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Críticas

CRÍTICA: American Horror Story – Freak Show (2014)

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Freak Show

Para quem nunca acompanhou a série, vale informar que a proposta de American Horror Story é nos apresentar uma história diferente a cada temporada, mantendo grande parte dos elencos anteriores. Após se ambientar em uma casa assombrada, um manicômio judiciário e um clã de bruxas, nesse quarto ano, o programa aborda o universo dos shows de horrores, atrações bem populares nos Estados Unidos dos anos 30.

Mas o enredo de AHS não foca na “era de ouro” desse tipo de espetáculo. A história se passa em 1952, quando esses circos já estavam em decadência. Um dos últimos que existem é comandado por Elsa Mars (Jessica Lange) e chega à cidade de Jupiter, no estado da Flórida, atrás de uma nova atração. No caso, as gêmeas siamesas Bette e Dot Tattler, interpretadas por Sarah Paulson.

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A partir daí somos apresentados às outras aberrações: o menino lagosta Jimmy Darling (Evan Peters), sua mãe, a mulher barbada Ethel Darling (Kathy Bates) e a menor mulher do mundo, Ma Petite (Jyoti Amge) e mais algumas. O roteiro foca na convivência entre essas atrações circenses e seus conflitos contra os preconceituosos moradores de Jupiter.

Além do cotidiano do circo, há arcos envolvendo um palhaço serial killer, um entediado riquinho com tendências homicidas e um charlatão que planeja um golpe nas aberrações. Há também a participação de um personagem que realmente existiu: Edward Mordrake (Wes Bentley), o famoso homem de duas cabeças.

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O polêmico filme Monstros (Freaks), de 1932, dirigido por Tod Browning, que foi execrado na época de lançamento, mas que hoje é cultuado como um clássico do cinema, foi nitidamente usado para compor o universo do Freak Show. Inclusive, alguns personagens são idênticos, como Meep (Ben Woolf) e Pepper (Naomi Grossman), que até já havia aparecido caracterizada dessa forma na segunda temporada.

Talvez o público dos outros países não fique empolgado com o tema, mas para ganhar a audiência de lá, AHS tem um triunfo nas mãos. Os Shows de Horrores simbolizam uma época marcante na história dos EUA: a grande depressão. E é ainda mais interessante vê-las ambientadas nos anos 50, duas décadas após a recessão, em um contexto histórico onde a economia americana se reerguia e as atrações mambembes desapareciam.

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Outro mérito dos produtores foi deixar de lado uma característica que atrapalhou muito as temporadas anteriores: os inúmeros temas apresentados, que deixavam o telespectador confuso e que, por vezes, dispersava a audiência. Dessa vez, por mais que tenha vários arcos e núcleos, a história se concentra em um universo limitado: o circo e a cidade de Jupiter.

O horror também não está maquiado. As cenas são violentas na medida certa e, por várias vezes, perturbam, como deve ser uma obra de terror. As histórias dos personagens são tão grotescas e marcantes como suas aparências e isso é mais um ponto positivo. Como é de praxe na série, o sexo dá as caras muitas vezes e, com aberrações no meio, fiquem preparados para tudo. Há defeitos, como alguns furos no roteiro e um certo excesso de números musicais, mas nada que atrapalhe.

Após 10 episódios, American Horror Story entrou em recesso e só volta a ser exibida em janeiro, quando irão ao ar os três últimos capítulos. Se nenhuma tragédia acontecer, tem tudo para ser a melhor temporada até agora. Mas sabemos que na TV, a liberdade criativa depende de interesses comerciais mais nefastos do que os donos dos freak shows. Aguardemos.

N.D.R.: A Fox Brasil anunciou que apenas em Janeiro a nova temporada será exibida no país.

Nota: 7,0

https://www.youtube.com/watch?v=XGvlLJaT1gg

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0 Comments

  1. beatriz

    26 de abril de 2018 at 11:53

    amei a serie

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CRÍTICA: Faça Ela Voltar (2025)

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Faça Ela Voltar

Dois anos após o sucesso de Fale Comigo, chega aos cinemas brasileiros o segundo filme dos irmãos Danny e Michael Philippou. Mais uma vez com distribuição da badalada A24, a dupla agora emplaca Faça Ela Voltar (Bring Her Back), um conto de horror suburbano que aborda o luto.

Após perderem o pai, os irmãos Andy (Billy Barratt) e Piper (Sora Wong) são colocados sob os cuidados de Laura (Sally Hawkins), uma ex-assistente social que faz de sua casa uma espécie de lar adotivo. Além deles, vive no local o menino Oliver (Jonah Wren Phillips), uma criança que não se comunica e possui hábitos estranhos.

Não demora para sabermos que Laura tem segundas intenções. Seu objetivo em acolher os órfãos é trazer o espírito da sua filha de volta e colocá-la no corpo de Piper. Para executar esse plano diabólico ela tem em mãos uma fita VHS que contém, literalmente, o passo a passo de um ritual satânico que, entre outras bizarrices, inclui até canibalismo.

Mitologia escatológica à parte, Faça Ela Voltar é mais sobre o sentimento da perda do que qualquer outra coisa. Mesmo retratada na maior parte do tempo como vilã metódica, Laura ainda deixa transparecer seu lado humano. Uma mulher que não aceita a partida da filha e que acaba deturpando seu amor icondicional, por puro desespero.

A dupla de irmãos também ganha sua cota de drama, quando Laura tenta jogar um contra o outro, pois Andy é um empecilho para o que ela planeja. Nada disso, porém, funcionaria se o trio de protagonistas não estivesse tão afiado. Sally Hawkins, Billy Barratt e Sora Wong conseguem passar credibilidade o tempo todo, seja nos momentos sóbrios ou nos sinistros.

O que nos leva para outro destaque do elenco: o pequeno Jonah Wren Phillips. A transformação pela qual seu Oliver passa ao longo da trama já o elevou ao status de mini ícone do terror do ano. São com eles as cenas mais perturbadoras, em ocasiões que fica quase impossível não desviar os olhos da tela.

A direção dos Philippou em Faça Ela Voltar segue competente, com ótimos enquadramentos e cuidado aos detalhes (preste atenção nos círculos). Como Piper é deficiente visual, a câmara brinca muito com imagens desfocadas, o que faz um paralelo interessante com a condição da personagem.

O roteiro, assinado em parceria com Bill Hinzman, consegue balancear bem o terror e o drama, no entanto deixa um gostinho de quero mais ao esconder muito sobre a origem do ritual. Mas isso é apenas eu reclamando de barriga cheia (o trocadilho fará sentido quando você assistir ao filme).

Escala de tocância de terror:

Título original: Bring Her Back
Direção: Danny Philippou e Michael Philippou
Roteiro: Danny Philippou e Bill Hinzman
Elenco: Sally Hawkins, Billy Barratt e Sora Wong
Origem: Austrália

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Críticas

CRÍTICA: Prédio Vazio (2025)

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Prédio Vazio

“Quer viver um sonho lindo que eu vivi?
Vá viver a maravilha de Guarapari”

Assim diz a letra da antiga valsinha de Pedro Caetano interpretada por Nuno Roland. Cidade do litoral do Espírito Santo, Guarapari fica bastante animada no verão, especialmente durante o carnaval onde costuma ser muito visitada por turistas. Em baixa temporada acaba sendo uma ótima pedida para curtir alguns dias de descanso, comer um peixe e tomar uma cerveja num quiosque à beira do mar.

E é buscando viver o sonho guarapariense que Marina (Rejane Arruda) resolve juntar-se ao companheiro para curtir a folia de momo no início de “Prédio Vazio“. Porém o sonho começa a virar pesadelo ao se hospedar em um antigo e decrépito edifício onde nada funciona… Enquanto conversa ao telefone com a filha, Marina presencia a morte de uma antiga moradora do prédio e, para completar, descobre que o parceiro a traiu. Ao entrar em uma violenta briga com ele, o embate só não tem um final trágico graças à intervenção da zeladora Dora (Gilda Nomacce) que nocauteia o brutamontes com um martelo.

Preocupada com a mãe, Luna (Lorena Corrêa) decide ir para Guarapari e o simpático e apaixonado Fábio (Caio Macedo), mesmo contra a vontade dela, vai junto. Lá chegando, dão de cara com a porta do Edifício Magdalena que, com o final da temporada, parece completamente vazio. Dando um “jeitinho” de conseguir entrar no prédio o casal vai descobrir da pior forma que, contrariando o título do filme, o prédio de vazio não tem nada!

O diretor Rodrigo Aragão, que o Toca o Terror acompanha a obra há muito tempo (a gente exibiu A Noite do Chupacabras em 2013!) e também já teve o prazer de encontrar e bater papo algumas vezes, dessa vez resolve contar uma história mais urbana, ambientada em sua cidade natal.

Rodrigo, entre quilos de maquiagem e galões de sangue falso, gosta de abordar algumas temáticas sociais e em Prédio Vazio não fez diferente. O filme além de ser um conto de fantasmas, também é uma crítica ao desmatamento e consequente crescimento urbano desenfreado. “Um desperdício de espaço” como diz o motorista que leva Luna e Fábio ao amaldiçoado edifício.

O decadente Edifício Magdalena, fruto da direção de arte de Priscilla Huapaya, remete aos filmes de Bava e Argento, com seus vitrais coloridos dando deixa para a fotografia de Alexandre Barcelos usar uma paleta com tons esverdeados e/ou avermelhados nos personagens. O prédio, obviamente, também traz similaridades ao elevador e os corredores de “O Iluminado“, de Stanley Kubrick. Algumas das mortes (das agora almas atormentadas) que nos são apresentadas por flashbacks ou pelo prólogo, como é o caso do simpático casal de velhinhos, impactam pela caprichada maquiagem e efeitos práticos com a assinatura do parceiro de longas datas, Joel Caetano, e supervisionadas pelo próprio diretor.

Algumas coisas infelizmente não funcionam tão bem em “Prédio Vazio“: a montagem, que só engata no último terço do filme, quando a obra abraça aspectos mais surreais. Em relação ao elenco, o casal protagonista não tem uma química muito boa apesar dos personagens funcionarem de forma independente e algumas escolhas estéticas também não me agradaram (aí é questão pessoal). Mas isso não atrapalha o conjunto da obra que é mais uma mostra do comprometimento, esmero e amor ao gênero que o diretor tem mostrado em toda sua carreira.

Curiosidades: O filme faz parte de um projeto chamado “Filme-Escola” onde Aragão aproveita a realização da obra para ensinar um grupo de alunos a fazer cinema (dessa vez foram mais de 100 pessoas!). Os fãs poderão perceber vários easter eggs remetendo a outros filmes do “Aragãoverso”, como “O Cemitério das Almas Perdidas” e “A Mata Negra“. Houve ainda a estreia da filha mais nova do casal Rodrigo Aragão e Mayra Alarcón (que também faz uma pontinha em uma cena em que sai do elevador), Alícia Margarida Aragão.

Prédio Vazio, que estreou no 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, recebeu o Prêmio Retrato Filmes de distribuição no valor de R$ 100.000,00 (Cem mil reais), garantindo sua chegada aos cinemas no próximo 12 de junho. Prestigiem!

Escala de tocância de terror:

Título original: Prédio Vazio
Diretor: Rodrigo Aragão
Roteiro: Rodrigo Aragão
Elenco: Rejane Arruda, Gilda Nomacce, Lorena Corrêa e Caio Macedo
Origem: Brasil
Ano de produção: 2024

* Filme visto em pré-estreia promovida pela Sinny Comunicação e Retrato Filmes

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CRÍTICA: O Ritual (2025)

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O Ritual

Jesus, às vezes, se disfarça de filme ruim pra testar a bondade dos homens. Só isso explica a existência de O Ritual (The Ritual, 2025), escrito e dirigido por David Midell. Essa presepada é mais uma produção que se apresenta sob a alcunha de “baseada numa história real”, que inclusive teria inspirado William Peter Blatty a escrever O Exorcista. Ok, vamos lá.

No ano de 1928, na cidade de Earling, em Iowa, uma jovem chamada Emma Schmidt (Abigail Cowen) está encapetada já há um certo tempo. Para resolver essa peleja de uma vez por todas, a igreja católica convoca o sacerdote Theophilus Riesinger (Al Pacino). Nessa missão, ele terá ao seu lado o padre Joseph Steiger (Dan Stevens) e a freira Rose (Ashley Greene).

Theophilus Riesinger e Joseph Steiger realmente existiram e o exorcismo de Emma Schmidt é considerado um dos casos de possessão mais documentados do século XX, incluindo até uma reportagem na revista Time. Mas isso tem no Wikipedia, aqui você vai ficar sabendo como David Midell conseguiu fazer um dos piores filmes de terror do ano.

Para início de conversa, o longa é um festival de clichês. Prepare-se para ver uma jovem amarrada na cama, sofrendo com chagas e feridas, gritando blasfêmias e fazendo objetos se moverem com a força da mente; enquanto os mocinhos rezam e mostram crucifixos.

Depois de tantos filmes de exorcismo, o público até se conforma que verá esse tipo de dinâmica, o problema é que o roteiro nem sequer tenta trazer um mínimo de criatividade. Pior, ele copia a mesma relação padre experiente/padre inexperiente de O Exorcista, incluindo aí uma morte traumática na família do personagem mais jovem.

(Pessoas de bom coração dirão que não tem como fugir, já que foi essa história que inspirou o livro, mas a gente sabe que isso é balela).

Há também o fato de que todos os protagonistas são apresentados em minutos, o que faz com que nenhum drama realmente importe para o espectador. Nem mesmo a pobre da possuída desperta nossa simpatia. E quando o demônio usa os traumas dos personagens contra eles (outra clichê do gênero), isso tem zero impacto, pois… ninguém liga.

Visualmente, O Ritual também é sofrível. A maquiagem é até competente, mas nada marcante. A fotografia é podre e, não satisfeito em falhar como roteirista, David Midell também teve as piores escolhas na direção, com uma INJUSTIFICADA câmera na mão, para dar às cenas um ar documental (Talvez? Sei Lá!).

No meio dessa lambança toda, duas boas ideias surgem. Um suposto affair entre o padre Steiger e irmã Rose; e como o exorcismo está impactando a pequena comunidade rural, com pessoas em pânico e animais morrendo. No entanto, nada disso vai adiante.

E se você chegou até aqui perguntando o que levou Al Pacino a entrar nessa barca furada, nem Jesus sabe a resposta. Em um determinado momento seu personagem abre a boca para dizer: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”. Sim, meteram essa frase em 2025, esperando causar impacto. Que Deus te elimine.

Escala de tocância de terror:

Direção: David Midell
Roteiro: David Midell
Elenco: Al Pacino, Dan Stevens e Ashley Greene
Origem: EUA

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