Indy é, indiscutivelmente, a estrela do filme. Garanto que muitos atores gostariam de ter metade de seu carisma e presença de tela. Em poucos minutos de projeção, já estamos torcendo por ele. O trabalho de adestramento foi impecável, e é difícil imaginar o esforço que o realizador, que também é o tutor real do animal deve ter tido. Desde as cenas de afeto até as de terror, nota-se o cuidado e a boa realização em “Bom Menino“.

O diretor acerta ao usar enquadramentos e jogos de câmera quase sempre na perspectiva de Indy. Em alguns momentos, me lembrei do desenho dos Muppets Babies, em que nunca vemos o rosto da babá, embora aqui, em planos mais convencionais, sejam mostrados vislumbres ou o rosto inteiro dos personagens humanos.
O terror aqui é mais contido: uma sombra aqui e ali, vultos passageiros, mas sem o uso de trilha sonora alta ou aparições exageradas. O ritmo é lento, e a ambientação vai da casa inicialmente decrépita à mata semienevoada, com suas árvores sinistras.
Temos um longa envolto a uma atmosfera de desconforto e medo. Não espere sustos frequentes e jumpscares. Eles existem, mas em quantidade bem menor.

Apesar de em termos técnicos, a coisa funcionar, nem tudo são flores. Mesmo sendo um filme curto, com pouco mais de 70 minutos, é possível notar que a história seria mais bem contada em um curta ou média-metragem. Existem recursos narrativos que se repetem pelo menos três vezes em uma clara tentativa de esticar a duração.
A trama é a clássica da casa mal-assombrada, e a verdadeira inovação está em ser contada sob a perspectiva do cachorro. É algo eficiente que não teria o mesmo destaque se fosse narrada por humanos.
“Bom Menino” é uma agradável surpresa neste ano, dando novo fôlego a uma história que já vimos inúmeras vezes. Indy é um poço de carisma e fofura. Podem assistir sem medo, mas não espere um filme de gritos e sustos constantes.
Título original: Good Boy
Direção: Ben Leonberg
Roteiro: Ben Leonberg e Alex Cannon
Elenco: Indy, Shane Jensen, Arielle Friedman
* Filme visto em Cabine de Imprensa virtual promovida pela Espaço Z
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carmoj
21 de novembro de 2016 at 15:38
No que tange a avaliação do filme ok. Mas a comparação de zumbis com pessoas reacionárias foi absolutamente ridícula. Isto parece até conversa de certos zumbis vermelhinhos, este tipo sim muito perigoso, mas que felizmente está sendo varrido deste país.
Joe
28 de dezembro de 2016 at 18:53
É preciso estar muito alienado para julgar que o país está melhorando, muita alienação, deve ser muito confortável culpar um partido apenas e e fechar os olhos.
De qualquer forma, ótima resenha, vou ver o filme!
carmoj
5 de janeiro de 2017 at 13:13
Só de exterminar esses zumbis “The Walking Left” o mundo inteiro já se sente melhor.
Catalicio
28 de dezembro de 2016 at 16:30
Assisti. Incrível.
Arquimedes
1 de janeiro de 2017 at 09:28
Bom eu já assisti, filme muito top (y)
Patricia
1 de janeiro de 2017 at 21:15
Assisti e gostei!
Beatriz Felix
6 de agosto de 2017 at 04:12
Só o que me incomodou nesse filme foi a inutilidade das personagens, poxa as mulheres como eu já estão cansadas de ver mulheres fracas, amendrotadas que dependem exclusivamente de um homem para salva-las o que no filme isso é bem explorado (salvo a grávida e a menina que não podiam fazer muita coisa mesmo).