Críticas
CRÍTICA: Skinwalker Ranch (2013)
Por Geraldo de Fraga
O estilo Found Footage sempre é lembrado pelo Toca o Terror, devido à grande quantidade de produções do tipo realizadas hoje em dia. Tanto que rendeu até um podcast inteiro sobre esse, digamos, subgênero do horror, além de algumas críticas aqui no blog, como Frankenstein’s Army e V/H/S.
Só que mais difícil do que encontrar uma fita perdida, é achar algum filme que presta no meio de tanta porcaria. E com Skinwalker Ranch (2013) não foi diferente. Dirigido por Devin McGinn e escrito por Adam Ohler, o longa americano conseguiu piorar o histórico do estilo Found Footage a um nível irritante.
Dei uma pesquisada nos sites da vida, mas terminou que eu não entendi se o tal rancho realmente existe ou se o local foi inspirado em uma fazenda que fica no estado de Utah, onde um monte de fenômenos inexplicáveis acontecem desde os anos 60. Mas, enfim, não é isso que interfere no desenvolvimento da fita.
Partindo desse “baseado em fatos reais”, uma das maiores balelas do marketing de filmes de terror, Adam Ohler escreveu um roteiro onde coloca uma equipe de cientistas, auxiliado por um jornalista investigativo, para filmar tudo que acontece no lugar. No rancho, três anos antes, o filho do proprietário foi, supostamente, abduzido e o pai ainda vive no lugar servindo de anfitrião para os estudiosos e procurando respostas sobre o que houve com o menino.
Assim que os investigadores se instalam nas dependências da casa, um monte de coisas estranhas começam a acontecer. Os eventos vão desde morcegos chocando-se no teto, luzes esquisitas do lado de fora e uma aparição do garoto abduzido correndo pela cozinha. Tudo isso mostrado para o espectador através da câmera do incansável cinegrafista da equipe e das câmeras de segurança instaladas dentro e fora da casa.
O roteiro simples demais poderia ter sido compensado com boas cenas, mas Devin McGinn parece que nem se deu ao trabalho de usar algo muito importante em um filme: criatividade. O longa é cansativo, monótono e cheio de clichês. O diretor ainda peca em algo primordial em se tratando de Found Footage: a edição. Não se vê uma “falha” nas continuidades das cenas, coisa que, em se tratando desse tipo de produção, é quase obrigatória para manter sua suposta veracidade. Mas não para por aí. Os atores são péssimos. E não apenas os protagonistas, todos. Se o diretor achou que má atuações trariam um ar mais verídico, quebrou a cara. Precisa ser bom ator para fingir ser alguém sendo um mau ator.
Falei no parágrafo anterior que o argumento do longa é simples, mas também é fraco. O roteiro não nos reserva nenhuma surpresa, nem nos dá alguma informação relevante ou traz qualquer reviravolta na trama. Só vemos um monte de gente correndo do perigo e fugindo, correndo do perigo e fugindo, correndo do perigo e fugindo…. até chegarmos a um final previsível e que não nos diz nada.
Para não dizer que nada se salva em Skinwalker Ranch, os efeitos especiais funcionam, principalmente o lobo gigante (sim, tem um lobo gigante em um filme sobre alienígenas) e o ET que inferniza a vida dos jovens cientistas. Se bem que, já falei isso em outras críticas, a computação gráfica fica sempre mais bem feita quando é inserida em uma imagem de câmera caseira, mesmo que o CG não seja espetacular.
Por conta dessa série de trapalhadas, Skinwalker Ranch figura entre os exemplares mais descartáveis do gênero Found Footage. Veja por sua conta e risco, afinal, como o filme tem apenas 1h20 não será lá uma enorme perda de tempo. Porém, existe uma grande possibilidade de você querer ser abduzido durante os créditos finais para nunca mais ter que ver um filme desse naipe.
Nota: 2,0
Direção: Devin McGinn, Steve Berg
Roteiro: Steve Berg, Ken Bretschneider
Elenco: Britani Bateman, Taylor Bateman, Steve Berg
Origem: EUA
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Críticas
CRÍTICA: Presença (2025)
No fim de 2024, o anúncio do novo filme de Steven Soderbergh surge dando o que falar. Primeiro por se tratar de um filme de gênero do diretor e, segundo, por prometer nos colocar literalmente no ponto de vista do malassombro.
Em PRESENÇA (Presence), acompanhamos a rotina de uma família que acaba de chegar de mudança, porém nunca saímos da casa, pois, como dito, vemos tudo pelo olhar da presença sobrenatural que ali habita. Nesta dinâmica, vagamos com o fantasma por todos os cômodos, sempre procurando ficar perto dos personagens, ora evitando ser notado, ora interagindo com o ambiente.
É interessante que de início temos uma estranheza por estarmos no ponto de vista da tal presença, mas não demora pra nos acostumarmos ao ponto de chegarmos a ser o malassombro em si. É legal que suas – ou seriam nossas? – Interações físicas com as personagens e ambiente são simples, eficazes e críveis. Detalhe que a câmera não flutua, mas anda com movimentos humanos reforçando sempre que este personagem existe em cena.
Seteven Soderbergh é um cineasta com uma longa trajetória no audiovisual. Desde a década de 80 vem realizando vídeos clipes, curtas, séries, filmes etc, somando mais de 40 anos de carreira com produções undergrounds e mainstreams, sempre buscando experimentar formatos com muito apuro estético. Como o parâmetro geral é o Oscar, ele já teve 3 indicações, vencendo em 2001 pela direção de TRAFFIC. Para além, ele tem muitos filmes conhecidos como ONZE HOMENS E UM SEGREDO, 2 longas sobre Che Guevara (um deles com Rodrigo Santoro no elenco), CONTÁGIO, que foi amplamente revisitado durante a pandemia da COVID-19, um remake de SOLARIS e muitos outros.
Aqui em PRESENÇA, o cineasta também busca experimentar. Agora com uma câmera de mão e uma lente 14mm que funciona como o olhar do espírito – e nosso! – que passeia pelos cômodos da casa. O uso de mínimo de equipamentos não é uma novidade na filmografia de Soderbergh. Vide o seu interessante DISTÚRBIO (Unsane, 2017), também de terror, que foi filmado só com um iPhone 7.
Estamos diante de um caso raro em que a busca pelo realismo funciona sem perder a magia. Soderbergh trabalha o drama familiar de uma forma tão palpável que beira a realidade. Os diálogos soam naturais e precisos, rendendo momentos legitimamente ternos e tensos. Apesar de termos a veterana Lucy Liu, que vive a mãe, no elenco, é focada na sua filha Cloe, vivida por Callina Liang, na qual todas as motivações pairam. Os outros arcos das demais personagens são muito bem trabalhados também.
Apesar das qualidades, nem tudo é legal aqui. Por exemplo, o excesso de cortes secos com longas pausas em tela preta que sinalizam saltos temporais. Isso não seria um problema se não fosse pela quantidade e em curtos espaços de tempo. Essas interrupções constantes podem incomodar e até tirar da imersão pretendida que vinha sendo bem construída. Algo que também pode desagradar, é a simplicidade de toda situação. Pra quem espera sequências mais elaboradas, tão comuns e esperadas em filmes da mesma temática, a falta de muita “pirotecnia” pode soar frustrante.
Simples, direto e eficaz, PRESENÇA acerta o tom dentro do formato proposto, entregando exatamente o que promete sendo um ótimo começo de ano para o terror. Sem contar que é sempre bom ver cineastas de longa data se aventurando em filmes “menores” e de gênero.

Título original: Presence
Diretor: Steven Soderbergh
Roteiro: David Koepp
Elenco: Lucy Liu, Chris Sullivan, Callina Liang
Origem: EUA
Ano de produção: 2024
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Críticas
CRÍTICA: Desconhecidos (2025)
A graça de ver filmes em uma narrativa não-linear é que a todo instante nossa atenção está em jogo para ligar os pontos e entender melhor a história como um todo. É com base neste recurso de edição que “Desconhecidos” (Strange Darling) de JT Mollner se dá bem.
É explicado desde o início que esta é uma história em seis capítulos. Sendo que o filme já começa no Capítulo 3! E esta é justamente uma das sequências mais instigantes do longa para prender a atenção do espectador desde o começo.
O lance, é que nesta aparente perseguição entre homem e mulher em alta velocidade, sabemos muito pouco sobre cada um deles. A introdução de quem é quem e suas motivações só aparece na parte 5 de “Desconhecidos“, que equivale ao “Capítulo 2”.
Pode parecer confuso, mas funciona como um slasher também. Ainda assim, a Miramax que lançou o filme não estava botando fé e tentou na pós-produção organizar o filme em um formato convencional na ordem em que as cenas ocorrem sem consentimento do diretor.
Diante dessa briga, JT Mollner retomou as rédeas da obra se apegando a cláusulas contratuais. E foi possivelmente por conta desse impasse que estamos vendo este filme sendo lançado tão tardiamente.
Mesmo passando metade de “Desconhecidos” sem termos certeza de quem está com razão ou quem é a real vítima, a atuação de Willa Fitzgerald é a que engrandece um filme com um roteiro aparentemente tão simples, mas cheio de reviravoltas. Mas se o título nacional se refere de forma vaga aos principais personagens, isso também se deve porque eles não tem nome na trama. Foi até uma boa sacada.
Veja sem ficar com pé atrás e curta a diversão regada a sangue e muitos tiros.

Título original: Strange Darling
Diretor: JT Mollner
Roteiro: JT Mollner
Elenco: Willa Fitzgerald, Kyle Gallner, Madisen Beaty, Barbara Hershey e outros
Ano de lançamento: 2025
* Filme visto em Cabine de Imprensa virtual promovida pela Espaço Z e Paris Filmes
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Críticas
CRÍTICA: Entre Montanhas (2025)
Diretor de O Exorcismo de Emily Rose, Livrai-nos do Mal e O Telefone Preto, é inegável que Scott Derrickson transformou seu nome numa pequena grife. Com um currículo recheado de filmes medianos, mas lucrativos, foi nele que a Apple TV apostou para comandar Entre Montanhas (The Gorge, 2025), escrito por Zach Dean, autor de A Guerra do Amanhã e Velozes & Furiosos 10.
Na trama, acompanhamos dois snipers excepcionais que são recrutados para passarem um ano vigiando um desfiladeiro num lugar remoto, cuja localização é desconhecida de ambos. Levi (Miles Teller) é um ex-fuzileiro americano, deprimido e sem amigos. Drasa (Anya Taylor-Joy) é uma mercenária bielorrussa em luto pela morte do pai.
Descobrimos então que o tal precipício é o lar de criaturas maléficas e que a missão deles é impedir que as coisas saiam do buraco. Eles, porém, não estão juntos, cada um fica de um lado do abismo, isolado em sua própria torre, armados até os dentes, mas impedidos de se comunicarem.
Essa regra, claro, é quebrada. Aí rola uma química, uma paquera, o casal se apaixona e resolve se encontrar. Quando os monstros promovem um ataque pesado e eles precisam agir juntos, Entre Montanhas vira uma mistura de Sr. & Sra. Smith com Resident Evil, que passeia por vários gêneros: terror, ficção científica, ação e comédia romântica.
O problema é que, em nenhum deles, o filme empolga. E olhe que são quase duas horas e um roteiro que entope o longa com várias revelações. Scott Derrickson até nos brinda com uma cena boa, aqui e ali, e a dupla de protagonistas se esforça para nos dar um casal com um mínimo de química.
Só que a história de Zach Dean funcionaria melhor como um videogame, onde a jogabilidade preencheria o espaço da ação. Apenas assisti-la é totalmente desinteressante. A sub-trama sobre quem comanda a vigilância do desfiladeiro ainda deixa a participação de Sigourney Weaver subaproveitada.
Entre Montanhas começa com uma premissa interessante, um bom background dos personagens, mas quando o bicho pega é uma repetição de tudo que a gente já viu. Isso nem seria ruim, se fosse uma repetição de tudo que a gente já viu e gostou. Com ação genérica e soluções fáceis, é só tédio mesmo.

Título original: The Gorge
Direção: Scott Derrickson
Roteiro: Zach Dean
Elenco: Anya Taylor-Joy, Miles Teller e Sigourney Weaver
Origem: EUA e Inglaterra
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