Críticas
CRÍTICA: Voice from the Stone (2017)
[Por Geraldo de Fraga]
Em 1950, na região italiana da Toscana, o rico garoto Jakob (Edward Dring) fica traumatizado após a morte de sua mãe e deixa de falar. A jovem enfermeira Verena (Emilia Clarke, a Daenerys Targaryen de Game of Thrones) é chamada para cuidar dele. Aos poucos, ela conhece os segredos do pai da família (Marton Csokas) e do próprio Jakob. Verena, então, suspeita que os muros de pedra contêm forças malignas que se apoderaram da criança, e que agora tentam se apoderar dela também.
Essa é a sinopse de Voice from the Stone, que apesar de ser estrelado pela “Mãe dos Dragões”, passou meio despercebido do grande público. Porém, essa semana, o filme tem a chance de ganhar um lugar ao sol, já que entra no catálogo da Netflix Brasil. Dirigido por Eric D. Howell, que tem em seu currículo um monte de trabalhos em efeitos especiais, o longa é baseado no livro “La Voce Della Pietra”, do italiano Silvio Raffo.
Voice from the Stone, que até o momento não tem título nacional, é um típico horror gótico. Uma estrangeira em um casarão estranho no meio do nada, com um mistério envolvendo uma criança, um patrão solitário e bonitão, além de um velho empregado mal-encarado que sempre surge do nada e age de modo suspeito. E um fantasma, claro, que, aqui, surge das pedras, como sugere o título.
Esse é um gênero apreciado pelos fãs de terror tradicional, mas hoje em dia dificilmente agrada a maioria dos espectadores, principalmente pelo ritmo lento e repetição de fórmulas. Mas mesmo filmes que mostram tudo que já vimos em outras produções podem trazer algo interessante.
No entanto, o longa de Eric D. Howell é bem monótono. A saga da protagonista em busca da verdade vai nos revelando pistas não muito surpreendentes e nem as boas atuações de Emilia Clarke e Marton Csokas conseguem trazer algum sopro de criatividade.
Se fosse adaptado há 50 anos, Voice from the Stone poderia ter virado um clássico. Em 2017, no máximo, poderia ser apontado como um filme que reverencia os clássicos, mas dizer isso não seria verdade. Não se vê na produção, que é bem bonita visualmente, esse apelo saudosista. Talvez, se tentasse, seria menos entediante. Caminhando com as próprias pernas, acabou levando uma topada.

Direção: Eric D. Howell
Roteiro: Andrew Shaw
Elenco: Emilia Clarke, Marton Csokas e Edward Dring
Origem: EUA
Ano de produção: 2017
Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!
Críticas
CRÍTICA: Rua do Medo – Rainha do Baile (2025)
Comprada pela Netflix, a franquia “Rua do Medo” (Fear Street) se revelou um baita sucesso para a plataforma de streaming. Os primeiros filmes arrebataram tanto os fãs dos livros em que foi baseada, como também um novo público. E agora quatro anos depois daquele primeiro lançamento, um novo filme foi lançado.
No ano de 1988, a cidade de Shadyside está prestes a presenciar mais um massacre quando um misterioso assassino mascarado está eliminando todas as candidatas a Rainha do Baile e qualquer um que apareça em seu caminho. Alheias a isso num primeiro momento, as candidatas se envolvem em dramas teens no mesmo estilo Meninas Malvadas (2004) e vão em breve descobrir que os problemas adolescentes são os menores dos problemas que enfrentarão.
Eu já adianto que não sou grande fã da franquia. Gostei mesmo do segundo filme “Rua do Medo: 1978” (2023) que é uma homenagem aos slashers de acampamento. Partes do terceiro filme da saga, “Rua do Medo: 1666” (2023) também merece uma olhada, já que ele segue a linha do folk horror. Dito isso, não estava muito animado com o hype para esse novo capítulo da saga.
Ainda assim posso dizer que a produção me surpreendeu. E como era de se esperar, “Rua do Medo: Rainha do Baile” é um divertido slasher teen no melhor e pior sentido. A estrutura básica é a mesma de sempre, podendo ter desenvolvido mais a maioria das personagens para que não fossem só pedaços de carne indo para o abate. Eu sei que a maioria dos slashers são assim e eu amo, mas seria um diferencial. A protagonista tem um bom pano de fundo e a atriz é carismática, coisa que não aconteceu com as protagonistas dos filmes anteriores.
A direção é bem convencional e poderia ter brilhado nos momentos de perseguição, mas eu acho que o diretor estava com certa preguiça de criar tensão nesses momentos ou medo de deixar o público alvo muito nervoso. Agora, onde o filme brilha mesmo são nas sequências de assassinatos. O sangue jorra e o longa brilha prestando homenagens a slashers não tão conhecidos como “Quem Matou Rosemary“, “Pouco Antes do Amanhecer” e, claro, “A Morte Convida Para Dançar“. Todos vindos dos anos 80.
Resumindo… “Rua do Medo: Rainha do Baile” diverte a quem curte slashers. O filme é meio boboca e sangrento, mas mesmo sem ter muitas conexões com os filmes anteriores, isso não me irritou. E por isso mesmo pode ser visto de forma isolada pra quem ficou com preguiça de ver os demais da série.

Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!
Críticas
CRÍTICA: Until Dawn – Noite de Terror (2025)
Eu tenho um carinho especial por Until Dawn. Foi o game que me fez querer de fato um PlayStation 4. Tanto é que ganhei da minha irmã pouco antes de ter o console. E como sabem, slashers são minha paixão antiga. Com isso, a chance de moldar os eventos do game foi muito tentadora. O jogo é uma clássica história desse subgênero e no fim me diverti muito. E quando o filme foi anunciado, fiquei cabreiro. Quando saiu o trailer, o receio parecia real. Hoje, tendo assistido ao longa “Until Dawn – Noite de Terror“, fiquem com as minhas impressões abaixo…
Antes, vamos ao enredo. Uma garota viaja acompanhada com seus amigos a procura de pistas de sua irmã desaparecida um ano atrás. A busca os leva para uma casa no meio do nada que esconde um segredo mortal: todas as noites algo tenebroso ronda o local e o objetivo é sobreviver até o amanhecer, sendo que a morte não significa o fim. Uma vez tendo falhado, você volta pouco antes do anoitecer para uma nova rodada de terror com novas ameaças, repetindo o ciclo até conseguir derrotar as criaturas terríveis ou se tornar parte da escuridão.
Olha, eu nunca imaginei uma adaptação direta do game porque por mais que tenha gostado no fim é uma história básica… Um slasher com todos os clichês possíveis com o diferencial da possibilidade de moldar a história. A adaptação me pareceu ser um roteiro que já estava pronto e os roteiristas e diretor só incluíram alguns detalhes visuais do jogo pra justificar o título como um desses filmes com loop de tempo.
Nunca reclamei de elenco de slashers… Geralmente são atores fracos mesmo e em início de carreira, mas aqui eles meteram o louco e escalaram atores tão ruins, mas tão ruins que não conseguem nem o básico. Sério, fiquei impressionado com a mediocridade desses personagens mesmo sendo rascunho de pessoas e sendo estereótipos ambulantes.
A trama segue fraca servindo uma colcha de retalhos de vários estilos, mas nenhum deles realmente dignos de nota. “Until Dawn” tem, obviamente, jumpscares tão cretinos que até eu que levo susto com minha sombra não fui afetado. O real chamariz é o gore e o filme de fato justifica sua classificação 18 anos. O sangue, vísceras e partes de corpos explodem com gosto pra cima da tela.
Esse filme faz parte de uma iniciativa da PlayStation em expandir suas franquias para outras mídias. Na Tv e no streaming, por exemplo, a série “The Last Of Us” está sendo um sucesso total, mas no cinema, a empresa de games ainda não encontrou algo pra chamar de hit. Basta ainda lembrar do fraco “Uncharted: Fora do Mapa” (2023).
Mas bem, sinceramente esperem “Until Dawn – Noite de Terror” em algum serviço de streaming porque no cinema não dá pra recomendar.

Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!
Críticas
CRÍTICA: Pecadores (2025)
“Se você continua a dançar com o diabo, um dia ele vai te seguir até sua casa.”
Estas são as palavras do pastor Jedidiah para o filho que volta para casa, como na parábola do filho pródigo. Cansado, machucado e arrependido, ele é a testemunha dos acontecimentos que conheceremos ao longo da história de Pecadores (Sinners).
Mississippi, 1932. Os irmãos Elias e Elijah, mais conhecidos como Fuligem e Fumaça (interpretados por Michael B. Jordan), retornam à sua cidade natal após uma temporada em Chicago, com o objetivo de abrir um juke joint (um tipo de inferninho com comida farta, bebida, jogatina e muita música) e recomeçar suas vidas. Para a inauguração do estabelecimento, os gêmeos começam a reunir sua “trupe”.
É assim que conhecemos ‘Pastorzinho’ Sammie (o cantor Miles Caton, em sua estreia), o jovem do começo do filme, primo dos gêmeos, que, apesar da pouca idade, se mostra um talentoso bluesman. O pianista Delta Slim (Delroy Lindo, fazendo jus ao sobrenome como sempre), os Chow (Yao e Helena Hu), Cornbread (Omar Miller) e Annie (Wunmi Mosaku), ex-esposa de Fumaça e sacerdotisa hoodoo, que será responsável pela cozinha do lugar (e também por explicar aos demais os acontecimentos sobrenaturais que virão). Com a chegada inesperada de Mary (Hailee Steinfeld), ex-namorada de Fuligem, o núcleo está completo.
Ryan Coogler, que dirigiu anteriormente filmes como Creed: Nascido para Lutar e os Pantera Negra, não tem pressa em chegar às vias de fato: dedica a primeira hora de Pecadores a um drama com tons ensolarados e ritmo refinado.
O foco está na construção cuidadosa de um mundo marcado pela persistente sombra da escravidão e pelas desigualdades de um Sul dos Estados Unidos em que pessoas que acordam antes do amanhecer para colher algodão recebem o pagamento em moedas de madeira ou títulos de plantação, em vez de dinheiro; presidiários acorrentados trabalham nas estradas; e a Ku Klux Klan que pode, a qualquer momento, bater à sua porta.
Nessa realidade, o blues oferece uma fuga e uma cura. A música, que permeia todo o filme, é refúgio e ponte entre o passado e o futuro. Isso é demonstrado de forma magistral em um dos momentos mais belos — e ao mesmo tempo estranhos — do filme, durante a inauguração do empreendimento dos gêmeos. Mas tanta energia positiva, gerada por aqueles que são musical ou metafisicamente talentosos, acaba atraindo seu oposto. E é aí que entra o charmoso e ameaçador Remmick.
Remmick (Jack O’Connell) bate à porta de Bert (Peter Dreimanis) e sua esposa Joan (Lola Kirke) — que logo descobrimos serem membros da KKK —, pedindo ajuda e alegando estar sendo perseguido por “terríveis indígenas”. No entanto, tudo não passa de um disfarce para conseguir ser convidado a entrar na casa deles. O convite selará seus destinos (e também mudará o ritmo da história dali em diante).
Apesar de ser o primeiro trabalho totalmente autoral de Coogler, Pecadores também confirma parcerias de longa data. O compositor Ludwig Göransson e Michael B. Jordan estão presentes em todos os filmes do diretor. O mesmo vale para a montagem de Michael P. Shawver. A direção de fotografia é de Autumn Durald Arkapaw, que também trabalhou em Pantera Negra: Wakanda para Sempre. Enfim, trata-se de um filme em que o entrosamento da equipe é notável e que Ryan conduz como um blues de Buddy Guy (que faz uma pontinha na cena entre-créditos): de vez em quando tem umas notinhas fora, mas ainda assim é uma obra-prima.
P.S.: Tem uma cena pós-créditos que quem gostou do filme, como eu, vai curtir.
P.S.2: Não vou postar teaser nem trailer pois eles têm muita revelação desnecessária. Aliás, façam como eu e não leiam mais nada além dessa resenha, nem assistam os trailers de Pecadores. Apenas vão pro cinema e assistam (no IMAX, se possível).

Título original: Sinners
Diretor: Ryan Coogler
Roteiro: Ryan Coogler
Elenco: Michael B. Jordan, Miles Caton, Delroy Lindo
Origem: EUA
Ano de produção: 2024
* Filme visto em pré-estreia promovida pela Espaço Z no IMAX do UCI Recife
Gosta de nosso trabalho? Então nos dê aquela forcinha contribuindo através do PicPay!
-
Críticas5 anos ago
CRÍTICA: Tumba Aberta (2013)
-
Críticas5 anos ago
CRÍTICA: February (2015)
-
Críticas6 anos ago
CRÍTICA: Banana Splits – O Filme (2019)
-
Críticas4 anos ago
CRÍTICA: O Homem nas Trevas (2016)
-
Críticas12 anos ago
CRÍTICA: Begotten (1991)
-
Críticas9 anos ago
CRÍTICA: A Bruxa (2016)
-
Dicas5 anos ago
CURIOSIDADES: 13 Fatos que Você não Sabia sobre Jason e a Franquia Sexta-Feira 13
-
Dicas5 anos ago
DICA DA SEMANA: Flu (2013)
Lair Amaro
1 de outubro de 2017 at 15:43
Indique filmes que, feitos há 50 anos, podem ter inspirado esse que foi aqui analisado.
Geraldo de Fraga (@geraldodefraga)
15 de outubro de 2017 at 17:21
Oi, Lair. Indicamos Os Inocentes (1961), Desafio do Além (1963), A Casa dos Maus Espíritos (1959) e O Solar das Almas Perdidas (1944).
Lair Amaro
15 de outubro de 2017 at 19:17
Muito obrigado. Tudo anotado aqui. Tentarei assisti-los.
Juliana
26 de janeiro de 2018 at 15:07
Assistir o filme e não entendi. Pode me explicar?
DjJuninho Vocoder
27 de janeiro de 2018 at 12:20
Eu acho que o espirito da mão do menino possuiu a enfermeira
Bruno
30 de janeiro de 2018 at 01:53
Estou tentando achar explicação, mas cada 1 diz uma coisa, talvez esse seja o intuito do filme, ou talvez foi mal editado e produzido e ninguém entendeu.
MYLENE BOOTZ
27 de setembro de 2018 at 12:52
Pelo que entendi, só o pai e o garoto estavam vivos, Os demais eram fantasmas que cuidavam de tudo. A enfermeira foi possuída pelo fantasma da mãe do garoto, que alías tem um nome propício: Malvina.