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CRÍTICA: Horns (2014)

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horns_ver5Por Geraldo de Fraga

As pessoas dizem que você deve sempre fazer a coisa certa. Mas, às vezes, não existe a coisa certa. Então você só tem que escolher um pecado com o qual pode viver”, diz um chifrudo Daniel Radcliffe em Amaldiçoado (Horns, 2014), dirigido por Alexandro Aja e baseado no livro de Joe Hill, que pra quem não sabe é filho de Stephen King. Infelizmente, o filme, assim como a frase de efeito acima, foi uma boa ideia que não deu certo.

Untitled-4Amaldiçoado seria muito melhor se tivesse se dedicado a ser exclusivamente uma história de vingança. Basicamente, são as metáforas cristãs que atrapalham o andamento da obra. Talvez no livro funcione bem, mas o roteiro escrito por Keith Bunin deixa a impressão de que não coube tudo e o que coube ficou pela metade. São incontáveis as pontas soltas, o que deixa a história não só complexa e sim confusa mesmo. E olhe que o filme tem duas horas de duração.

Na trama, os jovens Ig Perrish (Daniel Radcliffe) e Merrin Williams (Juno Temple) vivem um romance que dura desde a infância. Tudo desmorona quando ela é encontrada morta e Ig acusado do crime. Sem provas evidentes, ele segue em liberdade, porém execrado pelos moradores da cidade e perseguido por repórteres sensacionalistas onde quer que vá. Bêbado na maior parte do tempo, a vida de Ig é um inferno.

Untitled-2Um dia, não sem mais nem menos como deixa transparecer a sinopse, ele acorda com dois chifres. Mas a bizarra mudança não é só estética. A partir daí, o rapaz passa a exercer um estranho efeito nas pessoas: todos lhe contam seus segredos, mesmo que ele não pergunte. Além disso, Ig ganha uma habilidade de sugestão e todos passam a obedecer suas ordens. Poder bem parecido com o do reverendo Jesse Custer, da HQ Preacher, inclusive.

Munido desse “dom”, ele sai a caça do assassino de Merrin sem o menor pudor de usar seus poderes nada éticos. E essa é a principal discussão levantada na saga: se for por um bom motivo, vale a pena usar de toda e qualquer artimanha? Ig acha que sim, nós também, mas o filme abre demais o leque e tome questões filosóficas sobre Deus e o Diabo, Bem e o Mal, Céu e Inferno… E com um roteiro que não ajuda, o efeito colateral dessa virada dramática é a chatice.

Untitled-3A primeira parte do filme rende ótimos momentos, mostrando que quem mais acusa é justamente quem tem mais a esconder e como nosso “herói” combate essa hipocrisia em busca da verdade. Essa deveria ser a pegada do longa, mas um produto comercial para o público adolescente americano precisava de uma história onde a redenção dos personagens fosse calcada em um cristianismo fervoroso.

Daniel Radcliffe é esforçado, mas o desgosto do espectador diante da tela também entra na sua conta. Ele decora o texto, encara cenas de lutas, se agarra com cobras, faz beicinho, mas é tão inexpressivo que não nos faz criar afinidade com seu Ig Perrish em nenhum momento. Juno Temple faz seu feijão com arroz e sai ilesa.

Untitled-1Saber como Amaldiçoado será recebido pelo grande público é uma incógnita. Tudo o que os jovens querem está lá, mas vem carregado de um simbolismo que complicou a trama. Há de se reconhecer a tentativa de Alexandro Aja em levantar discussões filosóficas e religiosas dentro de um filme pipoca. Pode até ser uma atitude louvável, mas de boas intenções o inferno está cheio.

Nota: 4 (de 0 a 10)

Direção: Alexandre Aja
Roteiro: Keith Bunin (baseado na obra de Joe Hill)
Elenco: Daniel Radcliffe, Juno Temple, Max Minghella
Origem: EUA e Canadá

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0 Comments

  1. Leonardo

    15 de fevereiro de 2016 at 02:37

    eu não acho o filme chato, é um dos melhores que já vi, fica em terceiro lugar do meu top de filmes favoritos, e pra mim é o melhor filme do Daniel.

    • Carol Dias

      9 de setembro de 2019 at 10:28

      Eu concordo, gostei muito desse filme, e o Daniel está muito melhor nesse que em toda a saga de Harry Potter.

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CRÍTICA: Rua do Medo – Rainha do Baile (2025)

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Rua do Medo - Rainha do Baile

Comprada pela Netflix, a franquia “Rua do Medo” (Fear Street) se revelou um baita sucesso para a plataforma de streaming. Os primeiros filmes arrebataram tanto os fãs dos livros em que foi baseada, como também um novo público. E agora quatro anos depois daquele primeiro lançamento, um novo filme foi lançado.

No ano de 1988, a cidade de Shadyside está prestes a presenciar mais um massacre quando um misterioso assassino mascarado está eliminando todas as candidatas a Rainha do Baile e qualquer um que apareça em seu caminho. Alheias a isso num primeiro momento, as candidatas se envolvem em dramas teens no mesmo estilo Meninas Malvadas (2004) e vão em breve descobrir que os problemas adolescentes são os menores dos problemas que enfrentarão.

Eu já adianto que não sou grande fã da franquia. Gostei mesmo do segundo filme “Rua do Medo: 1978” (2023) que é uma homenagem aos slashers de acampamento. Partes do terceiro filme da saga, “Rua do Medo: 1666” (2023) também merece uma olhada, já que ele segue a linha do folk horror. Dito isso, não estava muito animado com o hype para esse novo capítulo da saga.

Ainda assim posso dizer que a produção me surpreendeu. E como era de se esperar, “Rua do Medo: Rainha do Baile” é um divertido slasher teen no melhor e pior sentido. A estrutura básica é a mesma de sempre, podendo ter desenvolvido mais a maioria das personagens para que não fossem só pedaços de carne indo para o abate. Eu sei que a maioria dos slashers são assim e eu amo, mas seria um diferencial. A protagonista tem um bom pano de fundo e a atriz é carismática, coisa que não aconteceu com as protagonistas dos filmes anteriores.

A direção é bem convencional e poderia ter brilhado nos momentos de perseguição, mas eu acho que o diretor estava com certa preguiça de criar tensão nesses momentos ou medo de deixar o público alvo muito nervoso. Agora, onde o filme brilha mesmo são nas sequências de assassinatos. O sangue jorra e o longa brilha prestando homenagens a slashers não tão conhecidos como “Quem Matou Rosemary“, “Pouco Antes do Amanhecer” e, claro, “A Morte Convida Para Dançar“. Todos vindos dos anos 80.

Resumindo… “Rua do Medo: Rainha do Baile” diverte a quem curte slashers. O filme é meio boboca e sangrento, mas mesmo sem ter muitas conexões com os filmes anteriores, isso não me irritou. E por isso mesmo pode ser visto de forma isolada pra quem ficou com preguiça de ver os demais da série.

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CRÍTICA: Until Dawn – Noite de Terror (2025)

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Until Dawn - Noite de Terror

Eu tenho um carinho especial por Until Dawn. Foi o game que me fez querer de fato um PlayStation 4. Tanto é que ganhei da minha irmã pouco antes de ter o console. E como sabem, slashers são minha paixão antiga. Com isso, a chance de moldar os eventos do game foi muito tentadora. O jogo é uma clássica história desse subgênero e no fim me diverti muito. E quando o filme foi anunciado, fiquei cabreiro. Quando saiu o trailer, o receio parecia real. Hoje, tendo assistido ao longa “Until Dawn – Noite de Terror“, fiquem com as minhas impressões abaixo…

Antes, vamos ao enredo. Uma garota viaja acompanhada com seus amigos a procura de pistas de sua irmã desaparecida um ano atrás. A busca os leva para uma casa no meio do nada que esconde um segredo mortal: todas as noites algo tenebroso ronda o local e o objetivo é sobreviver até o amanhecer, sendo que a morte não significa o fim. Uma vez tendo falhado, você volta pouco antes do anoitecer para uma nova rodada de terror com novas ameaças, repetindo o ciclo até conseguir derrotar as criaturas terríveis ou se tornar parte da escuridão.

Olha, eu nunca imaginei uma adaptação direta do game porque por mais que tenha gostado no fim é uma história básica… Um slasher com todos os clichês possíveis com o diferencial da possibilidade de moldar a história. A adaptação me pareceu ser um roteiro que já estava pronto e os roteiristas e diretor só incluíram alguns detalhes visuais do jogo pra justificar o título como um desses filmes com loop de tempo.

Nunca reclamei de elenco de slashers… Geralmente são atores fracos mesmo e em início de carreira, mas aqui eles meteram o louco e escalaram atores tão ruins, mas tão ruins que não conseguem nem o básico. Sério, fiquei impressionado com a mediocridade desses personagens mesmo sendo rascunho de pessoas e sendo estereótipos ambulantes.

A trama segue fraca servindo uma colcha de retalhos de vários estilos, mas nenhum deles realmente dignos de nota. “Until Dawn” tem, obviamente, jumpscares tão cretinos que até eu que levo susto com minha sombra não fui afetado. O real chamariz é o gore e o filme de fato justifica sua classificação 18 anos. O sangue, vísceras e partes de corpos explodem com gosto pra cima da tela.

Esse filme faz parte de uma iniciativa da PlayStation em expandir suas franquias para outras mídias. Na Tv e no streaming, por exemplo, a série The Last Of Usestá sendo um sucesso total, mas no cinema, a empresa de games ainda não encontrou algo pra chamar de hit. Basta ainda lembrar do fraco “Uncharted: Fora do Mapa” (2023).

Mas bem, sinceramente esperem “Until Dawn – Noite de Terror” em algum serviço de streaming porque no cinema não dá pra recomendar.

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CRÍTICA: Pecadores (2025)

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Se você continua a dançar com o diabo, um dia ele vai te seguir até sua casa.”
Estas são as palavras do pastor Jedidiah para o filho que volta para casa, como na parábola do filho pródigo. Cansado, machucado e arrependido, ele é a testemunha dos acontecimentos que conheceremos ao longo da história de Pecadores (Sinners).

Mississippi, 1932. Os irmãos Elias e Elijah, mais conhecidos como Fuligem e Fumaça (interpretados por Michael B. Jordan), retornam à sua cidade natal após uma temporada em Chicago, com o objetivo de abrir um juke joint (um tipo de inferninho com comida farta, bebida, jogatina e muita música) e recomeçar suas vidas. Para a inauguração do estabelecimento, os gêmeos começam a reunir sua “trupe”.

É assim que conhecemos ‘Pastorzinho’ Sammie (o cantor Miles Caton, em sua estreia), o jovem do começo do filme, primo dos gêmeos, que, apesar da pouca idade, se mostra um talentoso bluesman. O pianista Delta Slim (Delroy Lindo, fazendo jus ao sobrenome como sempre), os Chow (Yao e Helena Hu), Cornbread (Omar Miller) e Annie (Wunmi Mosaku), ex-esposa de Fumaça e sacerdotisa hoodoo, que será responsável pela cozinha do lugar (e também por explicar aos demais os acontecimentos sobrenaturais que virão). Com a chegada inesperada de Mary (Hailee Steinfeld), ex-namorada de Fuligem, o núcleo está completo.

Ryan Coogler, que dirigiu anteriormente filmes como Creed: Nascido para Lutar e os Pantera Negra, não tem pressa em chegar às vias de fato: dedica a primeira hora de Pecadores a um drama com tons ensolarados e ritmo refinado.

O foco está na construção cuidadosa de um mundo marcado pela persistente sombra da escravidão e pelas desigualdades de um Sul dos Estados Unidos em que pessoas que acordam antes do amanhecer para colher algodão recebem o pagamento em moedas de madeira ou títulos de plantação, em vez de dinheiro; presidiários acorrentados trabalham nas estradas; e a Ku Klux Klan que pode, a qualquer momento, bater à sua porta.

Nessa realidade, o blues oferece uma fuga e uma cura. A música, que permeia todo o filme, é refúgio e ponte entre o passado e o futuro. Isso é demonstrado de forma magistral em um dos momentos mais belos — e ao mesmo tempo estranhos — do filme, durante a inauguração do empreendimento dos gêmeos. Mas tanta energia positiva, gerada por aqueles que são musical ou metafisicamente talentosos, acaba atraindo seu oposto. E é aí que entra o charmoso e ameaçador Remmick.

Remmick (Jack O’Connell) bate à porta de Bert (Peter Dreimanis) e sua esposa Joan (Lola Kirke) — que logo descobrimos serem membros da KKK —, pedindo ajuda e alegando estar sendo perseguido por “terríveis indígenas”. No entanto, tudo não passa de um disfarce para conseguir ser convidado a entrar na casa deles. O convite selará seus destinos (e também mudará o ritmo da história dali em diante).

Apesar de ser o primeiro trabalho totalmente autoral de Coogler, Pecadores também confirma parcerias de longa data. O compositor Ludwig Göransson e Michael B. Jordan estão presentes em todos os filmes do diretor. O mesmo vale para a montagem de Michael P. Shawver. A direção de fotografia é de Autumn Durald Arkapaw, que também trabalhou em Pantera Negra: Wakanda para Sempre. Enfim, trata-se de um filme em que o entrosamento da equipe é notável e que Ryan conduz como um blues de Buddy Guy (que faz uma pontinha na cena entre-créditos): de vez em quando tem umas notinhas fora, mas ainda assim é uma obra-prima.

P.S.: Tem uma cena pós-créditos que quem gostou do filme, como eu, vai curtir.

P.S.2: Não vou postar teaser nem trailer pois eles têm muita revelação desnecessária. Aliás, façam como eu e não leiam mais nada além dessa resenha, nem assistam os trailers de Pecadores. Apenas vão pro cinema e assistam (no IMAX, se possível).

Escala de tocância de terror:

Título original: Sinners
Diretor: Ryan Coogler
Roteiro: Ryan Coogler
Elenco: Michael B. Jordan, Miles Caton, Delroy Lindo
Origem: EUA
Ano de produção: 2024

* Filme visto em pré-estreia promovida pela Espaço Z no IMAX do UCI Recife

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