conecte-se conosco

Críticas

CRÍTICA: Herege (2024)

Publicados

em

Herege

Filmes sobre pessoas em cativeiro é um subgênero do horror que quase sempre acaba no mais do mesmo, a simples luta pela sobrevivência. No entanto, esse tipo de trama já rendeu algumas pérolas, como os cult classics Mártires (2008) e Acorrentados (2012). No fim das contas, tudo depende da dinâmica entre as vítimas e o vilão.

E é nesse ponto que Herege (Heretic, 2024) tenta dar um novo fôlego às histórias de sequestro. Começamos o longa acompanhando a rotina ingrata das missionárias Barnes (Sophie Thatcher) e Paxton (Chloe East). Em um mundo cada vez mais distante da religião, elas tentam convencer as pessoas a se juntarem à sua congregação.

Na primeira parte, o roteiro nos apresenta a relação entre as duas. Paxton cresceu dentro da igreja, tem pouca experiência com o ‘mundo exterior’ e é mais ‘inocente’. Barnes se converteu à fé junto com a mãe, após a morte do pai, e tem mais tato com gente de fora da sua bolha.

Nessa missão evangelizadora, elas acabam indo parar na casa de Mr. Reed (Hugh Grant), um simpático senhor de 60 anos, que havia solicitado mais informações sobre o Livro de Mórmon. Barnes e Paxton, então, vêem uma oportunidade de ouro de conquistar mais um fiel.

Reed, porém, é um psicopata (quem diria, né?). Mas seu modus operandi não é prender e matar, ele gosta mesmo é de infernizar (literalmente). Acontece que Reed é um expert em religião e o plano de atrair pregadores é uma armadilha para confrontar suas crenças, pois, adivinhem só, ele é um herege.

Retornando ao tema “dinâmica entre as vítimas e o vilão”, o elenco, basicamente formado pelos três nomes já citados, consegue uma boa química, mas o roteiro foi feito para Hugh Grant brilhar. Alguns críticos já apontam esse como o melhor papel da carreira do ator, mais conhecido por viver galãs em comédias românticas.

O fato é que Reed é a personificação das dúvidas sobre credos que permeiam a cabeça de muita gente. Para desconstruir a fé de Barnes e Paxton, ele usa fatos históricos, prova que toda religião é uma amálgama de vários ritos anteriores e se utiliza até mesmo da cultura pop.

Você pode até achar que essa seria uma conversa interessante e educativa, mas vamos nos lembrar que o público aqui são duas jovens trancadas na casa de um idoso esquisito. Além disso, Reed condiciona a liberdade das meninas a charadas perversas, que vão ficando cada vez mais sinistras.

Scott Beck e Bryan Woods, diretores e roteiristas de Herege, conseguem manter o público completamente imerso nessa “primeira parte” do filme. Desde a tensão no momento em que as garotas percebem que estão encarceradas, passando pelos monólogos de Grant, que parece um professor de teologia dando aula chapado de ansiolítico. Tudo funciona.

Herege, entretanto, perde um pouco de força do meio para o fim, pois tem de se valer de alguns clichês de sobrevivência, além de reviravoltas mirabolantes, para fazer a trama andar. Isso ainda se reflete na direção, que agora precisa estabelecer elementos em cena que serão utilizados mais tarde. O que é feito de uma forma tão pouco sutil, que fica até mesmo caricato.

O tema religião também acaba causando uma certa confusão na conclusão dos arcos, já que a fé (ou a falta dela) é o que move os personagens. Tem uma mensagem ali? Ou a falta de mensagem é a verdadeira mensagem? Enfim, vamos perdoar em nome da diversão, puxem uma cadeira e reservem 1h50 para ouvir a palavra de Mr. Reed.

Escala de tocância de terror:

Título original: Heretic
Direção: Scott Beck e Bryan Woods
Roteiro: Scott Beck e Bryan Woods
Elenco: Hugh Grant, Sophie Thatcher e Chloe East
Origem: EUA

* Filme visto em Cabine de Imprensa promovida pela Espaço Z

Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!

Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Críticas

CRÍTICA: Desconhecidos (2025)

Publicados

em

Desconhecidos

A graça de ver filmes em uma narrativa não-linear é que a todo instante nossa atenção está em jogo para ligar os pontos e entender melhor a história como um todo. É com base neste recurso de edição que “Desconhecidos” (Strange Darling) de JT Mollner se dá bem.

É explicado desde o início que esta é uma história em seis capítulos. Sendo que o filme já começa no Capítulo 3! E esta é justamente uma das sequências mais instigantes do longa para prender a atenção do espectador desde o começo.

O lance, é que nesta aparente perseguição entre homem e mulher em alta velocidade, sabemos muito pouco sobre cada um deles. A introdução de quem é quem e suas motivações só aparece na parte 5 de “Desconhecidos“, que equivale ao “Capítulo 2”.

Pode parecer confuso, mas funciona como um slasher também. Ainda assim, a Miramax que lançou o filme não estava botando fé e tentou na pós-produção organizar o filme em um formato convencional na ordem em que as cenas ocorrem sem consentimento do diretor.

Diante dessa briga, JT Mollner retomou as rédeas da obra se apegando a cláusulas contratuais. E foi possivelmente por conta desse impasse que estamos vendo este filme sendo lançado tão tardiamente.

Mesmo passando metade de “Desconhecidos” sem termos certeza de quem está com razão ou quem é a real vítima, a atuação de Willa Fitzgerald é a que engrandece um filme com um roteiro aparentemente tão simples, mas cheio de reviravoltas. Mas se o título nacional se refere de forma vaga aos principais personagens, isso também se deve porque eles não tem nome na trama. Foi até uma boa sacada.

Veja sem ficar com pé atrás e curta a diversão regada a sangue e muitos tiros.

Escala de tocância de terror:

Título original: Strange Darling
Diretor: JT Mollner
Roteiro: JT Mollner
Elenco: Willa Fitzgerald, Kyle Gallner, Madisen Beaty, Barbara Hershey e outros
Ano de lançamento: 2025

* Filme visto em Cabine de Imprensa virtual promovida pela Espaço Z e Paris Filmes

Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!

Continue lendo

Críticas

CRÍTICA: Entre Montanhas (2025)

Publicados

em

Entre Montanhas

Diretor de O Exorcismo de Emily Rose, Livrai-nos do Mal e O Telefone Preto, é inegável que Scott Derrickson transformou seu nome numa pequena grife. Com um currículo recheado de filmes medianos, mas lucrativos, foi nele que a Apple TV apostou para comandar Entre Montanhas (The Gorge, 2025), escrito por Zach Dean, autor de A Guerra do Amanhã e Velozes & Furiosos 10.

Na trama, acompanhamos dois snipers excepcionais que são recrutados para passarem um ano vigiando um desfiladeiro num lugar remoto, cuja localização é desconhecida de ambos. Levi (Miles Teller) é um ex-fuzileiro americano, deprimido e sem amigos. Drasa (Anya Taylor-Joy) é uma mercenária bielorrussa em luto pela morte do pai.

Descobrimos então que o tal precipício é o lar de criaturas maléficas e que a missão deles é impedir que as coisas saiam do buraco. Eles, porém, não estão juntos, cada um fica de um lado do abismo, isolado em sua própria torre, armados até os dentes, mas impedidos de se comunicarem.

Essa regra, claro, é quebrada. Aí rola uma química, uma paquera, o casal se apaixona e resolve se encontrar. Quando os monstros promovem um ataque pesado e eles precisam agir juntos, Entre Montanhas vira uma mistura de Sr. & Sra. Smith com Resident Evil, que passeia por vários gêneros: terror, ficção científica, ação e comédia romântica.

O problema é que, em nenhum deles, o filme empolga. E olhe que são quase duas horas e um roteiro que entope o longa com várias revelações. Scott Derrickson até nos brinda com uma cena boa, aqui e ali, e a dupla de protagonistas se esforça para nos dar um casal com um mínimo de química.

Só que a história de Zach Dean funcionaria melhor como um videogame, onde a jogabilidade preencheria o espaço da ação. Apenas assisti-la é totalmente desinteressante. A sub-trama sobre quem comanda a vigilância do desfiladeiro ainda deixa a participação de Sigourney Weaver subaproveitada.

Entre Montanhas começa com uma premissa interessante, um bom background dos personagens, mas quando o bicho pega é uma repetição de tudo que a gente já viu. Isso nem seria ruim, se fosse uma repetição de tudo que a gente já viu e gostou. Com ação genérica e soluções fáceis, é só tédio mesmo.

Escala de tocância de terror:

Título original: The Gorge
Direção: Scott Derrickson
Roteiro: Zach Dean
Elenco: Anya Taylor-Joy, Miles Teller e Sigourney Weaver
Origem: EUA e Inglaterra

Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!

Continue lendo

Críticas

CRÍTICA: O Macaco (2025)

Publicados

em

O Macaco

Diferente de suas obras anteriores, Osgood “Oz” Perkins aproveitou o apadrinhamento de James Wan na produção pra entregar uma divertida comédia ácida de terror. Sim, o que “O Macaco” (The Monkey) tem de gore, tem também de humor acidental. E no caso, “acidental” vai ser algo muito visto ao longo da duração deste filme.

Quem já viu os longas anteriores de Perkins, pode até se questionar como é que o diretor de “February” e “Longlegs” ia conseguir fazer essa adaptação de um conto de Stephen King. Até porque sabemos que dentro da enorme produção literária do escritor americano, poucas são as adaptações que se salvam.

Este conto, inclusive, mostra apenas a ideia de onde parte o filme. E assim como ocorre na maioria dos casos, foi só a fagulha que iniciou o incêndio em forma de roteiro no qual Oz se esbaldou.

Iniciando em forma de flashback e narrações em off, “O Macaco” remonta a história de quando os irmãos Hal e Bill (Christian Convery / Theo James) descobriram de repente em sua casa um boneco de macaco que trazia consigo baquetas nas mãos e um tambor no colo.

Off: Dizem que este macaquinho deveria vir com dois pratos nas mãos, mas este tipo aí já tinha sido licenciado pela Pixar quando fizeram “Toy Story”…

Mas bem… voltando ao filme da vez… Os gêmeos Hal e Bill que não se davam bem, descobriram o macaco e logo viram que aquilo não era brinquedo não. E a menção de que o tal macaco não era um brinquedo é algo recorrente nessa trama. É como se Oz estivesse falando que o que a gente está vendo não é uma comédia normal. E de fato não é… A gente vê diversas mortes grotescas em cena e sabe que aquilo ali não é algo comum no cinema de horror mainstream. Pra brincar com esse nível de gore e crueldade recentemente, só “Evil Dead Rise” e os “Terrifier” tiveram coragem de fazer.

O Macaco“, diga-se de passagem, é mais um terrir do que um filme sério. E considerando o que Oz Perkins já fez, isso é estranho. E é estranho mesmo pra quem acha que toda comédia com horror é igual. Mas quem já viu os splatters da década de 80, vai achar a dinâmica deste longa bem de boa.

Com uma alta contagem de mortes, tudo o que dá errado começa quando alguém dá corda no tal macaco “de brinquedo”. Bastam as baquetas descerem e rufarem os tambores para algo ruim acontecer. E quando digo “algo ruim”, já imagine uma cena bem bizarra ao nível dos “acidentes” que rolavam na franquia “Premonição” com uma pitada maior de sarcasmo e exagero.

A duração relativamente curta de “O Macaco” também ajuda a gente a aproveitar a história que não traz detalhes desnecessários e nem se esforça em explicar o que acontece nas cenas. Basicamente o artefato é maligno e pronto. As pessoas morrem e a vida é assim.

Escala de tocância de terror:

Título original: The Monkey
Direção: Osgood Perkins
Roteiro: Osgood Perkins (baseado em conto de Stephen King)
Elenco: Theo James, Christian Convery, Tatiana Maslany e outros
Ano de lançamento: 2025

* Filme visto em cabine de imprensa promovida pela Espaço Z no Cinemark Rio Mar – Recife

Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!

Continue lendo

Trending