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CRÍTICA: A Freira (2018)

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A Freira

[Por Osvaldo Neto]

Bastou a aparição da boneca Annabelle ter gerado um bafafá com o lançamento de INVOCAÇÃO DO MAL que não demorou muito para que James Wan e cia. fizessem um spin-off. ANNABELLE foi lançado em 2014 e fez, previsivelmente, um enorme sucesso. O longa teve uma sequência lançada no ano passado que também teve os seus bons números nas bilheterias mundiais.

Agora chegou a vez do demônio Valak, uma personagem que surgiu em cena no INVOCAÇÃO DO MAL 2 e que novamente gerou um enorme boca a boca para ganhar um filme próprio com A FREIRA. Bom lembrar que ela, na verdade, nem iria fazer parte do filme e foi algo incluído quase que nas últimas da produção em filmagens adicionais.

Mas vamos ao filme em si. Em A FREIRA, o Padre Burke (Demian Bichir, um ator que pode ser bom, mas aqui tem zero de carisma) é enviado pelo Vaticano em companhia da noviça Irmã Irene (Taissa Farmiga, irmã mais jovem de Vera Farmiga, a Lorraine Warren dos dois INVOCAÇÃO DO MAL) para investigar o suicídio de uma freira que ocorreu em uma abadia de uma afastada vila na Romênia. Eles são auxiliados por ‘Frenchie’ (Jonas Bloquet), que serve de alívio cômico para um filme que se beneficiaria em não se levar a sério demais. O jovem franco-canadense é o responsável por trazer mantimentos ao local e que terminou encontrando o cadáver da suicida.

Os dois personagens principais são fraquíssimos e, claro, completamente uni-dimensionais. Um espectador mais atento sabe de imediato que eles são “do bem”, que eles continuarão sendo “do bem” e que não há nada que os façam se diferenciar de tantos outros personagens que cometam mais burradas do que acertos no terror blockbusteriano. E as burradas não são poucas… é realmente de se perder a paciência!

Os diálogos também chegam a ser constrangedores. Como não bastasse uns que a própria Freira do Mal (Bonnie Aarons) solta perto do fim (pois é… ela fala!), há um momento que um dos personagens é sepultado vivo pelo malassombro e assim que ele consegue ser salvo, a pessoa solta algo como “Há um mal poderoso neste lugar!”. Tu jura? Depois tiram sarro com o Ed Wood…

A FREIRA tinha todo o potencial para ser algo bem mais satisfatório do que o que temos aqui, sendo um filme tão formulaico e previsível que chega a ser enfadonho. Ele tem algum charme graças às ótimas locações que a equipe conseguiu encontrar na Romênia, como o sinistro castelo onde se passa a maior parte da narrativa, e por existir algumas tentativas de se criar algum suspense. Tentativas essas que vão por água abaixo pelo filme se apoiar nos constantes jumpscares – a praga que assola o terror blockbuster moderno – como uma muleta para fazê-lo ser “aterrorizante”. Isso sem falar nos inúmeros closes do rosto da Freira, fazendo a personagem aparecer muito, mas muito mais do que deveria.

Também cansa ver mais outra historinha de investigação e mistérios que serão descobertos, mesmo que os personagens não façam qualquer esforço. Já passou da hora desse grande público se decidir se querem pagar ingresso para ver um filme de terror ou um Criminal Minds do além. Cadê o CSI cristão com os Warren enfrentando um demônio e fazendo um exorcismo toda semana?

Enfim, o filme inteiro não passa de mais um produto genérico e descartável feito única e exclusivamente para um público ‘noviço’ no gênero. Adolescentes e jovens adultos terão tudo o que esperam aqui, incluindo um final “bombástico”, cheio de exageros e pirotecnia desnecessária. A FREIRA fará muito sucesso e dinheiro, mais pela agressiva campanha de publicidade e a associação com esse forçado universo de INVOCAÇÃO DO MAL do que pelos seus próprios méritos, exatamente como aconteceu com ANNABELLE.

Escala de tocância de terror:

Título original: The Nun
Diretor: Corin Hardy
Roteiro: Gary Dauberman e James Wan
Elenco: Taissa Farmiga, Demián Bichir, Charlotte Hope e Bonnie Aarons
Ano de lançamento: 2018

* Filme visto na cabine de imprensa promovida pela Espaço Z no UCI Recife

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2 Comments

2 Comments

  1. Saimon dexter

    18 de novembro de 2018 at 23:40

    Melhor dos spin-offs da franquia conjuring , francamente já era ,she doll

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CRÍTICA: Rua do Medo – Rainha do Baile (2025)

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Rua do Medo - Rainha do Baile

Comprada pela Netflix, a franquia “Rua do Medo” (Fear Street) se revelou um baita sucesso para a plataforma de streaming. Os primeiros filmes arrebataram tanto os fãs dos livros em que foi baseada, como também um novo público. E agora quatro anos depois daquele primeiro lançamento, um novo filme foi lançado.

No ano de 1988, a cidade de Shadyside está prestes a presenciar mais um massacre quando um misterioso assassino mascarado está eliminando todas as candidatas a Rainha do Baile e qualquer um que apareça em seu caminho. Alheias a isso num primeiro momento, as candidatas se envolvem em dramas teens no mesmo estilo Meninas Malvadas (2004) e vão em breve descobrir que os problemas adolescentes são os menores dos problemas que enfrentarão.

Eu já adianto que não sou grande fã da franquia. Gostei mesmo do segundo filme “Rua do Medo: 1978” (2023) que é uma homenagem aos slashers de acampamento. Partes do terceiro filme da saga, “Rua do Medo: 1666” (2023) também merece uma olhada, já que ele segue a linha do folk horror. Dito isso, não estava muito animado com o hype para esse novo capítulo da saga.

Ainda assim posso dizer que a produção me surpreendeu. E como era de se esperar, “Rua do Medo: Rainha do Baile” é um divertido slasher teen no melhor e pior sentido. A estrutura básica é a mesma de sempre, podendo ter desenvolvido mais a maioria das personagens para que não fossem só pedaços de carne indo para o abate. Eu sei que a maioria dos slashers são assim e eu amo, mas seria um diferencial. A protagonista tem um bom pano de fundo e a atriz é carismática, coisa que não aconteceu com as protagonistas dos filmes anteriores.

A direção é bem convencional e poderia ter brilhado nos momentos de perseguição, mas eu acho que o diretor estava com certa preguiça de criar tensão nesses momentos ou medo de deixar o público alvo muito nervoso. Agora, onde o filme brilha mesmo são nas sequências de assassinatos. O sangue jorra e o longa brilha prestando homenagens a slashers não tão conhecidos como “Quem Matou Rosemary“, “Pouco Antes do Amanhecer” e, claro, “A Morte Convida Para Dançar“. Todos vindos dos anos 80.

Resumindo… “Rua do Medo: Rainha do Baile” diverte a quem curte slashers. O filme é meio boboca e sangrento, mas mesmo sem ter muitas conexões com os filmes anteriores, isso não me irritou. E por isso mesmo pode ser visto de forma isolada pra quem ficou com preguiça de ver os demais da série.

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CRÍTICA: Until Dawn – Noite de Terror (2025)

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Until Dawn - Noite de Terror

Eu tenho um carinho especial por Until Dawn. Foi o game que me fez querer de fato um PlayStation 4. Tanto é que ganhei da minha irmã pouco antes de ter o console. E como sabem, slashers são minha paixão antiga. Com isso, a chance de moldar os eventos do game foi muito tentadora. O jogo é uma clássica história desse subgênero e no fim me diverti muito. E quando o filme foi anunciado, fiquei cabreiro. Quando saiu o trailer, o receio parecia real. Hoje, tendo assistido ao longa “Until Dawn – Noite de Terror“, fiquem com as minhas impressões abaixo…

Antes, vamos ao enredo. Uma garota viaja acompanhada com seus amigos a procura de pistas de sua irmã desaparecida um ano atrás. A busca os leva para uma casa no meio do nada que esconde um segredo mortal: todas as noites algo tenebroso ronda o local e o objetivo é sobreviver até o amanhecer, sendo que a morte não significa o fim. Uma vez tendo falhado, você volta pouco antes do anoitecer para uma nova rodada de terror com novas ameaças, repetindo o ciclo até conseguir derrotar as criaturas terríveis ou se tornar parte da escuridão.

Olha, eu nunca imaginei uma adaptação direta do game porque por mais que tenha gostado no fim é uma história básica… Um slasher com todos os clichês possíveis com o diferencial da possibilidade de moldar a história. A adaptação me pareceu ser um roteiro que já estava pronto e os roteiristas e diretor só incluíram alguns detalhes visuais do jogo pra justificar o título como um desses filmes com loop de tempo.

Nunca reclamei de elenco de slashers… Geralmente são atores fracos mesmo e em início de carreira, mas aqui eles meteram o louco e escalaram atores tão ruins, mas tão ruins que não conseguem nem o básico. Sério, fiquei impressionado com a mediocridade desses personagens mesmo sendo rascunho de pessoas e sendo estereótipos ambulantes.

A trama segue fraca servindo uma colcha de retalhos de vários estilos, mas nenhum deles realmente dignos de nota. “Until Dawn” tem, obviamente, jumpscares tão cretinos que até eu que levo susto com minha sombra não fui afetado. O real chamariz é o gore e o filme de fato justifica sua classificação 18 anos. O sangue, vísceras e partes de corpos explodem com gosto pra cima da tela.

Esse filme faz parte de uma iniciativa da PlayStation em expandir suas franquias para outras mídias. Na Tv e no streaming, por exemplo, a série The Last Of Usestá sendo um sucesso total, mas no cinema, a empresa de games ainda não encontrou algo pra chamar de hit. Basta ainda lembrar do fraco “Uncharted: Fora do Mapa” (2023).

Mas bem, sinceramente esperem “Until Dawn – Noite de Terror” em algum serviço de streaming porque no cinema não dá pra recomendar.

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CRÍTICA: Pecadores (2025)

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Se você continua a dançar com o diabo, um dia ele vai te seguir até sua casa.”
Estas são as palavras do pastor Jedidiah para o filho que volta para casa, como na parábola do filho pródigo. Cansado, machucado e arrependido, ele é a testemunha dos acontecimentos que conheceremos ao longo da história de Pecadores (Sinners).

Mississippi, 1932. Os irmãos Elias e Elijah, mais conhecidos como Fuligem e Fumaça (interpretados por Michael B. Jordan), retornam à sua cidade natal após uma temporada em Chicago, com o objetivo de abrir um juke joint (um tipo de inferninho com comida farta, bebida, jogatina e muita música) e recomeçar suas vidas. Para a inauguração do estabelecimento, os gêmeos começam a reunir sua “trupe”.

É assim que conhecemos ‘Pastorzinho’ Sammie (o cantor Miles Caton, em sua estreia), o jovem do começo do filme, primo dos gêmeos, que, apesar da pouca idade, se mostra um talentoso bluesman. O pianista Delta Slim (Delroy Lindo, fazendo jus ao sobrenome como sempre), os Chow (Yao e Helena Hu), Cornbread (Omar Miller) e Annie (Wunmi Mosaku), ex-esposa de Fumaça e sacerdotisa hoodoo, que será responsável pela cozinha do lugar (e também por explicar aos demais os acontecimentos sobrenaturais que virão). Com a chegada inesperada de Mary (Hailee Steinfeld), ex-namorada de Fuligem, o núcleo está completo.

Ryan Coogler, que dirigiu anteriormente filmes como Creed: Nascido para Lutar e os Pantera Negra, não tem pressa em chegar às vias de fato: dedica a primeira hora de Pecadores a um drama com tons ensolarados e ritmo refinado.

O foco está na construção cuidadosa de um mundo marcado pela persistente sombra da escravidão e pelas desigualdades de um Sul dos Estados Unidos em que pessoas que acordam antes do amanhecer para colher algodão recebem o pagamento em moedas de madeira ou títulos de plantação, em vez de dinheiro; presidiários acorrentados trabalham nas estradas; e a Ku Klux Klan que pode, a qualquer momento, bater à sua porta.

Nessa realidade, o blues oferece uma fuga e uma cura. A música, que permeia todo o filme, é refúgio e ponte entre o passado e o futuro. Isso é demonstrado de forma magistral em um dos momentos mais belos — e ao mesmo tempo estranhos — do filme, durante a inauguração do empreendimento dos gêmeos. Mas tanta energia positiva, gerada por aqueles que são musical ou metafisicamente talentosos, acaba atraindo seu oposto. E é aí que entra o charmoso e ameaçador Remmick.

Remmick (Jack O’Connell) bate à porta de Bert (Peter Dreimanis) e sua esposa Joan (Lola Kirke) — que logo descobrimos serem membros da KKK —, pedindo ajuda e alegando estar sendo perseguido por “terríveis indígenas”. No entanto, tudo não passa de um disfarce para conseguir ser convidado a entrar na casa deles. O convite selará seus destinos (e também mudará o ritmo da história dali em diante).

Apesar de ser o primeiro trabalho totalmente autoral de Coogler, Pecadores também confirma parcerias de longa data. O compositor Ludwig Göransson e Michael B. Jordan estão presentes em todos os filmes do diretor. O mesmo vale para a montagem de Michael P. Shawver. A direção de fotografia é de Autumn Durald Arkapaw, que também trabalhou em Pantera Negra: Wakanda para Sempre. Enfim, trata-se de um filme em que o entrosamento da equipe é notável e que Ryan conduz como um blues de Buddy Guy (que faz uma pontinha na cena entre-créditos): de vez em quando tem umas notinhas fora, mas ainda assim é uma obra-prima.

P.S.: Tem uma cena pós-créditos que quem gostou do filme, como eu, vai curtir.

P.S.2: Não vou postar teaser nem trailer pois eles têm muita revelação desnecessária. Aliás, façam como eu e não leiam mais nada além dessa resenha, nem assistam os trailers de Pecadores. Apenas vão pro cinema e assistam (no IMAX, se possível).

Escala de tocância de terror:

Título original: Sinners
Diretor: Ryan Coogler
Roteiro: Ryan Coogler
Elenco: Michael B. Jordan, Miles Caton, Delroy Lindo
Origem: EUA
Ano de produção: 2024

* Filme visto em pré-estreia promovida pela Espaço Z no IMAX do UCI Recife

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