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CRÍTICA: Final Girl (2015)

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final girl

[Por Júlio Carvalho]

Lembram da meiga “pequena Miss Sunshine”? Bem, agora imaginem ela já crescida, sexy e badass. Bom, foi o que tentaram fazer nesse decepcionante e pretensioso Final Girl.

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Antes de qualquer coisa, é válido falar sobre o curioso título do filme: Final Girl. Esse termo foi concebido por Carol J. Clover em seu livro “Homens, Mulheres e Motosserras: Gênero no filme de terror moderno” de 1992, que se refere àquelas mocinhas sobreviventes de filmes de terror. Querendo saber mais a fundo sobre o assunto, é só procurar o livro e ler. Aqui, no filme em questão, a ideia é subverter essa posição de vítima potencial, colocando-a como isca para enfim pegar os assassinos de jeito.

O longa começa nos apresentando uma pequena garotinha chamada Veronica sendo interrogada por um homem em uma espécie de teste. Logo é revelado que ela é órfã e que parece não se incomodar com tal fato. Um salto temporal no roteiro nos leva para 13 anos na frente. Agora já crescida, a menina virou Abigail Breslin (a já mencionada atriz de Pequena Miss Sunshine e Zumbilândia).

Daí percebemos que a mesma vem sendo submetida a uma espécie de treinamento no qual o mesmo homem de antes (Wes Bentley), agora com cabelo raspado e barba por fazer, tenta transformá-la em uma verdadeira máquina de matar. O alvo: um grupo de amigos bem apessoados, ricos e mimados que andam caçando e matando garotas, de preferência loiras, em uma pequena cidade do interior americano.

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Em paralelo ao treinamento da garota, também nos é apresentado o grupo de vilões. Essa dinâmica inicial alternando os dois lados é muito boa. Vemos que cada um tem uma característica específica, como por exemplo, um deles não sai de casa sem seu machado, enquanto outro é super pegado a sua mãe. Essas sequências breves de apresentações dos jovens psicopatas são despojadas e cheias de maneirismos visuais, fazendo contraste com as cenas do lado da vingadora que tem um tom mais sóbrio e melancólico.

Na segunda metade do filme, o diretor dá as cartas e os dois se encontram. É quando nossa vingadora finalmente se infiltra no grupo de psicopatas. Os caras a levam para o meio da floresta prometendo que haverão outras garotas e etc. O lance é que não tem mais ninguém e eles começam a tocar o terror psicológico na garota.

Ela, treinada, finge cair na deles. É durante esse joguinho que vamos conhecendo as psiques dos maníacos e consequentemente ficando com vergonha alheia de cada um. E sem contar os diálogos pra lá de desinteressantes.


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Finalmente eles anunciam que a porra é séria e ela agora tem de correr por sua vida. – Começa a caçada e “Final Girl” fica bom, né, Júlio? – Não! Por incrível que pareça, é justamente aí que o filme desanda. Já não bastava os personagens serem muito caricatos. Agora eles chegam a ser ridiculamente risíveis. Mesmo dando desconto pela tentativa “tarantinesca” a que o filme se propõe (desde os trailers), não dá pra perdoar tanto amadorismo. 

Tem canhões de luz aos montes e visíveis em todas as sequências na floresta. É claro que tem de ter iluminação, pois ninguém vai filmar no breu, mas porra… vamos disfarçar, né? Tem hora que mais parece um ensaio fotográfico. Isso deixa clara a preocupação apenas estética do diretor estreante Tyler Shields, o que é uma pena, pois o visual apenas não basta. Mas apesar de tudo, há uma um pequeno plot twist que funciona naquele momento, mas que não chega a salvar o filme de sua mediocridade.

Falando em personagens, Veronica é a mais problemática em cena. Fica a constante dúvida se é culpa da própria atriz ou do roteiro. Prefiro acreditar na segunda hipótese. Breslin se esforça e nos confere bons momentos. A sua personagem é escrita para ter profundidade para parecer multifacetada, só que acaba soando confusa em vários momentos. Nem a atração pelo seu tutor é uma característica bem trabalhada. Já os vilões, como já foi dito, são personas tão ridículas que nem pesam pra trama. O seu líder, Jameson, vivido por Alexander Ludwig (Vickings) até que tem seus momentos, mas está longe de ser um vilão memorável.

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Conforme falado antes, as sequências nada tem de interessantes ou violentas. Não espere cenas gore aqui. Aliás, não espere nem terror! No fim das contas, Final Girl é o típico filme que deve ter brotado de uma boa ideia que foi mal executada. Se a intenção era eternizar Veronica e colocá-la no patamar de uma “Beatrix Kiddo” do cinema, o longa falhou bonito.

Escala de tocância de terror:

Direção: Tyler Shields
Roteiro: Adam Prince 
Elenco: Abigail Breslin, Wes Bentley, Alexander Ludwig 
Origem: Canadá / EUA

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0 Comments

  1. opoderosochofer

    26 de agosto de 2015 at 15:55

    Agora ela já tem idade pra completar a performance de “Pequena Miss Sunshine”, mas vai ficar com fama de atriz de filme decepcionante, vide “Maggie”

  2. Welington

    10 de fevereiro de 2017 at 20:39

    Essa cena acima (o cara de pé com a corda no pescoço) é intrigante… pergunto: como diabos ela conseguiu essa proeza sendo bem menor que ele e detalhe o cara estava desacordado, então como ele ficou de pé sem se enforcar ???

    • Jonas

      29 de abril de 2017 at 22:14

      Eu até gostei do filme, achei um bom passa tempo, adoro esses filmes em que a caça se torna o caçador, mas infelizmente faltou profundidade mesmo, outra dúvida que veio a minha cabeça, quem financiava o treinamento da rapariga e por quê? No início eu pensei que fosse alguém do governo ou algo assim, mas o filme não entra em detalhes.

      Quanto a sua pergunta também fico na dúvida… kkk.

  3. Raquel

    26 de abril de 2017 at 23:42

    Na cena da chuva ela nem chegou a se molhar, alguém mais percebeu??

  4. Anderson

    6 de junho de 2017 at 22:30

    Um dos piores filmes q eu já vi

  5. jsss

    20 de julho de 2017 at 13:25

    nossa se eu soubesse que o trailler ja contava o filme inteiro nem teria me dado ao trabalho de procurar p assistir

  6. Osvaldo

    20 de abril de 2019 at 20:17

    Eu não sou de comentar em sites e inclusive aqui é a primeira vez que estou comentando, mas quando vi a citação desse filme por esse site me senti na obrigação de deixar meu comentário.
    Só queria dizer que esse filme é horrível, a pior porcaria ao extremo criada por cameras, uma mancha na cv de qualquer ator e envolvidos nesse filme. Uma das piores porcárias que já perdi tempo vendo, o puro suco do lixo.
    Se você não viu, não perca seu tempo com esse filme… Desculpe o desabafo, mas é que fiquei muito frustrado comigo mesmo depois de saber que poderia ter gasto o tempo vendo essa porcaria, assistindo o filme do Pelé que imensurávelmente mais proveitoso e divertido.

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CRITICA: Frankenstein (2025)

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Frankenstein

Quando saiu o anúncio de que a nova versão cinematográfica para FRANKENSTEIN concebida por Guillermo del Toro. Como fã do livro e do diretor, fiquei animado ao mesmo tempo que receoso por motivos de: Netflix.

FRANKENSTEIN (ou O PROMETEU MODERNO) foi um livro cabuloso escrito por Mary Shelly lançado em 1818 que basicamente cravou a junção de terror com ficção científica. Sua história já foi amplamente adaptada em diversas mídias desde então, sendo até apropriada por Hollywood como um dos monstros da Universal com o clássico de 1931 no qual Boris Karllof interpreta a criatura cujo o visual ficou como o definitivo no imaginário da cultura pop. Outra adaptação que ficou marcada foi a de 1994 com Robert DeNiro encarnando o retalho de corpos ambulante. Para além do cinema, o que não faltam são adaptações e versões, diretas ou indiretas desta icônica obra literária.

Estamos em 2025 e agora temos a versão de Guillermo del Toro (O LABIRINTO DO FAUNO, ESPINHA DO DIABO, HELLBOY, BLADE 2) cineasta que marcou sua filmografia com monstros carismáticos, memoráveis, icônicos e grotescos. Na trama, a grosso modo, acompanhamos Victor Frankenstein, um médico que é obcecado em vencer a morte a todo custo. Para isso ele não poupa esforços numa empreitada para desvendar como reanimar um corpo montado a partir de vários outros cadáveres. Quando enfim tem êxito, percebe que passou dos limites e precisa encarar sua monstruosa criação.

O filme é visualmente impecável. Dos cenários ao figurino, tudo é hipnotizante. Realmente o trabalho de direção de produção, figurino e efeitos são impressionantes. É tanta exuberância que até o gore fica bonito e é aí que a versão de Guillermo del Toro para FRANKENSTEIN se mostra não tão cabulosa como o esperado, ou prometido por sua filmografia. Na medida que o filme avança, a trama não aprofunda, fica redundante e estaciona no lugar comum de um filme apenas “lindo”.

Fica nítido que del Toro não busca desafiar a audiência em momento algum, escolhendo o maniqueísmo fácil, buscando até um didatismo que chega a ser verborrágico. Até visualmente, o cineasta, tão conhecido por trazer criaturas icônicas com visuais que fogem do padrão, prefere uma estética agradável para a criatura, ousando não entregar o esperado, mas ao mesmo tempo, optando pelo caminho mais fácil para o apreço do público pelo quebra-cabeça de defuntos ambulante. O que é até contraditório com toda nojeira apresentada até então, com corpos mutilados para experimentos em todo lugar.

O elenco em geral faz o que o longa pede. O ótimo Oscar Isaac entrega um Victor Frankenstein extremamente desequilibrado e detestável sem muitas nuances, reforçando o maniqueísmo simplório do roteiro. Mia Goth faz sua versão rebelde de Elizabeth, Jacob Elord encarna uma criatura que é basicamente ele mesmo mais pálido com “cicatrizes” perfeitas e o cultuado Christoph Waltz interpreta um personagem criado para esta versão que tem seus momentos, mas no fim acaba sendo só o próprio Christoph Waltz mesmo.

Há diferenças com a obra original, e tá tudo bem sendo até esperado. O foco aqui é mais no drama familiar entre Victor e seu pai, e de Victor com a criatura. O terror fica apenas para as cenas nojentas dos experimentos do doutor e do monstro, trucidando os tripulantes de um navio, por exemplo. Dividido em capítulos, del Toro traz também o ponto de vista da criatura que pretende gerar contrapontos de julgamento, mas poderia ter ido muito além. Assim seguimos nesta dinâmica dualista: de um lado, temos o doutor extremamente babaca, horrível e odiável; do outro, uma criatura inocente, bela e amável. Assim é fácil demais, hein, Guillermo?

Infelizmente, FRANKENSTEIN, de Guillermo del Toro, não vai muito além do belo, não desafiando para uma superação do horrendo, nem instigando reflexões mais profundas. Até em A FORMA DA ÁGUA, em que o cineasta pega mais leve, tem um certo grau de desafio lançado para sua audiência. Este só não é tão esquecível feito o seu A COLINA ESCARLATE por conta do peso da obra original. Aí fica o questionamento: foram estas escolhas dele ou imposições da Netflix? No fim, nem importa tanto, pois o que fica é a obra como foi concebida.

Escala de tocância de terror:

Título original: FRANKENSTEIN
Diretor: Guillermo del Toro
Roteiro: Guillermo del Toro
Elenco: Oscar Isaac, Jacob Elordi, Christoph Waltz, Mia Goth
Origem: EUA, México

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CRÍTICA: Predador – Terras Selvagens (2025)

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Predador - Terras Selvagens

Dan Trachtenberg se empolgou tanto com a franquia Predador que, só em 2025, o diretor lançou duas produções sobre o alienígena caçador. Depois da animação Assassino de Assassinos, temos agora Predador: Terras Selvagens (Predator: Badlands), que chega aos cinemas nesta quinta-feira.

Para quem não lembra, Trachtenberg já havia revivido o personagem em O Predador: A Caçada, mantendo a mitologia criada nos dois primeiros filmes (com Arnold Schwarzenegger, em 1987; e Danny Glover, em 1990). A pegada no mais recente longa, porém, dá um ‘duplo twist carpado’.

Ao invés de antagonista, o Predador é quem acompanhamos em Terras Selvagens. Dek (Dimitrius Schuster-Koloamatangi) é um jovem extraterrestre da raça Yautja. Como todo membro dessa espécie, ele precisa passar por um ritual de caça para obter lugar em seu clã.

Dek, no entanto, não é um dos mais atléticos da sua linhagem. Assim, para provar de uma vez por todas o seu valor como guerreiro, ele resolve enfrentar Kalisk, um super monstro que é supostamente imortal.

O problema é que esse bichão vive em um planeta onde existe uma centena de ameaças tão grandes quanto ele. Nessa saga, Dek vai contar com a ajuda de Thia (Elle Fanning), uma androide avariada que ele encontra no meio do caminho.

A ideia de acompanhar o ETzão numa jornada nem é tão novidade (algo parecido já havia acontecido no famigerado Alien vs. Predador). Mas vê-lo alçado à categoria de anti-herói. lutando por justiça e fazendo amizades é bem esquisito.

Antes de qualquer coisa, falta carisma a Dek (e nem é pela clássica feiura da criatura). Pela personalidade do Predador, estabelecida ao longo dos anos, não é possível lhe atribuir características clássicas de protagonista, como senso de humor ou transparência emotiva.

A interação com a sintética Thia tenta dar uma carga dramática à história, e por vária vezes servir de alívio cômico, só que fica bem deslocado. Também é preciso muita força de vontade para acompanhá-lo numa peregrinação que culminará apenas num objetivo pessoal.

Predador: Terras Selvagens, todavia, não é um estudo de personagem, então vamos à ação e efeitos especiais. Infelizmente, também não são lá grande coisa. O planeta Genna é até decepcionante, o design de produção foi bem preguiçoso na criação da fauna local e nenhum dos monstrengos é muito marcante. Nem a conexão com a franquia Alien (a Weyland-Yutani aparece como oponente) enche os olhos, poderia ser qualquer megacorporação do mal que tava ok.

Não dá para dizer, apesar de tudo isso, que Dan Trachtenberg estragou a franquia. Mas, ao final, fica muito óbvio que a intenção do realizador é levar a trama para uma espécie de aventura espacial, numa vibe mais próxima de filme de super herói do que de terror sci-fi de carnificina. Eu prefiro o Predador caçando e desmembrando humanos do que pagando de íntegro, porém fica a critério de cada um.

Escala de tocância de terror:

Direção: Dan Trachtenberg
Roteiro: Patrick Aison
Elenco: Elle Fanning, Dimitrius Schuster-Koloamatangi e Reuben de Jong
Origem: EUA

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CRÍTICA: Bom Menino (2025)

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Bom Menino

O filme que viralizou nos últimos meses, graças ao seu protagonista canino em um filme de terror, estreia em pleno Halloween, nos cinemas nacionais. No entanto, “Bom Menino” (Good Boy) não se resume apenas à fofura do doguinho (e adianto que ele é muito fofo mesmo).

Na trama, acompanhamos Indy, um cachorro leal que se muda com seu tutor para uma casa no meio da floresta, após o homem enfrentar um sério problema de saúde. O cão percebe imediatamente que há algo de errado com o local, e, com o tempo, essas manifestações sobrenaturais colocarão suas vidas em perigo.

Indy é, indiscutivelmente, a estrela do filme. Garanto que muitos atores gostariam de ter metade de seu carisma e presença de tela. Em poucos minutos de projeção, já estamos torcendo por ele. O trabalho de adestramento foi impecável, e é difícil imaginar o esforço que o realizador, que também é o tutor real do animal deve ter tido. Desde as cenas de afeto até as de terror, nota-se o cuidado e a boa realização em “Bom Menino“.

O diretor acerta ao usar enquadramentos e jogos de câmera quase sempre na perspectiva de Indy. Em alguns momentos, me lembrei do desenho dos Muppets Babies, em que nunca vemos o rosto da babá, embora aqui, em planos mais convencionais, sejam mostrados vislumbres ou o rosto inteiro dos personagens humanos.

O terror aqui é mais contido: uma sombra aqui e ali, vultos passageiros, mas sem o uso de trilha sonora alta ou aparições exageradas. O ritmo é lento, e a ambientação vai da casa inicialmente decrépita à mata semienevoada, com suas árvores sinistras.

Temos um longa envolto a uma atmosfera de desconforto e medo. Não espere sustos frequentes e jumpscares. Eles existem, mas em quantidade bem menor.

Apesar de em termos técnicos, a coisa funcionar, nem tudo são flores. Mesmo sendo um filme curto, com pouco mais de 70 minutos, é possível notar que a história seria mais bem contada em um curta ou média-metragem. Existem recursos narrativos que se repetem pelo menos três vezes em uma clara tentativa de esticar a duração.

A trama é a clássica da casa mal-assombrada, e a verdadeira inovação está em ser contada sob a perspectiva do cachorro. É algo eficiente que não teria o mesmo destaque se fosse narrada por humanos.

“Bom Menino” é uma agradável surpresa neste ano, dando novo fôlego a uma história que já vimos inúmeras vezes. Indy é um poço de carisma e fofura. Podem assistir sem medo, mas não espere um filme de gritos e sustos constantes.

Escala de tocância de terror:

Título original: Good Boy
Direção: Ben Leonberg
Roteiro: Ben Leonberg e Alex Cannon
Elenco: Indy, Shane Jensen, Arielle Friedman

* Filme visto em Cabine de Imprensa virtual promovida pela Espaço Z

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