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CRÍTICA: Constantine (Episódio Piloto)

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kinopoisk.ru

Por Geraldo de Fraga

Caiu na rede o episódio piloto de Constantine, baseada no personagem criado por Alan Moore para as histórias do Monstro do Pântano e que acabou por ganhar uma revista própria pelo selo Vertigo da DC Comics: a Hellblazer. A série é produzida pelo canal NBC e o piloto foi dirigido por Neil Marshall.

Constantine_Official_Trailer

Como não foi um estreia oficial, façamos um trato: essa não será uma crítica “oficial”. Analisarei a obra sem levar em considerações os aspectos técnicos da série e darei um depoimento pessoal como fã de um personagem do qual acompanho suas histórias desde 1996.

Quando a primeira imagem que surge na tela é a do hospital Ravenscar, temos a esperança de que toda fidelidade à obra (esquecida naquele infame filme com Keanu Reeves) estará presente dessa vez. Mas assim que John Constantine revela que está ali por vontade própria para se curar de um trauma e diz que “trabalha” como exorcista, a felicidade some.

ravenscar-asylum

Para quem não entendeu minha decepção, explico que na história original John foi preso em Ravenscar pelo assassinato de uma garota (que ele não matou, mas foi responsável por invocar o demônio que fez o serviço) e ele nunca trabalhou como exorcista. Sua relação com o ocultismo nunca foi profissional e sim uma herança de família, que ele sempre usou para obter vantagens na vida.

O principal motivo dessas adaptações que modificam a essência das obras é que a indústria de entretenimento precisa de heróis. É por isso que Constantine nunca será nas telas o anti-herói que é nos quadrinhos. Mesmo na TV, onde hoje em dia as amarras comerciais são mais brandas, as coisas precisam ser de fácil digestão para o público em geral.

Algo que deixa isso bem claro é a ausência do cigarro. O vício do personagem em nicotina foi sacado para dar um tom mais leve à trama. Resumindo: não é uma série para os leitores de Hellblazer. Mais uma vez, os fãs foram enganados.

Mas se o cigarro fosse o único ícone da história clássica a ser sacado, dava para aturar. O problema é que se repetem os mesmos clichês das produções de grandes estúdios. Infelizmente, o que se viu também no filme dá as caras por aqui: o clima aventuresco, ao contrário do clima de terror da HQ.

Constantine - Season Pilot

No enredo, ainda em Ravenscar, John recebe um recado do além, enviado por um falecido amigo seu, dizendo que sua filha está em perigo. Constantine parte ao encontro da garota para explicar que o pai dela era seu mentor nas artes ocultas e que um demônio quer vê-la morta antes que ela descubra seus poderes paranormais, escondidos até então, e tenha a idéia de combater o mal. Aliado a isso, um anjo é enviado à Terra para monitorar todo o imbróglio e manter o Céu informado sobre o que se passa.

Matt Ryan é o responsável por dar vida a John Constantine. Ele até convence com sua atuação desleixada, mas só ser loiro, ter sotaque inglês e usar um sobretudo marrom não faz dele o personagem que gostaríamos. Há, porém, um quê de mau-caratismo nele. O final do episódio deixa a entender que Constantine não é mesmo flor que se cheire e que está escondendo alguma coisa. Outra similaridade com a HQ é que seus antigos amigos o detestam e querem distância dele por conta do seu estilo de vida.

Mas tudo isso é muito pouco para empolgar os fãs quando vemos o Constantine “exorcista” citando “Deus Todo Poderoso” para combater as forças das trevas ou ao ficarmos sabendo que Chas Chandler (o eterno escudeiro do mago) tem poderes sobrenaturais.

constantine2-constantine-series-trailer-looks-way-better-than-the-keanu-reeves-film

A série pode até se mostrar melhor que o filme de 2005, mas isso não é parâmetro para satisfazer os leitores de Hellblazer. Pelo caminhado trilhado nesse episódio piloto, vamos acompanhar um Constantine no melhor estilo Scooby-Doo, se metendo em altas enrascadas atrás de demônios e espíritos do mal. Em um momento jabá, digo que a Panini continua publicando as primeiras histórias de Hellblazer. Fique com os quadrinhos que é o melhor que você faz.

Nota: 3,0

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0 Comments

  1. Leonardo Lima

    27 de agosto de 2014 at 20:15

    Eu acho que um dos grandes erros foi tentar agradar o publico oriundo dos cinemas e o publico oriundos dos quadrinhos. É dificil agradar ambos =/
    acho que um seriado que se levasse mais a sério escrito por uma equipe que pesquisa muito sobre essas coisas malignas seria muito legal, algo que ficasse sempre no limite entre o real e esse mundo que ele vive, semelhante ao exorcismo de Emily Rose. infelizmente faltou cacife pra fazer uma serie relevante, voltemos aos quadrinhos!

  2. Doctor Jason

    9 de novembro de 2014 at 09:47

    o cigarro não foi sacado a toa e nem de proposito ! orgãos americanos PROIBEM o tabagismo em TV, e foi dito anteriormente, que a serie NÂO seria adptação de Hellblazer e sim, algo proximo dos novos 52, na minha opinião, ninguem foi enganado

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CRÍTICA: Faça Ela Voltar (2025)

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Faça Ela Voltar

Dois anos após o sucesso de Fale Comigo, chega aos cinemas brasileiros o segundo filme dos irmãos Danny e Michael Philippou. Mais uma vez com distribuição da badalada A24, a dupla agora emplaca Faça Ela Voltar (Bring Her Back), um conto de horror suburbano que aborda o luto.

Após perderem o pai, os irmãos Andy (Billy Barratt) e Piper (Sora Wong) são colocados sob os cuidados de Laura (Sally Hawkins), uma ex-assistente social que faz de sua casa uma espécie de lar adotivo. Além deles, vive no local o menino Oliver (Jonah Wren Phillips), uma criança que não se comunica e possui hábitos estranhos.

Não demora para sabermos que Laura tem segundas intenções. Seu objetivo em acolher os órfãos é trazer o espírito da sua filha de volta e colocá-la no corpo de Piper. Para executar esse plano diabólico ela tem em mãos uma fita VHS que contém, literalmente, o passo a passo de um ritual satânico que, entre outras bizarrices, inclui até canibalismo.

Mitologia escatológica à parte, Faça Ela Voltar é mais sobre o sentimento da perda do que qualquer outra coisa. Mesmo retratada na maior parte do tempo como vilã metódica, Laura ainda deixa transparecer seu lado humano. Uma mulher que não aceita a partida da filha e que acaba deturpando seu amor icondicional, por puro desespero.

A dupla de irmãos também ganha sua cota de drama, quando Laura tenta jogar um contra o outro, pois Andy é um empecilho para o que ela planeja. Nada disso, porém, funcionaria se o trio de protagonistas não estivesse tão afiado. Sally Hawkins, Billy Barratt e Sora Wong conseguem passar credibilidade o tempo todo, seja nos momentos sóbrios ou nos sinistros.

O que nos leva para outro destaque do elenco: o pequeno Jonah Wren Phillips. A transformação pela qual seu Oliver passa ao longo da trama já o elevou ao status de mini ícone do terror do ano. São com eles as cenas mais perturbadoras, em ocasiões que fica quase impossível não desviar os olhos da tela.

A direção dos Philippou em Faça Ela Voltar segue competente, com ótimos enquadramentos e cuidado aos detalhes (preste atenção nos círculos). Como Piper é deficiente visual, a câmara brinca muito com imagens desfocadas, o que faz um paralelo interessante com a condição da personagem.

O roteiro, assinado em parceria com Bill Hinzman, consegue balancear bem o terror e o drama, no entanto deixa um gostinho de quero mais ao esconder muito sobre a origem do ritual. Mas isso é apenas eu reclamando de barriga cheia (o trocadilho fará sentido quando você assistir ao filme).

Escala de tocância de terror:

Título original: Bring Her Back
Direção: Danny Philippou e Michael Philippou
Roteiro: Danny Philippou e Bill Hinzman
Elenco: Sally Hawkins, Billy Barratt e Sora Wong
Origem: Austrália

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CRÍTICA: Prédio Vazio (2025)

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Prédio Vazio

“Quer viver um sonho lindo que eu vivi?
Vá viver a maravilha de Guarapari”

Assim diz a letra da antiga valsinha de Pedro Caetano interpretada por Nuno Roland. Cidade do litoral do Espírito Santo, Guarapari fica bastante animada no verão, especialmente durante o carnaval onde costuma ser muito visitada por turistas. Em baixa temporada acaba sendo uma ótima pedida para curtir alguns dias de descanso, comer um peixe e tomar uma cerveja num quiosque à beira do mar.

E é buscando viver o sonho guarapariense que Marina (Rejane Arruda) resolve juntar-se ao companheiro para curtir a folia de momo no início de “Prédio Vazio“. Porém o sonho começa a virar pesadelo ao se hospedar em um antigo e decrépito edifício onde nada funciona… Enquanto conversa ao telefone com a filha, Marina presencia a morte de uma antiga moradora do prédio e, para completar, descobre que o parceiro a traiu. Ao entrar em uma violenta briga com ele, o embate só não tem um final trágico graças à intervenção da zeladora Dora (Gilda Nomacce) que nocauteia o brutamontes com um martelo.

Preocupada com a mãe, Luna (Lorena Corrêa) decide ir para Guarapari e o simpático e apaixonado Fábio (Caio Macedo), mesmo contra a vontade dela, vai junto. Lá chegando, dão de cara com a porta do Edifício Magdalena que, com o final da temporada, parece completamente vazio. Dando um “jeitinho” de conseguir entrar no prédio o casal vai descobrir da pior forma que, contrariando o título do filme, o prédio de vazio não tem nada!

O diretor Rodrigo Aragão, que o Toca o Terror acompanha a obra há muito tempo (a gente exibiu A Noite do Chupacabras em 2013!) e também já teve o prazer de encontrar e bater papo algumas vezes, dessa vez resolve contar uma história mais urbana, ambientada em sua cidade natal.

Rodrigo, entre quilos de maquiagem e galões de sangue falso, gosta de abordar algumas temáticas sociais e em Prédio Vazio não fez diferente. O filme além de ser um conto de fantasmas, também é uma crítica ao desmatamento e consequente crescimento urbano desenfreado. “Um desperdício de espaço” como diz o motorista que leva Luna e Fábio ao amaldiçoado edifício.

O decadente Edifício Magdalena, fruto da direção de arte de Priscilla Huapaya, remete aos filmes de Bava e Argento, com seus vitrais coloridos dando deixa para a fotografia de Alexandre Barcelos usar uma paleta com tons esverdeados e/ou avermelhados nos personagens. O prédio, obviamente, também traz similaridades ao elevador e os corredores de “O Iluminado“, de Stanley Kubrick. Algumas das mortes (das agora almas atormentadas) que nos são apresentadas por flashbacks ou pelo prólogo, como é o caso do simpático casal de velhinhos, impactam pela caprichada maquiagem e efeitos práticos com a assinatura do parceiro de longas datas, Joel Caetano, e supervisionadas pelo próprio diretor.

Algumas coisas infelizmente não funcionam tão bem em “Prédio Vazio“: a montagem, que só engata no último terço do filme, quando a obra abraça aspectos mais surreais. Em relação ao elenco, o casal protagonista não tem uma química muito boa apesar dos personagens funcionarem de forma independente e algumas escolhas estéticas também não me agradaram (aí é questão pessoal). Mas isso não atrapalha o conjunto da obra que é mais uma mostra do comprometimento, esmero e amor ao gênero que o diretor tem mostrado em toda sua carreira.

Curiosidades: O filme faz parte de um projeto chamado “Filme-Escola” onde Aragão aproveita a realização da obra para ensinar um grupo de alunos a fazer cinema (dessa vez foram mais de 100 pessoas!). Os fãs poderão perceber vários easter eggs remetendo a outros filmes do “Aragãoverso”, como “O Cemitério das Almas Perdidas” e “A Mata Negra“. Houve ainda a estreia da filha mais nova do casal Rodrigo Aragão e Mayra Alarcón (que também faz uma pontinha em uma cena em que sai do elevador), Alícia Margarida Aragão.

Prédio Vazio, que estreou no 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, recebeu o Prêmio Retrato Filmes de distribuição no valor de R$ 100.000,00 (Cem mil reais), garantindo sua chegada aos cinemas no próximo 12 de junho. Prestigiem!

Escala de tocância de terror:

Título original: Prédio Vazio
Diretor: Rodrigo Aragão
Roteiro: Rodrigo Aragão
Elenco: Rejane Arruda, Gilda Nomacce, Lorena Corrêa e Caio Macedo
Origem: Brasil
Ano de produção: 2024

* Filme visto em pré-estreia promovida pela Sinny Comunicação e Retrato Filmes

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CRÍTICA: O Ritual (2025)

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O Ritual

Jesus, às vezes, se disfarça de filme ruim pra testar a bondade dos homens. Só isso explica a existência de O Ritual (The Ritual, 2025), escrito e dirigido por David Midell. Essa presepada é mais uma produção que se apresenta sob a alcunha de “baseada numa história real”, que inclusive teria inspirado William Peter Blatty a escrever O Exorcista. Ok, vamos lá.

No ano de 1928, na cidade de Earling, em Iowa, uma jovem chamada Emma Schmidt (Abigail Cowen) está encapetada já há um certo tempo. Para resolver essa peleja de uma vez por todas, a igreja católica convoca o sacerdote Theophilus Riesinger (Al Pacino). Nessa missão, ele terá ao seu lado o padre Joseph Steiger (Dan Stevens) e a freira Rose (Ashley Greene).

Theophilus Riesinger e Joseph Steiger realmente existiram e o exorcismo de Emma Schmidt é considerado um dos casos de possessão mais documentados do século XX, incluindo até uma reportagem na revista Time. Mas isso tem no Wikipedia, aqui você vai ficar sabendo como David Midell conseguiu fazer um dos piores filmes de terror do ano.

Para início de conversa, o longa é um festival de clichês. Prepare-se para ver uma jovem amarrada na cama, sofrendo com chagas e feridas, gritando blasfêmias e fazendo objetos se moverem com a força da mente; enquanto os mocinhos rezam e mostram crucifixos.

Depois de tantos filmes de exorcismo, o público até se conforma que verá esse tipo de dinâmica, o problema é que o roteiro nem sequer tenta trazer um mínimo de criatividade. Pior, ele copia a mesma relação padre experiente/padre inexperiente de O Exorcista, incluindo aí uma morte traumática na família do personagem mais jovem.

(Pessoas de bom coração dirão que não tem como fugir, já que foi essa história que inspirou o livro, mas a gente sabe que isso é balela).

Há também o fato de que todos os protagonistas são apresentados em minutos, o que faz com que nenhum drama realmente importe para o espectador. Nem mesmo a pobre da possuída desperta nossa simpatia. E quando o demônio usa os traumas dos personagens contra eles (outra clichê do gênero), isso tem zero impacto, pois… ninguém liga.

Visualmente, O Ritual também é sofrível. A maquiagem é até competente, mas nada marcante. A fotografia é podre e, não satisfeito em falhar como roteirista, David Midell também teve as piores escolhas na direção, com uma INJUSTIFICADA câmera na mão, para dar às cenas um ar documental (Talvez? Sei Lá!).

No meio dessa lambança toda, duas boas ideias surgem. Um suposto affair entre o padre Steiger e irmã Rose; e como o exorcismo está impactando a pequena comunidade rural, com pessoas em pânico e animais morrendo. No entanto, nada disso vai adiante.

E se você chegou até aqui perguntando o que levou Al Pacino a entrar nessa barca furada, nem Jesus sabe a resposta. Em um determinado momento seu personagem abre a boca para dizer: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”. Sim, meteram essa frase em 2025, esperando causar impacto. Que Deus te elimine.

Escala de tocância de terror:

Direção: David Midell
Roteiro: David Midell
Elenco: Al Pacino, Dan Stevens e Ashley Greene
Origem: EUA

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