Críticas
CRÍTICA: Uma Noite de Crime (2013)

[Por Jarmeson de Lima]
Em um futuro não tão longínquo assim, uma vez a cada ano, o crime está liberado nos Estados Unidos por 12h. Isso mesmo, qualquer ato criminoso, assalto, agressão ou homicídio agora é permitido e nem Polícia, Bombeiros ou Ambulâncias vão socorrer ninguém neste período. Esta foi uma solução encontrada pelo novo governo norte-americano para equilibrar a tensão social existente no país em meio a uma próspera economia.
É nos contextualizando destes fatos que começa “Uma Noite de Crime” (The Purge), que estreia nesta semana no Brasil após ter sido lançado há alguns meses no exterior. A ideia do filme, que a princípio parece incomum, e é, leva a gente a uma série de questionamentos quanto a segurança pública, o bem-estar social e a ilusão de que basta haver equipamentos de vigilância e alarme em cada casa para deixar todo mundo à salvo em ilhas de felicidade.

Mas ao invés de ampliar o foco e correr o risco de não se aprofundar muito sobre esta “Noite de Crime“, o diretor James De Monaco, optou por centrar a trama em uma família e sua mansão durante esta fatídica data. A mansão, neste caso, fica em um condomínio de luxo onde os vizinhos sabem da vida uns dos outros e não necessariamente são todos amigáveis. E neste Carnaval do Mal, onde tudo é permitido, uma rixa ou mal entendido entre conhecidos pode resultar em coisas bem piores. Afinal, a “Noite de Crime” serve pra isso, pra “aliviar” as tensões e expurgar a violência humana, liberando o seu lado selvagem.
E assim como acontece no Carnaval, alguns personagens aproveitam o momento para se realizarem e fazerem aquilo que sempre tiveram vontade. O que inclui até uma caça a mendigos e sem-tetos (muito embora tenha gente aqui que não precise nem de data ou desculpa para fazer isso). Mas o pai de família da trama, interpretado por Ethan Hawke, ao contrário, não quer fazer nada disso. Quer apenas passar uma noite segura dentro de casa com sua esposa e filhos, por mais que o clima não seja propício.
Eis que o filho mais novo, num acesso de bondade ou justiça social, vê pelas câmeras de vigilância durante o período da noite, um mendigo que está pedindo ajuda na rua e resolve dar abrigo a ele. Os pais, obviamente, percebem isso tarde demais e ficam horrorizados e sem saber como lidar com a situação. Só que o pior ainda está por vir. O grupo de adolescentes que estava na caçada ao sem-teto vai até a mansão e ameaça a família: ou entrega o mendigo, ou a gente vai invadir a casa e mata vocês. Um grande dilema para testar os limites éticos dos personagens que até então viviam sem muitas emoções na vida.

A partir deste ponto, o filme vira uma espécie de “Assalto à 13ª DP” versão Classe Média. Não por acaso, o diretor também co-produziu e foi roteirista do remake do clássico de John Carpenter. Com isso, veremos muito tiro, violência, brigas e acerto de contas entre “amigos”, vizinhos e conhecidos presenciando um banho de sangue por várias horas da noite até que o dia chegue e eles voltem à vida normal.
A premissa do filme é tão boa, que mesmo com sua execução mediana e clichês de filme de ação e suspense, isso não estraga tanto o resultado. O mérito do filme talvez seja jogar estas ideias na tela grande e impressionar os novos-reaças com as consequências do que seria um modelo “ideal” de desenvolvimento e bem-estar social. Afinal, como diz a filha após presenciar o horror da selvageria humana: “depois disso, nada mais vai ficar bem de novo”.
Nota: 6,5
Título original: The Purge
Direção: James DeMonaco
Roteiro: James DeMonaco
Elenco: Ethan Hawke, Lena Headey e Max Burkholder
Origem: EUA e França
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Críticas
CRÍTICA: Predador – Terras Selvagens (2025)

Dan Trachtenberg se empolgou tanto com a franquia Predador que, só em 2025, o diretor lançou duas produções sobre o alienígena caçador. Depois da animação Assassino de Assassinos, temos agora Predador: Terras Selvagens (Predator: Badlands), que chega aos cinemas nesta quinta-feira.
Para quem não lembra, Trachtenberg já havia revivido o personagem em O Predador: A Caçada, mantendo a mitologia criada nos dois primeiros filmes (com Arnold Schwarzenegger, em 1987; e Danny Glover, em 1990). A pegada no mais recente longa, porém, dá um ‘duplo twist carpado’.

Ao invés de antagonista, o Predador é quem acompanhamos em Terras Selvagens. Dek (Dimitrius Schuster-Koloamatangi) é um jovem extraterrestre da raça Yautja. Como todo membro dessa espécie, ele precisa passar por um ritual de caça para obter lugar em seu clã.
Dek, no entanto, não é um dos mais atléticos da sua linhagem. Assim, para provar de uma vez por todas o seu valor como guerreiro, ele resolve enfrentar Kalisk, um super monstro que é supostamente imortal.
O problema é que esse bichão vive em um planeta onde existe uma centena de ameaças tão grandes quanto ele. Nessa saga, Dek vai contar com a ajuda de Thia (Elle Fanning), uma androide avariada que ele encontra no meio do caminho.

A ideia de acompanhar o ETzão numa jornada nem é tão novidade (algo parecido já havia acontecido no famigerado Alien vs. Predador). Mas vê-lo alçado à categoria de anti-herói. lutando por justiça e fazendo amizades é bem esquisito.
Antes de qualquer coisa, falta carisma a Dek (e nem é pela clássica feiura da criatura). Pela personalidade do Predador, estabelecida ao longo dos anos, não é possível lhe atribuir características clássicas de protagonista, como senso de humor ou transparência emotiva.
A interação com a sintética Thia tenta dar uma carga dramática à história, e por vária vezes servir de alívio cômico, só que fica bem deslocado. Também é preciso muita força de vontade para acompanhá-lo numa peregrinação que culminará apenas num objetivo pessoal.

Predador: Terras Selvagens, todavia, não é um estudo de personagem, então vamos à ação e efeitos especiais. Infelizmente, também não são lá grande coisa. O planeta Genna é até decepcionante, o design de produção foi bem preguiçoso na criação da fauna local e nenhum dos monstrengos é muito marcante. Nem a conexão com a franquia Alien (a Weyland-Yutani aparece como oponente) enche os olhos, poderia ser qualquer megacorporação do mal que tava ok.
Não dá para dizer, apesar de tudo isso, que Dan Trachtenberg estragou a franquia. Mas, ao final, fica muito óbvio que a intenção do realizador é levar a trama para uma espécie de aventura espacial, numa vibe mais próxima de filme de super herói do que de terror sci-fi de carnificina. Eu prefiro o Predador caçando e desmembrando humanos do que pagando de íntegro, porém fica a critério de cada um.
Direção: Dan Trachtenberg
Roteiro: Patrick Aison
Elenco: Elle Fanning, Dimitrius Schuster-Koloamatangi e Reuben de Jong
Origem: EUA
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CRÍTICA: Bom Menino (2025)

O filme que viralizou nos últimos meses, graças ao seu protagonista canino em um filme de terror, estreia em pleno Halloween, nos cinemas nacionais. No entanto, “Bom Menino” (Good Boy) não se resume apenas à fofura do doguinho (e adianto que ele é muito fofo mesmo).
Na trama, acompanhamos Indy, um cachorro leal que se muda com seu tutor para uma casa no meio da floresta, após o homem enfrentar um sério problema de saúde. O cão percebe imediatamente que há algo de errado com o local, e, com o tempo, essas manifestações sobrenaturais colocarão suas vidas em perigo.
Indy é, indiscutivelmente, a estrela do filme. Garanto que muitos atores gostariam de ter metade de seu carisma e presença de tela. Em poucos minutos de projeção, já estamos torcendo por ele. O trabalho de adestramento foi impecável, e é difícil imaginar o esforço que o realizador, que também é o tutor real do animal deve ter tido. Desde as cenas de afeto até as de terror, nota-se o cuidado e a boa realização em “Bom Menino“.

O diretor acerta ao usar enquadramentos e jogos de câmera quase sempre na perspectiva de Indy. Em alguns momentos, me lembrei do desenho dos Muppets Babies, em que nunca vemos o rosto da babá, embora aqui, em planos mais convencionais, sejam mostrados vislumbres ou o rosto inteiro dos personagens humanos.
O terror aqui é mais contido: uma sombra aqui e ali, vultos passageiros, mas sem o uso de trilha sonora alta ou aparições exageradas. O ritmo é lento, e a ambientação vai da casa inicialmente decrépita à mata semienevoada, com suas árvores sinistras.
Temos um longa envolto a uma atmosfera de desconforto e medo. Não espere sustos frequentes e jumpscares. Eles existem, mas em quantidade bem menor.

Apesar de em termos técnicos, a coisa funcionar, nem tudo são flores. Mesmo sendo um filme curto, com pouco mais de 70 minutos, é possível notar que a história seria mais bem contada em um curta ou média-metragem. Existem recursos narrativos que se repetem pelo menos três vezes em uma clara tentativa de esticar a duração.
A trama é a clássica da casa mal-assombrada, e a verdadeira inovação está em ser contada sob a perspectiva do cachorro. É algo eficiente que não teria o mesmo destaque se fosse narrada por humanos.
“Bom Menino” é uma agradável surpresa neste ano, dando novo fôlego a uma história que já vimos inúmeras vezes. Indy é um poço de carisma e fofura. Podem assistir sem medo, mas não espere um filme de gritos e sustos constantes.
Título original: Good Boy
Direção: Ben Leonberg
Roteiro: Ben Leonberg e Alex Cannon
Elenco: Indy, Shane Jensen, Arielle Friedman
* Filme visto em Cabine de Imprensa virtual promovida pela Espaço Z
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CRÍTICA: Medo Real (2025)

Nesta temporada de Halloween de 2025, a Netflix trouxe para seus assinantes a série documental “Medo Real” (True Haunting), que aborda dois casos sobrenaturais ocorridos na história recente dos EUA. A produção ainda tem a grife de James Wan para agregar mais valor, mas será que vale seu tempo ou está mais para um derivado sem graça de tantas outras obras sobrenaturais?

As histórias mostradas são:
– O Caso de Erie Hall: Nos anos 80, um jovem promissor consegue entrar numa renomada faculdade de NY. Entre estudos e farras, o jovem começa a ser assediado por uma força sobrenatural que cerca o local e que, com o tempo, se mostra uma ameaça a todos que o cercam.
– Essa Casa Me Matou: Mostra uma família que se muda para a casa dos sonhos e acaba descobrindo que é um lar de pesadelos.
Esses eventos são mostrados ao longo de cinco episódios – três para o primeiro caso e dois para o segundo, respectivamente. A série conta com a presença de vários envolvidos, e seus relatos são dramatizados.
Embora seja em caráter documental, é inegável a influência da série de filmes “Invocação do Mal” nos momentos de dramatização. Inclusive, o casal Warren faz uma rápida participação em um dos casos (claro, interpretado por outros atores). O tom e a trilha sonora remetem muito aos filmes famosos, mas com uma vibe mais contida. Não espere sustos a cada cinco minutos.

“Medo Real” tem alguns bons momentos exatamente por não optar por exageros, embora eles também existam, o que demonstra a indecisão dos realizadores sobre o tom que queriam dar ao material. A forma de conduzir as histórias lembra programas como “Linha Direta” e as matérias sobrenaturais vistas no “Domingo Legal” nos anos 90. Sim, existem programas assim no exterior, e inclusive alguns produtores daqui são desse tipo de programa, mas quis usar exemplos nacionais.

No geral, a série é bacana, servindo mais como uma diversão escapista do que algo sério e relevante. Não existem contrapontos para a história, e, para mim, essa é a pior falha – não dá para acreditar em tudo o que é mostrado como verdade absoluta.
Finalizando, “Medo Real” é uma série relativamente curta, com episódios de cerca de 30 minutos, que se mostra superior (mas nem tanto) ao que normalmente chega ao catálogo de originais da Netflix quando o assunto é terror.
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