Críticas
CRÍTICA: Big Bad Wolves (2013)

Por Geraldo de Fraga
Quando Quentin Tarantino, conhecido fã de filmes exploitation, elege um filme como o “melhor do ano”, fica difícil não assisti-lo cheio de expectativa. Big Bad Wolves (2013), produção israelense falada em hebraico, dirigida por Aharon Keshales e Navot Papushado, foi escolhida pelo diretor de Kill Bill como a melhor coisa vista por ele, no ano passado.
Esse é o segundo longa da dupla que também foi responsável pelo elogiado Rabies (Kalevet, 2010). Em ambos, além da direção, eles assinam o roteiro. Nessa nova empreitada, acompanhamos a história de um assassino em série que ataca garotinhas em Tel Aviv.
Com um furo gigantesco no roteiro, o filme pula da cena inicial, quando vemos uma criança desaparecer em meio a uma brincadeira de esconde-esconde, para um interrogatório informal onde os policiais responsáveis pelo caso espancam um suspeito. Digo furo, porque em momento algum o filme mostra algum motivo plausível para que o personagem, chamado de Dror, seja acusado dos crimes.

Enfim, como nada é provado, Dror tem que ser liberado. Porém, para o azar dos policiais, alguém filma o espancamento e posta o vídeo no Youtube. Como se não bastasse, a situação piora quando o corpo da última garota desaparecida é encontrado. É nessa hora que sabemos que o serial killer abandona os cadáveres decapitados e as cabeças nunca são achadas.
Essa série de desventuras faz com que o detetive Micki, responsável por conduzir as investigações, seja suspenso das suas atividades policiais. Mas o mesmo oficial que lhe afastou, sob a justificativa de que “se viu obrigado a puni-lo” sugere que ele continue a investigar por conta própria, na tentativa desesperada de achar logo o assassino.
Com o aval do chefe, Micki sequestra Dror e o leva para uma área isolada, afim de arrancar uma confissão na base da porrada. Só que nessa hora aparece outro interessado em fazer justiça com as próprias mãos. No caso, Gidi, pai da última menina encontrada.

A partir daí a trama se passa quase toda no sótão da casa de Gidi. Enquanto o pai, devastado pela perda da filha, quer repetir com o suspeito toda a tortura que o assassino impôs à menina, Micki se vê no dilema entre seguir a lei como um policial ou ajudar Gidi em sua vingança pessoal. Acuado, Dror nega o crime o tempo todo e, notando a crise de consciência do detetive, tenta convencê-lo de sua inocência.
Big Bad Wolves é sim um bom filme. O longa consegue alternar momentos tensos com várias cenas de humor negro, sem cair no ridículo. O final ainda guarda para o expectador uma reviravolta bem amarrada. As doses de sangues são poupadas, mas quando necessárias, se mostram intensas na medida certa.
Porém, a atuação de Rotem Keinan (Dror) fica devendo e muito. O sujeito não consegue em nenhum momento passar o desespero de alguém que está sendo torturado e ameaçado de morte o tempo inteiro. Aliás, com exceção do experiente Doval’e Glickman (cujo personagem omitirei para não dar spoilers), ninguém está muito bem afiado.
Talvez Quentin Tarantino, assim como nós aqui do Toca o Terror, esteja tão saturado de tantas porcarias produzidas ultimamente que fique encantado com qualquer lampejo de criatividade e sai elegendo filmes do naipe de Big Bad Wolves como obras primas por aí. Só que a gente aqui do podcast é um pouco mais exigente.
Nota: 6,5
Direção: Aharon Keshales, Navot Papushado
Roteiro: Aharon Keshales, Navot Papushado
Elenco: Lior Ashkenazi, Rotem Keinan, Tzahi Grad
Origem: Israel
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CRÍTICA: Bom Menino (2025)

O filme que viralizou nos últimos meses, graças ao seu protagonista canino em um filme de terror, estreia em pleno Halloween, nos cinemas nacionais. No entanto, “Bom Menino” (Good Boy) não se resume apenas à fofura do doguinho (e adianto que ele é muito fofo mesmo).
Na trama, acompanhamos Indy, um cachorro leal que se muda com seu tutor para uma casa no meio da floresta, após o homem enfrentar um sério problema de saúde. O cão percebe imediatamente que há algo de errado com o local, e, com o tempo, essas manifestações sobrenaturais colocarão suas vidas em perigo.
Indy é, indiscutivelmente, a estrela do filme. Garanto que muitos atores gostariam de ter metade de seu carisma e presença de tela. Em poucos minutos de projeção, já estamos torcendo por ele. O trabalho de adestramento foi impecável, e é difícil imaginar o esforço que o realizador, que também é o tutor real do animal deve ter tido. Desde as cenas de afeto até as de terror, nota-se o cuidado e a boa realização em “Bom Menino“.

O diretor acerta ao usar enquadramentos e jogos de câmera quase sempre na perspectiva de Indy. Em alguns momentos, me lembrei do desenho dos Muppets Babies, em que nunca vemos o rosto da babá, embora aqui, em planos mais convencionais, sejam mostrados vislumbres ou o rosto inteiro dos personagens humanos.
O terror aqui é mais contido: uma sombra aqui e ali, vultos passageiros, mas sem o uso de trilha sonora alta ou aparições exageradas. O ritmo é lento, e a ambientação vai da casa inicialmente decrépita à mata semienevoada, com suas árvores sinistras.
Temos um longa envolto a uma atmosfera de desconforto e medo. Não espere sustos frequentes e jumpscares. Eles existem, mas em quantidade bem menor.

Apesar de em termos técnicos, a coisa funcionar, nem tudo são flores. Mesmo sendo um filme curto, com pouco mais de 70 minutos, é possível notar que a história seria mais bem contada em um curta ou média-metragem. Existem recursos narrativos que se repetem pelo menos três vezes em uma clara tentativa de esticar a duração.
A trama é a clássica da casa mal-assombrada, e a verdadeira inovação está em ser contada sob a perspectiva do cachorro. É algo eficiente que não teria o mesmo destaque se fosse narrada por humanos.
“Bom Menino” é uma agradável surpresa neste ano, dando novo fôlego a uma história que já vimos inúmeras vezes. Indy é um poço de carisma e fofura. Podem assistir sem medo, mas não espere um filme de gritos e sustos constantes.
Título original: Good Boy
Direção: Ben Leonberg
Roteiro: Ben Leonberg e Alex Cannon
Elenco: Indy, Shane Jensen, Arielle Friedman
* Filme visto em Cabine de Imprensa virtual promovida pela Espaço Z
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CRÍTICA: Medo Real (2025)

Nesta temporada de Halloween de 2025, a Netflix trouxe para seus assinantes a série documental “Medo Real” (True Haunting), que aborda dois casos sobrenaturais ocorridos na história recente dos EUA. A produção ainda tem a grife de James Wan para agregar mais valor, mas será que vale seu tempo ou está mais para um derivado sem graça de tantas outras obras sobrenaturais?

As histórias mostradas são:
– O Caso de Erie Hall: Nos anos 80, um jovem promissor consegue entrar numa renomada faculdade de NY. Entre estudos e farras, o jovem começa a ser assediado por uma força sobrenatural que cerca o local e que, com o tempo, se mostra uma ameaça a todos que o cercam.
– Essa Casa Me Matou: Mostra uma família que se muda para a casa dos sonhos e acaba descobrindo que é um lar de pesadelos.
Esses eventos são mostrados ao longo de cinco episódios – três para o primeiro caso e dois para o segundo, respectivamente. A série conta com a presença de vários envolvidos, e seus relatos são dramatizados.
Embora seja em caráter documental, é inegável a influência da série de filmes “Invocação do Mal” nos momentos de dramatização. Inclusive, o casal Warren faz uma rápida participação em um dos casos (claro, interpretado por outros atores). O tom e a trilha sonora remetem muito aos filmes famosos, mas com uma vibe mais contida. Não espere sustos a cada cinco minutos.

“Medo Real” tem alguns bons momentos exatamente por não optar por exageros, embora eles também existam, o que demonstra a indecisão dos realizadores sobre o tom que queriam dar ao material. A forma de conduzir as histórias lembra programas como “Linha Direta” e as matérias sobrenaturais vistas no “Domingo Legal” nos anos 90. Sim, existem programas assim no exterior, e inclusive alguns produtores daqui são desse tipo de programa, mas quis usar exemplos nacionais.

No geral, a série é bacana, servindo mais como uma diversão escapista do que algo sério e relevante. Não existem contrapontos para a história, e, para mim, essa é a pior falha – não dá para acreditar em tudo o que é mostrado como verdade absoluta.
Finalizando, “Medo Real” é uma série relativamente curta, com episódios de cerca de 30 minutos, que se mostra superior (mas nem tanto) ao que normalmente chega ao catálogo de originais da Netflix quando o assunto é terror.
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CRÍTICA: Faça Ela Voltar (2025)

Dois anos após o sucesso de Fale Comigo, chega aos cinemas brasileiros o segundo filme dos irmãos Danny e Michael Philippou. Mais uma vez com distribuição da badalada A24, a dupla agora emplaca Faça Ela Voltar (Bring Her Back), um conto de horror suburbano que aborda o luto.

Após perderem o pai, os irmãos Andy (Billy Barratt) e Piper (Sora Wong) são colocados sob os cuidados de Laura (Sally Hawkins), uma ex-assistente social que faz de sua casa uma espécie de lar adotivo. Além deles, vive no local o menino Oliver (Jonah Wren Phillips), uma criança que não se comunica e possui hábitos estranhos.
Não demora para sabermos que Laura tem segundas intenções. Seu objetivo em acolher os órfãos é trazer o espírito da sua filha de volta e colocá-la no corpo de Piper. Para executar esse plano diabólico ela tem em mãos uma fita VHS que contém, literalmente, o passo a passo de um ritual satânico que, entre outras bizarrices, inclui até canibalismo.

Mitologia escatológica à parte, Faça Ela Voltar é mais sobre o sentimento da perda do que qualquer outra coisa. Mesmo retratada na maior parte do tempo como vilã metódica, Laura ainda deixa transparecer seu lado humano. Uma mulher que não aceita a partida da filha e que acaba deturpando seu amor icondicional, por puro desespero.
A dupla de irmãos também ganha sua cota de drama, quando Laura tenta jogar um contra o outro, pois Andy é um empecilho para o que ela planeja. Nada disso, porém, funcionaria se o trio de protagonistas não estivesse tão afiado. Sally Hawkins, Billy Barratt e Sora Wong conseguem passar credibilidade o tempo todo, seja nos momentos sóbrios ou nos sinistros.
O que nos leva para outro destaque do elenco: o pequeno Jonah Wren Phillips. A transformação pela qual seu Oliver passa ao longo da trama já o elevou ao status de mini ícone do terror do ano. São com ele as cenas mais perturbadoras, em ocasiões que fica quase impossível não desviar os olhos da tela.

A direção dos Philippou em Faça Ela Voltar segue competente, com ótimos enquadramentos e cuidado aos detalhes (preste atenção nos círculos). Como Piper é deficiente visual, a câmara brinca muito com imagens desfocadas, o que faz um paralelo interessante com a condição da personagem.
O roteiro, assinado em parceria com Bill Hinzman, consegue balancear bem o terror e o drama, no entanto deixa um gostinho de quero mais ao esconder muito sobre a origem do ritual. Mas isso é apenas eu reclamando de barriga cheia (o trocadilho fará sentido quando você assistir ao filme).
Título original: Bring Her Back
Direção: Danny Philippou e Michael Philippou
Roteiro: Danny Philippou e Bill Hinzman
Elenco: Sally Hawkins, Billy Barratt e Sora Wong
Origem: Austrália
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gwpj000
14 de fevereiro de 2014 at 16:14
Filme bem diferente, só nos da uma opção desde o inicio e faz você ficar esperando que um elemento a mais apareça enquanto as piadas continuam…
Não havia nenhuma pista, só um suspeito e um novo conto de fadas a ser transmitido.
Geraldo de Fraga
14 de fevereiro de 2014 at 23:57
Gostei do filme, mas achei que ficou devendo um algo a mais…