Críticas
CRÍTICA: Exorcistas do Vaticano (2015)
[Por Jarmeson de Lima]
Desde 1973, cineastas de horror tentam fazer uma obra tão ou mais assustadora e incômoda do que O Exorcista. O tema da possessão de uma jovem pelas forças demoníacas é de fato bem tentador e não é à toa que dezenas de filmes seguiram a cartilha da obra de William Friedkin mas sem muito sucesso.
De 2010 até aqui, tivemos praticamente uns 2 ou 3 filmes por ano com este tema sem que tivessem algo a mais para oferecer. E o problema de todos eles é que mais ou menos já conhecemos a fórmula, prevendo praticamente tudo o que pode acontecer.

Ao ver o filme, preste atenção nas datas das ‘gravações’ no rodapé
Para tentar se sobressair a um mar de filmes genéricos neste naipe, Exorcistas do Vaticano (The Vatican Tapes) tenta apelar para as conhecidas conspirações que envolvem o Vaticano, onde cardeais monitoram os supostos casos de exorcismo pelo mundo. Utilizando-se de registros de câmeras de segurança e filmagens caseiras que assistem pela Internet, os cardeais analisam os acontecimentos e determinam se isso é ou não motivo de uma “intervenção religiosa”.
Para tentar reforçar o aspecto “realista”, incluem depoimentos em off do Papa Francisco e de alguns “especialistas” no tema logo no começo pra amedrontar os céticos. Mas não se deixe enganar… essa trama política é bastante rasa e só serve como prólogo para nos colocar a par do caso da jovem Angela Holmes (Olivia Taylor Dudley) numa pequena cidade dos Estados Unidos.
Por infortúnio do destino, Angela, em sua festa de aniversário de 27 anos, foi escolhida pelo demônio para ser sua morada. Em uma “filmagem caseira”, vemos um corvo atrapalhando o corte do bolo e umas gotas de sangue saindo do dedo da jovem em cima do bolo. Claro que a cena em si não oferece risco e não é nada gore, afinal estamos lidando com mais um produto PG-13.

O mesmo ator que apareceu recentemente em “Homem-Formiga” agora é um padre. Só Jesus salva.
Papo vem, papo vai e depois de uns dias, a infecção no dedo de Angela piora e ela acaba internada no hospital em coma(!). Sendo que depois de algumas semanas que ela desperta ~coisas estranhas acontecem~ na enfermaria, no corredor, na UTI, no berçário… E é neste mesmo hospital que o pai de Angela se encontra com o Padre Lozano (Michael Peña, o ator latino da vez), que se encarrega de ser o confidente dele e o porta-voz das más notícias pra turma do Vaticano.
A partir deste momento do filme – quase cinquenta minutos depois – vocês já devem imaginar o que acontece, tendo em vista que todo o ceticismo dos personagens dá lugar ao medo e aos rituais típicos de um exorcismo comum. Se não fossem algumas poucas cenas autênticas e todo o simbolismo bíblico que o ritual em si carrega, o filme daria mais sono do que medo. O que é uma pena, visto que o diretor do filme é Mark Neveldine, o mesmo que fez os aloprados Adrenalina 1 e 2 (Crank), mas que depois escorregou feio com a continuação de Motoqueiro Fantasma.

“Não blasfemarás com a boca cheia!”
Enfim, de tão genérica a trama, tudo vai andando no piloto-automático até que temos um final brusco que pode até ser considerado ousado. Esse mesmo final surpreendente pode ser visto de duas formas: uma como boa crítica ao fanatismo religioso dos dias atuais ou como sendo um gancho pra uma futura continuação. Ainda assim, seja qual for sua interpretação do final, não tem reza que salve o filme da perdição.

Título original: The Vatican Tapes
Direção: Mark Neveldine
Roteiro: Christopher Borrelli e Michael C. Martin
Elenco: Olivia Taylor Dudley, Michael Peña e Dougray Scott
Origem: EUA
* Filme visto na Cabine de Imprensa promovida pelo Espaço Z no Cinemark Rio Mar
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Críticas
CRÍTICA: Rua do Medo – Rainha do Baile (2025)
Comprada pela Netflix, a franquia “Rua do Medo” (Fear Street) se revelou um baita sucesso para a plataforma de streaming. Os primeiros filmes arrebataram tanto os fãs dos livros em que foi baseada, como também um novo público. E agora quatro anos depois daquele primeiro lançamento, um novo filme foi lançado.
No ano de 1988, a cidade de Shadyside está prestes a presenciar mais um massacre quando um misterioso assassino mascarado está eliminando todas as candidatas a Rainha do Baile e qualquer um que apareça em seu caminho. Alheias a isso num primeiro momento, as candidatas se envolvem em dramas teens no mesmo estilo Meninas Malvadas (2004) e vão em breve descobrir que os problemas adolescentes são os menores dos problemas que enfrentarão.
Eu já adianto que não sou grande fã da franquia. Gostei mesmo do segundo filme “Rua do Medo: 1978” (2023) que é uma homenagem aos slashers de acampamento. Partes do terceiro filme da saga, “Rua do Medo: 1666” (2023) também merece uma olhada, já que ele segue a linha do folk horror. Dito isso, não estava muito animado com o hype para esse novo capítulo da saga.
Ainda assim posso dizer que a produção me surpreendeu. E como era de se esperar, “Rua do Medo: Rainha do Baile” é um divertido slasher teen no melhor e pior sentido. A estrutura básica é a mesma de sempre, podendo ter desenvolvido mais a maioria das personagens para que não fossem só pedaços de carne indo para o abate. Eu sei que a maioria dos slashers são assim e eu amo, mas seria um diferencial. A protagonista tem um bom pano de fundo e a atriz é carismática, coisa que não aconteceu com as protagonistas dos filmes anteriores.
A direção é bem convencional e poderia ter brilhado nos momentos de perseguição, mas eu acho que o diretor estava com certa preguiça de criar tensão nesses momentos ou medo de deixar o público alvo muito nervoso. Agora, onde o filme brilha mesmo são nas sequências de assassinatos. O sangue jorra e o longa brilha prestando homenagens a slashers não tão conhecidos como “Quem Matou Rosemary“, “Pouco Antes do Amanhecer” e, claro, “A Morte Convida Para Dançar“. Todos vindos dos anos 80.
Resumindo… “Rua do Medo: Rainha do Baile” diverte a quem curte slashers. O filme é meio boboca e sangrento, mas mesmo sem ter muitas conexões com os filmes anteriores, isso não me irritou. E por isso mesmo pode ser visto de forma isolada pra quem ficou com preguiça de ver os demais da série.

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CRÍTICA: Until Dawn – Noite de Terror (2025)
Eu tenho um carinho especial por Until Dawn. Foi o game que me fez querer de fato um PlayStation 4. Tanto é que ganhei da minha irmã pouco antes de ter o console. E como sabem, slashers são minha paixão antiga. Com isso, a chance de moldar os eventos do game foi muito tentadora. O jogo é uma clássica história desse subgênero e no fim me diverti muito. E quando o filme foi anunciado, fiquei cabreiro. Quando saiu o trailer, o receio parecia real. Hoje, tendo assistido ao longa “Until Dawn – Noite de Terror“, fiquem com as minhas impressões abaixo…
Antes, vamos ao enredo. Uma garota viaja acompanhada com seus amigos a procura de pistas de sua irmã desaparecida um ano atrás. A busca os leva para uma casa no meio do nada que esconde um segredo mortal: todas as noites algo tenebroso ronda o local e o objetivo é sobreviver até o amanhecer, sendo que a morte não significa o fim. Uma vez tendo falhado, você volta pouco antes do anoitecer para uma nova rodada de terror com novas ameaças, repetindo o ciclo até conseguir derrotar as criaturas terríveis ou se tornar parte da escuridão.
Olha, eu nunca imaginei uma adaptação direta do game porque por mais que tenha gostado no fim é uma história básica… Um slasher com todos os clichês possíveis com o diferencial da possibilidade de moldar a história. A adaptação me pareceu ser um roteiro que já estava pronto e os roteiristas e diretor só incluíram alguns detalhes visuais do jogo pra justificar o título como um desses filmes com loop de tempo.
Nunca reclamei de elenco de slashers… Geralmente são atores fracos mesmo e em início de carreira, mas aqui eles meteram o louco e escalaram atores tão ruins, mas tão ruins que não conseguem nem o básico. Sério, fiquei impressionado com a mediocridade desses personagens mesmo sendo rascunho de pessoas e sendo estereótipos ambulantes.
A trama segue fraca servindo uma colcha de retalhos de vários estilos, mas nenhum deles realmente dignos de nota. “Until Dawn” tem, obviamente, jumpscares tão cretinos que até eu que levo susto com minha sombra não fui afetado. O real chamariz é o gore e o filme de fato justifica sua classificação 18 anos. O sangue, vísceras e partes de corpos explodem com gosto pra cima da tela.
Esse filme faz parte de uma iniciativa da PlayStation em expandir suas franquias para outras mídias. Na Tv e no streaming, por exemplo, a série “The Last Of Us” está sendo um sucesso total, mas no cinema, a empresa de games ainda não encontrou algo pra chamar de hit. Basta ainda lembrar do fraco “Uncharted: Fora do Mapa” (2023).
Mas bem, sinceramente esperem “Until Dawn – Noite de Terror” em algum serviço de streaming porque no cinema não dá pra recomendar.

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CRÍTICA: Pecadores (2025)
“Se você continua a dançar com o diabo, um dia ele vai te seguir até sua casa.”
Estas são as palavras do pastor Jedidiah para o filho que volta para casa, como na parábola do filho pródigo. Cansado, machucado e arrependido, ele é a testemunha dos acontecimentos que conheceremos ao longo da história de Pecadores (Sinners).
Mississippi, 1932. Os irmãos Elias e Elijah, mais conhecidos como Fuligem e Fumaça (interpretados por Michael B. Jordan), retornam à sua cidade natal após uma temporada em Chicago, com o objetivo de abrir um juke joint (um tipo de inferninho com comida farta, bebida, jogatina e muita música) e recomeçar suas vidas. Para a inauguração do estabelecimento, os gêmeos começam a reunir sua “trupe”.
É assim que conhecemos ‘Pastorzinho’ Sammie (o cantor Miles Caton, em sua estreia), o jovem do começo do filme, primo dos gêmeos, que, apesar da pouca idade, se mostra um talentoso bluesman. O pianista Delta Slim (Delroy Lindo, fazendo jus ao sobrenome como sempre), os Chow (Yao e Helena Hu), Cornbread (Omar Miller) e Annie (Wunmi Mosaku), ex-esposa de Fumaça e sacerdotisa hoodoo, que será responsável pela cozinha do lugar (e também por explicar aos demais os acontecimentos sobrenaturais que virão). Com a chegada inesperada de Mary (Hailee Steinfeld), ex-namorada de Fuligem, o núcleo está completo.
Ryan Coogler, que dirigiu anteriormente filmes como Creed: Nascido para Lutar e os Pantera Negra, não tem pressa em chegar às vias de fato: dedica a primeira hora de Pecadores a um drama com tons ensolarados e ritmo refinado.
O foco está na construção cuidadosa de um mundo marcado pela persistente sombra da escravidão e pelas desigualdades de um Sul dos Estados Unidos em que pessoas que acordam antes do amanhecer para colher algodão recebem o pagamento em moedas de madeira ou títulos de plantação, em vez de dinheiro; presidiários acorrentados trabalham nas estradas; e a Ku Klux Klan que pode, a qualquer momento, bater à sua porta.
Nessa realidade, o blues oferece uma fuga e uma cura. A música, que permeia todo o filme, é refúgio e ponte entre o passado e o futuro. Isso é demonstrado de forma magistral em um dos momentos mais belos — e ao mesmo tempo estranhos — do filme, durante a inauguração do empreendimento dos gêmeos. Mas tanta energia positiva, gerada por aqueles que são musical ou metafisicamente talentosos, acaba atraindo seu oposto. E é aí que entra o charmoso e ameaçador Remmick.
Remmick (Jack O’Connell) bate à porta de Bert (Peter Dreimanis) e sua esposa Joan (Lola Kirke) — que logo descobrimos serem membros da KKK —, pedindo ajuda e alegando estar sendo perseguido por “terríveis indígenas”. No entanto, tudo não passa de um disfarce para conseguir ser convidado a entrar na casa deles. O convite selará seus destinos (e também mudará o ritmo da história dali em diante).
Apesar de ser o primeiro trabalho totalmente autoral de Coogler, Pecadores também confirma parcerias de longa data. O compositor Ludwig Göransson e Michael B. Jordan estão presentes em todos os filmes do diretor. O mesmo vale para a montagem de Michael P. Shawver. A direção de fotografia é de Autumn Durald Arkapaw, que também trabalhou em Pantera Negra: Wakanda para Sempre. Enfim, trata-se de um filme em que o entrosamento da equipe é notável e que Ryan conduz como um blues de Buddy Guy (que faz uma pontinha na cena entre-créditos): de vez em quando tem umas notinhas fora, mas ainda assim é uma obra-prima.
P.S.: Tem uma cena pós-créditos que quem gostou do filme, como eu, vai curtir.
P.S.2: Não vou postar teaser nem trailer pois eles têm muita revelação desnecessária. Aliás, façam como eu e não leiam mais nada além dessa resenha, nem assistam os trailers de Pecadores. Apenas vão pro cinema e assistam (no IMAX, se possível).

Título original: Sinners
Diretor: Ryan Coogler
Roteiro: Ryan Coogler
Elenco: Michael B. Jordan, Miles Caton, Delroy Lindo
Origem: EUA
Ano de produção: 2024
* Filme visto em pré-estreia promovida pela Espaço Z no IMAX do UCI Recife
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DICA DA SEMANA: Flu (2013)
opoderosochofer
21 de agosto de 2015 at 18:45
Os caras querem fazer um “novo Exorcista” com censura PG 13 tsc, tsc, tsc…
Blog Toca o Terror
22 de agosto de 2015 at 00:49
É muita chinfra pra pouco filme
Shadai
3 de abril de 2017 at 00:20
um dos piores filmes que já vi em toda minha vida, e olha que já vi muitos!
o roteiro tem tantos furos, que se torna uma aula do que não fazer.
e vale também para a direção, que é muito ruim.
os atores tão arrependidos de terem aceitado fazer essa bomba acabam tendo atuações péssimas, totalmente inverossímeis.
aquele fundo verde na cena final é a parte mais assustadora do filme.